Introdução
Winter Ember é um jogo isométrico com elementos stealth e sand box desenvolvido pelo estúdio Sky Machine Studios e publicado pela Blowfish Studios. O game foi lançado para PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series S|X e PC (via Steam e GOG) em 19 de abril. Uma versão para Nintendo Switch foi prometida porém ainda sem previsão de lançamento.
Para animar os fãs do gênero, Winter Ember chega com uma proposta de trazer um jogo de stealth com muitas inspirações em clássicos como Metal Gear Solid, Assassin’s Creed e Hitman. Seja por sua perspectiva, pelas suas mecânicas de gameplay ou pela sua longa cutscene inicial. Porém infelizmente o título não possui localização para o Brasil. Dessa forma ele não possui legendas nem algum tipo de tradução para PT-BR, o que pode dificultar entender a história para algumas pessoas.
História
Estamos no papel de Arthur Artorias, um aristocrático e único sobrevivente de um massacre que matou toda sua família. Ele chegou a ser considerado morto. Entretanto 8 anos após os acontecimentos iniciais do game ele reaparece buscando os assassinos de sua família com sede de vingança. Esse plot é entregue para nós logo na primeira cutscene, porém ela é até longa demais, entregando muito mais do que precisaríamos saber naquele momento.
O jogo possui 4 dificuldades. A fácil, que é recomendada apenas para quem quer curtir a história e sem grandes desafios. Temos a normal, que é a dificuldade a experiência média. Para quem quer mais desafio, existe o hard e para os corajosos ainda exista a dificuldade Faceless Man.
Gráficos e desempenho
Winter Ember surpreende com excelentes gráficos. Mesmo sendo um jogo indie com um orçamento mais baixo. A Sky Machine fez um ótimo trabalho com as escolhas que ela tomou nesse quesito. Sem contar a direção de arte, que é um ponto forte da experiência. Além disso o título conta com animações muito bem feitas e detalhadas. Até mesmo as mais simples, como a abertura de caixas e portas por exemplo. Todas elas tiveram uma atenção especial dos desenvolvedores. E isso é facilmente percebido durante a gameplay.
Outro ponto positivo é a iluminação. Em alguns momentos há a impressão de que o game conta com ray-tracing. Porém não é uma feacture que o título possui. Destaque também para as cutscenes. Elas são muito bonitas. Além disso, elas possuem um estilo totalmente diferente do adotado para o jogo. Elas possuem um estilo inspirado nos animes ocidentais, como Castlevania por exemplo. Entretanto, apesar de bonitas, existem vários erros de sincronização das cutscenes. Principalmente no começo da campanha. Assim temos vários momentos onde o personagem fala e posteriormente há o movimento labial. Acredito que isso seja fácil de se resolver. Desde que haja uma atualização para isso.
O mesmo vai para alguns bugs pontuais durante a campanha. A maioria é para momentos onde ficamos presos entre NPC’s e uma parede. Ou até mesmo caimos em espaços entre alguma caixa ou escadas com algum outro objeto. Quando isso acontece precisamos voltar no último jogo salvo. Contudo não é nada que nos tire da imersão que o game passa.

Trilha sonora
Winter Ember faz um ótimo trabalho na sua trilha sonora, cumprindo muito bem o seu papel. Durante a gameplay em alguns momentos ela até passa em desapercebido. Mas sempre passando um clima de aventura com aquele toque de mistério. E mesmo sem muito diversificada, esse tom combina perfeitamente com os momentos de combate e de stealth.
Entretanto são nas cutscenes onde a trilha sonora de Winter Ember brilha. Aqui ela possui um tom mais lírico. Sem contar no drama que ela passa para a história. Esse tom lírico também se destaca na gameplay em um momento chave da campanha. Durante algumas missões nós precisamos visitar uma catedral. Então aqui a musica que é tocada é completamente linda que vale o destaque como a mais linda de todo a experiência.
