A sequência natural
Outlast foi um sucesso absurdo em 2014, trazendo uma experiência aterrorizante, chocante e com uma atmosfera extremamente envolvente. Assim colocando Red Barrels como um estúdio bastante talentoso. E, obviamente, era de se esperar que uma sequência viesse! Mas, será que Outlast 2 conseguiu superar o primeiro? Chegou a hora de descobrir.
Lançado em 24/04/17, desenvolvido e publicado pela Red Barrels Studios para PS4, Xbox One e Pc, além de ter recebido, posteriormente, uma versão para Nintendo Switch. Trata-se de um jogo de terror em primeira pessoa, com bastante violência, fugas desesperadas e cultos sinistros.
O acidente aéreo
O jogo começa com Lynn Langermann, uma repórter que está tentando descobrir sobre o assassinato de uma garota no Arizona. Junto a ela, está o seu marido e câmera, Blake Langermann (nosso protagonista).
Ambos estão em um helicóptero a caminho da localização, quando de repente são derrubados e acabam sofrendo um grave acidente. Blake acorda sem entender muito bem o que ocorreu. Pega sua câmera e parte em busca de sua esposa. E é aí que o terror começa.

Aprimorando a receita
Outlast 2 segue a mesma fórmula do seu antecessor, porém, com algumas adições na gameplay e na ambientação. Então, como de costume, vamos à gameplay primeiro. Vou comentar só o que mudou, já que expliquei os controles na análise do primeiro.
Agora, nós podemos pular, deitar no chão, abrir janelas (bastante útil) e arrastar mais objetos. Além disso, temos lugares novos para esconder, como debaixo d’água, dentro de barris e na grama alta (o milharal é clássico). Porém, os lugares de sempre retornam, então ainda temos os armários e camas do primeiro jogo.
Assim, as adições não mudam a ideia da gameplay de Outlast 2, sendo a mesma do primeiro: correr e se esconder, enquanto progride até o nosso objetivo. A diferença, é que temos agora mais recursos, como deitar no chão, por exemplo.

Busque pela cura
Em seguida, vamos ao que podemos encontrar em Outlast 2. Como esperado, as baterias voltaram, porém, eu fiquei com a sensação que a câmera aguenta menos tempo com a visão noturna do que no primeiro jogo. E, em contrapartida, temos mais baterias espalhadas pelo mapa. Ou seja, acaba dando no mesmo.
Além disso, os documentos também retornam, contando a história desse povo que nos persegue. Porém, temos um elemento extra. Agora, podemos gravar eventos importantes, como alguém crucificado, ou uma paisagem ao longe, entre outros vários (são mais de trinta). E nós podemos rever tanto os documentos, quanto os eventos.
Outro detalhe são os curativos. Nós possuímos um limite que podemos carregar, mas eles são extremamente úteis. Fui salvo algumas boas vezes por isso. Mas lembre-se: você fica extremamente vulnerável enquanto se cura! Fique atento.

A chegada do anticristo
Ao passo que falamos dos documentos, vou aproveitar e comentar sobre o enredo de Outlast 2. E eu vou falar para vocês, essa parte me surpreendeu bastante.
Quero registrar que eu gostei da história do primeiro. Mas, dessa vez, eles escalonaram de uma forma impressionante. Como eu adiantei, Blake parte atrás da Lynn, e rapidamente nós descobrimos tudo que está acontecendo nessa vila bizarra.
O pastor Knoth é um religioso fanático, que acredita piamente na chegada do anticristo! E ele afirma que a Lynn carrega esse bebê, filho do Blake. Então, todos os seus seguidores estão atrás do casal. Entretanto, durante a fuga, nós conhecemos outro culto, os Hereges, que cultuam um deus pagão e rejeitam o Deus que conhecemos.
Os Hereges acreditam que o anticristo deve nascer para derrotar o deus, cultuado por Knoth e seus seguidores. Então, eles sequestram a Lynn, e Blake deve escapar, tanto dos fiéis quanto dos hereges, além de se ver no meio de uma guerra santa entre os dois cultos! Vale ressaltar também, que isso de anticristo tem relação com o apocalipse bíblico, ou seja, eles escalonaram para um evento relacionado ao fim do mundo!

Na mente de Blake
Além disso, Blake ainda possui um trauma do passado, relacionado à morte de uma amiga de escola, a Jéssica. E, por conta disso, em diversos momentos durante a campanha, somos tirados da realidade e transportados para a antiga escola dele.
Chegando lá, nós encontramos cenários mais claros (mas não menos intimidadores) e, aos poucos, vamos revivendo os eventos que levaram a morte da Jess, e também, entendendo o que Blake tem a ver com essa situação. E, para completar, ainda temos entidade perseguidora bizarra nesses flashbacks.
Então, sendo sincero, esses momentos na escola começaram muito legais. Porém, eu acho que são muitos. E isso me incomodou algumas vezes, onde eu me via num momento totalmente tenso, graças a uma perseguição no mundo real, e aí, do nada, entrava em um flashback.
Eu fiquei realmente interessado nesse arco do passado do Blake. Mas, admito que, em umas três memórias, eu arrumei uma correria só para acabar logo e voltar à realidade. Todavia, não se enganem, é bem interessante, mas acho que poderia ter menos. Até porque, alguns não adicionavam em nada ao mistério. Ou seja, eu gostei de ambos os arcos e fiquei envolvido com a trama de Outlast 2 até o final. Mas, como de costume, leiam os documentos por favor!

Tensão no coração
Logo depois do enredo, vamos à parte que mais gosto em Outlast: o lado técnico.
Outlast 2, obviamente, apresenta uma evolução gráfica natural ao antecessor. Eu já acho o primeiro bonito, então aqui minha opinião apenas permanece. Isso vale também para a trilha sonora, que segue tímida propositalmente, tal qual o primeiro, e quando toca, corresponde.
Já sobre o trabalho de som, eu acho o primeiro primoroso, e aqui, idem. Em Outlast 2 segue sendo altamente recomendado o uso de fones. Podemos ouvir os batimentos acelerados do Blake em momentos de tensão, a respiração profunda, e até o som da água é extremamente bem feito. Sempre me impressiona.

Mais espaço para correr
Agora, sobre a ambientação, Outlast 2 traz um mapa mais aberto que o anterior (ainda segue sendo um jogo linear), com uma pequena variedade de opções. Lembrando que, como o primeiro se passava em um Asylum, nós tínhamos vários corredores interligados. Neste caso, temos pequenas florestas, o já mencionado milharal, e vilas. Ou seja, tudo tem um escopo maior, mas ainda segue no esquema de antes.
Eu ainda prefiro a anterior, por ser mais intimista e assim, proporcionar a criação de cenários mais perturbadores. Entretanto, a daqui segue detalhada e ainda ajuda a construir a atmosfera de tensão. O mesmo vale para o design dos inimigos, que se mantêm grotescos!
E, assim como o primeiro, o level design segue muito bem feito. Por ser um mapa maior, ele não possui os caminhos interligados como antes. Porém, ainda conta um design ajeitado e bem agradável, com esconderijos de várias formas.

Conclusão
Em síntese, Outlast 2 expandiu os conceitos do primeiro. Tem uma história mais complexa, mais documentos, controles novos, maior variedade de inimigos e um mapa maior. Porém, traz uma atmosfera menos opressora do que o anterior, mas que, ainda assim, consegue te deixar aflito em diversos momentos, seja pelas perseguições ou pela ambientação. É, sem dúvida, mais um jogo de terror excelente que a Red Barrels entrega.
Para mim, é impossível você gostar do primeiro e não gostar do segundo!