Introdução
The Serpent Rogue é um de ação e aventura em que controlamos um guardião que tem o objetivo de exterminar uma corrupção. Na história do game, uma força misteriosa se devastou pelo mundo, destruindo vilas, matando pessoas e as levando para a pura miséria. Logo, cabe ao protagonista usar seu conhecimento em alquimia para cozinhar poções e curar este mundo devastado.
A proposta do game por si só parece interessante. Entretanto, após ler mais um pouco sobre a obra que eu estaria analisando, percebi algo que não me animou muito. A falta de desenvolvimento narrativo logo em sua sinopse e uma distribuição de informações muito vaga. Então, sabemos apenas o básico sobre o mundo que adentraremos e de certa forma, não é feita uma boa descrição para cativar a atenção do jogador.
Mesmo com está minha preocupação inicial, os aspectos da jogabilidade me chamaram bastante a atenção. Pois, um conceito de assumirmos o papel de alquimista que precisa curar um mundo usando poções, se mostra uma proposta única, pelo menos inicialmente. Assim sendo, será que o jogo consegue entregar algo único e realmente expandir o seu storytelling, mesmo com uma primeira impressão simplista? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
The Serpent Rogue foi desenvolvido pela Sengi Games e lançado no dia 26 de abril para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
Uma narrativa simples demais
Como foi dito na introdução, minha maior preocupação em relação a The Serpent Rogue era a simplicidade de sua narrativa. Infelizmente, este ponto deixa mesmo a desejar na obra. O game começa com o jogador tento que customizar de maneira simples o seu personagem e logo em seguida somos jogados em um grande ambiente aberto. Logo, ao avançarmos um pouco, encontramos um personagem misterioso que diz que o mundo está infestado com uma força maligna chamada corrupção. Assim sendo, ele nos diz que é nosso dever buscar uma forma de curar a humanidade usando nossos conhecimentos alquímicos.
Após isto, recebemos a missão de explorar o máximo de locais possíveis, criando poções, lutando contra alguns inimigos e claro, livrando a humanidade desta corrupção. The Serpent Rogue não expande o conceito narrativo além desta simples introdução inicial. Durante toda a campanha, tudo que sabemos é o nosso objetivo e que apenas o protagonista pode lidar com isto. Portanto, o game não faz um bom trabalho expandindo o lore e adicionando mais profundidade aos conceitos apresentados.
Durante a aventura, até encontraremos alguns NPCs. Entretanto, eles só estão ali para indicar o nosso objetivo ou servir como vendedores de recurso. O jogo ainda apresenta uma série de missões opcionais que acabam não tendo um propósito. Pois, acabamos repetindo os mesmos objetivos das missões principais e as recompensas, que incluem recursos e ingredientes para as poções, não são suficientes para justificar este esforço extra. Logo, fica evidente que The Serpent Rogue poderia ter tido uma história mais aprofundada, pois, isto tornaria a imersão naquele mundo interessante.
Um mundo vazio e com objetivos repetitivos
Ao lado da falta de narrativa interessante no game, temos um segundo problema central. O título apresenta ambientes que não são interessantes de se explorar. Isto ocorre porque os locais sempre possuem a mesma estética visual, um sujo com uma névoa em volta. Isto faz com sempre tenhamos o sentimento de repetição e que não estamos avançando para novos locais. A situação fica ainda mais critica, quando obtemos um barco para explorarmos e mesmo assim, a sensação é que estamos sempre nos mesmos ambientes, pois as casas, as florestas e até os campos abertos sempre são muito iguais uns aos outros.
Este fator se torna ainda mais agravante quando fica claro que a experiência em The Serpent Rogue é focada na exploração. Pois, para cozinharmos nossas poções e lutarmos contra a corrupção, é preciso sempre explorarmos novos locais em busca de ingredientes. Fica evidente que o foco dos desenvolvedores foi proporcionar uma jornada que lembrasse RPGs focados em exploração.