Stealth
O gameplay de Winter Ember se resume no seu stealth. Nesse quesito ele é bem completo e com várias possibilidades. Para nos esconder, podemos atirar em lâmpadas ou apagar lamparinas espalhadas no cenário. Assim dificultando nossa localização. Entretanto fazer isso dificulta a localização dos inimigos também. Além disso podemos chegar furtivamente atrás dos inimigos e eliminá-los. Dessa forma evitamos os combates. Tudo isso apenas apertando um botão de ação. Caso seguramos o mesmo botão, os desmaiamos temporariamente. Se preferir, podemos simplesmente roubá-los e sair da área quando possível.
Quando somos vistos, o combate é iniciado. Para nos livrarmos deles podemos correr. Contudo quase sempre é inútil, pois os inimigos correm atrás de Arthur também e eles são bem rápidos. Então somos facilmente vistos novamente. Podemos também utilizar gramas altas, caixas ou armários para nos esconder até o momento certo para utilizar o stealth. As vezes o game falha em incentivar a furtividade. Ele nos dá poucos lugares para nos escondermos em áreas propicias para confronto. Assim dando uma impressão de que o ideal para aquela região específica é o combate quando o correto é nos deixar livres para escolher nossa abordagem.

Combate
A melhor alternativa em Winter Ember é usar o stealth e evitar os combates. Eles não foram bem trabalhados como os sistemas de furtividade. Quando somos atacados não temos muitas alternativas a não ser nos defender e atacar no momento certo. No bom estilo Souls Like, porém apenas na teoria. Nós temos apenas um botão para ataque. Além disso podemos nos esquivar e rolar para longe. Contudo tudo é muito simples.
Durante os combates, Arthur pode bloquear até 3 golpes antes de ter sua guarda quebrada. Após isso sofremos dano recebendo qualquer ataque. O mesmo serve para os inimigos. Podemos quebrar a guarda deles com um golpe carregado segundando o botão de ataque. Caso tenhamos dificuldade de utilizar a mecânica de parry, essa é a alternativa mais fácil de se eliminar os adversários. O parry é preciso e funciona bem, entretanto quando o confronto envolve mais de 2 oponentes as coisas as coisas ficam mais difíceis. Pois contra atacar baixa nossa guarda também. Assim nos tornamos alvos fáceis contra os ataques.
Sobre os inimigos, existe uma pouca variedade entre eles. Basicamente existe o inimigo padrão, que aparece na maior parte da campanha. Ele segura uma espada de duas mãos. Existe também um que utiliza um machado duplo. Esses são mais rápidos e violentos. Além deles existem também os cães. Que são bem irritantes de enfrentar, principalmente se tiverem em bando. Os cachorros possuem uma mordida que não possuem nenhum tipo de defesa. Então se prepare para tomar dano os enfrentando. Além de todos os ditos anteriormente, Winter Ember conta com alguns monstros bem estranhos. Eles se parecem com zumbis e soltam uma espécie de gosma verde que tira dano e suja a nossa tela. Assim nos atrapalhando durante os combates

Exploração
Explorar é sempre muito bom em Winter Ember. Principalmente para descobrirmos novas áreas e itens importantes. Sempre seremos bem recompensados nesse quesito. Existem estátuas espalhadas espalhadas pelos mapas e que nem sempre ficam marcadas para nós. Elas servem como pontos de save game e para recuperarmos nossa barra de vida se interagimos com elas. Além disso, outra utilidade das estátuas é para ampliar as habilidades do nosso personagem.
Para nos ajudar na exploração, foi adicionado um mini mapa no canto inferior direito da tela. Entretanto esse é um dos pontos negativos do jogo. É muito difícil nos localizarmos apenas por esse mini mapa, ele mais atrapalha do que ajuda. Muito pelo estilo do mapa, que quando é pequeno no canto da tela, não da para entender muito o que está acontecendo. Mas para deixar as coisas menos problemáticas, no menu do jogo existe um mapa maior e mais completo. Nele podemos ver onde estão nossos objetivos e áreas de interesse, como pontos para salvar o jogo já descobertos, áreas de interação ou pontos de fast travel.
Além das estátuas, existem as carruagens, que estão espalhadas pelos mapas. Elas são usadas para viagens rápidas dentro das atuais regiões. Existem também algumas tampas de bueiro escondidas e espalhadas pelas áreas do game. Porém elas são mais difíceis de localizar na maioria do tempo. Exceto quando elas são essenciais durante as missões. Elas servem para trocarmos de áreas. Sobre as missões, as maioria delas são boas e criativas. Entretanto em algumas delas caímos naquele velho e cansativo leva e trás de item. O mesmo serve para as missões secundárias, que são bem criativas na maior parte do tempo.
Sistema de progressão
Winter Ember possui um sistema de progressão bem interessante, apesar de simples. O mesmo para o sistema de craft. Aqui nós conseguimos montar alguns tipos de flechas diferentes. Algumas são essenciais para a campanha, como por exemplo as flechas de choque, de fogo ou de água. Outras são opcionais e podem dar mais alternativas durante a gameplay e nos combates. Como por exemplo flechas com sonífero a de veneno. Elas podem ser guardadas no nosso inventário. Ele é bem pequeno no começo da campanha. Entretanto existem melhorias que ampliam a quantidade de itens que podemos carregar.
Além das flechas podemos carregar poções de cura e bandagens, para curar ferimentos e itens que podemos vender direto para um comprador. Vender esses itens negociáveis nos ajudam a comprar alguns que serão úteis, principalmente para craftar as flechas que utilizamos em momentos chave na campanha.
Em Winter Ember existe uma árvore de habilidades. Ela não é das maiores, porém existem habilidades que ajudam bastante. Ela é dividida em 3 categorias. Habilidades de combate, stealth e utilidade. São 8 habilidades para cada uma das 3 categorias. Portanto, são 24 no total. E precisamos pensar bem como escolher essas habilidades antes de melhorá-las. Afinal é bem difícil de obter esses pontos de habilidade.

Recuperação de vida e Sistema Lockpick
Aqui temos dois sistemas bem distintos em Winter Ember. Um deles bem confuso e o outro deles muito interessante e bem feito. A primeira delas o sistema de cura. Que consegue ser simples e confuso ao mesmo tempo. Existem as poções de cura. Elas curam exatos 40 pontos de vida de Arthur. Entretanto não existe nenhum indicativo de quanto de vida nós temos e o quanto precisamos para completar nossa vida usando poções. No canto superior esquerdo existe uma caveira com sangue. Ela é o indicativo visual para nossos pontos de vida. Quando tomamos algum tipo de dano o sangue diminui. Esse é único indicativo que temos, então é um pouco difícil nos programarmos sobre o quanto de vida tempos ou quantas poções de cura podemos utilizar.
Agora um dos sistemas mais criativos de todo o jogo é a utilização de lockpick. Ela é utilizada em alguns baús, caixas ou portas. Tanto em momentos chave quanto em locais secundários. Para isso existem 3 etapas quando as utilizamos. A principio é bem simples, nós precisamos apertar e segurar o botão de ação no momento certo. Quando essa barra começa a tremer é o momento correto de soltar o botão. Então se acertamos o momento correto, pulamos para a próxima etapa. Caso seguramos demais, nós quebramos a lockpick. Assim precisamos começar tudo de novo. Além disso cada baú ou porta existe um nivel diferente de dificuldade. São 3 níveis e a diferença entre eles é o gap que temos para soltar o botão de ação no momento correto. Certamente esse é um dos sistemas mais divertidos de toda a campanha de Winter Ember.
É bom, mas poderia ser melhor
Podemos dizer que Winter Ember cumpre bem seu papel sendo um jogo stealth. Entretanto fica claro que ele poderia ser um pouco melhor no seu combate. Os jogadores que não se dão muito bem com a furtividade certamente terão dificuldades. A história convence, é bem misteriosa e intrigante mas falha em algumas missões. Principalmente nas que precisamos fazer aquele leva e trás de itens.
É visível o bom trabalho e o carinho do estúdio Sky Machine. Seja na direção de arte, seja nas mecânicas ou nos detalhes das animações. Também é super compreensível que o game poderia ter sido melhor caso tivesse mais dinheiro. Não podemos esquecer que estamos falando de um indie. Dito isso, ansioso para o próximo projeto do estúdio.