Entretanto, o jogo acaba falhando neste aspecto ao apresentar uma pouca variedade de recompensas e de incentivos para que os players explorem o mundo apresentado. Pois, independente da exploração ou não, os jogadores conseguirão os recursos para avançar, pois, a história irá fornecê-los em abundância nos segmentos específicos. Embora não me agrade este pouco incentivo do game em relação à exploração, em simultâneo, penso que a jornada teria sido muito pior se a obra tivesse me forçado a ir atrás de recursos, pois, como foi tido anteriormente, a ambientação não é muito variada ou atrativa.
O poder de alquimia
Em The Serpent Rogue podemos andar, correr, interagir com objetos, conversar com NPCs e cozinhar poções. O grande foco do jogo é explorarmos em busca de ingredientes e estudá-los na nossa cabana. Após isto, podemos criar poções que terão uma série de efeitos contra a corrupção, deste exterminá-la por completo, oferecer status positivos para o protagonista em combate e até mesmo oferecer a opção de domarmos algumas criaturas nos ambientes. Logo, explorar, estudar e fabricar poções será uma mecânica frequente no jogo. Também podemos usar estes ingredientes para cozinhar alimentos. Pois, de tempos em tempos o protagonista precisa se alimentar.
Em relação ao combate, este é outro aspecto que deixa a desejar em The Serpent Rogue. Podemos atacar usando uma adaga, tacar poções nos inimigos e até mesmo nos transformarmos em criaturas se tivermos a poção certa para isso. Embora pareça algo variado inicialmente, o game não demora muito para apresentar as suas limitações. Pois, os controles durante os confrontos não funcionam muito bem, o que faz com que as lutas se tornem frustrantes. Para exemplificar, no jogo podemos jogar poções nos inimigos para causar dano ou um status negativo. Entretanto, ao mirarmos e jogarmos o item, muitas vezes, mesmo que acertemos o vilão, não será contabilizado o ataque.
E este aspecto não está associado a porcentagem, é simplesmente o título não funcionando como deveria. Além disso, o combate corpo a corpo apresenta o mesmo problema. Os golpes não contabilizam, o que torna estes segmentos frustrantes e pouco interessantes.
Trilha sonora
The Serpent Rogue apresenta uma trilha calmas que possuem o objetivo de imergir o jogador neste misterioso mundo. Embora elas sejam legais inicialmente, o grande problema do jogo, a repetição, se torna um grave problema. Logo, não demora muito para que as músicas se tornem cansativas e até mesmo distrativas. Pois, em vários segmentos do jogo eu me distraia com a quantidade de vezes que a mesma trilha se repetia. No geral, destaco apenas as músicas da reta final, que apresentam o mínimo de variação.
Gráficos e desempenho
The Serpent Rogue apresenta gráficos minimalistas, mas que cumprem o papel da obra. Os personagens possuem um visual interessante, sempre com roupas rasgadas ou protegidos por uma máscara. Isto tem o objetivo de evidenciar os perigos daquele mundo devastado pela corrupção e também a miséria que as pessoas se encontram. Logo, neste aspecto o game faz um bom trabalho. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito em relação aos cenários, que como já foi dito anteriormente caem muito na repetição. Além disso, o jogo apresenta alguns delays de render em locais fechados. Está situação acaba sendo bem incomoda e em alguns momentos, o loading das texturas chega a demorar quase 10 segundos.
Em relação ao desempenho, minha experiência foi no PC, com uma GTX 1650. Não tive problemas além dos delays de render já citados. Logo, o game funcionou como deveria, sem travamentos e com loadigs bem rápidos.
Conclusão
The Serpent Rogue é um jogo que possuía potencial. Entretanto, ao apresentar uma história simples demais, pouca variação em muitos aspectos essenciais e ainda entregar uma jornada que não se mostrou cativante, temos aqui um game que apenas entrega parte do que foi proposto. Além disso, embora seja interessante estudar e fabricar poções, todo o trajeto que executamos para isto, seja a exploração ou as lutas contra inimigos, não são tão interessantes quanto poderiam. Portanto, o sentimento que tenho é que The Serpent Rogue entrega uma boa proposta, porém, uma execução que deixa a desejar.
*Chave cedida para análise no PC