Introdução
Metroidvania é um gênero consagrado e bem querido no mundo dos games. Ele possui esse nome por representar suas duas maiores franquias que exerceram uma grande influência em títulos de outras produtoras. Como o nome já indica as franquias são: Metroid e Castlevania.
E justamente por ser um gênero que leva o nome dessas duas franquias, as comparações vão existir. Ainda, haverá uma maior exigência de qualidade num jogo. Pois o parâmetro é muito alto. Porém, Souldiers aceita o desafio e propõe um jogo à altura. Misturando e homenageando elementos de diversos jogos, com um visual muito bonito. Este jogo promete render muitas horas de jogatina.
Dear Villagers traz toda a emoção da exploração para diversas plataformas esse jogo desenvolvido pela RetroForge. Incluindo Steam, Epic, GOG, Nintendo Switch, PS4, PS5, Xbox One e Series. Data de lançamento: 02/06/2022.
Soldados e Valquírias
O Conselho Real de Zarga, uma das três nações que dominaram Ascil, está elaborando sua estratégia militar. O Conselho de Guerra, presidido pelo Rei de Zarga, anuncia o desdobramento da força do General Brigard. Arkzel, o mago e principal conselheiro do rei, que o guiou à vitória em várias ocasiões, aconselha uma mudança de plano, levando as tropas à beira de uma caverna. Eles são pegos no escuro após um forte terremoto. Uma silhueta brilhante aparece diante de seus olhos, convidando-os a se juntar a ela. É uma Valquíria, uma entidade que vem encontrar os falecidos para que suas existências continuem após a morte. Depois de selecionar uma classe, o jogador desperta em Terragaya, um reino preso entre os vivos e os mortos.

As almas dos Souldiers
Em Souldiers, o jogador usa todos os botões possíveis. Porém, antes de falar dos controles, é necessário falar das três classes disponíveis. Ao iniciar o jogo, o jogador tem a opção de escolher entre Conjurador (Mago), Patrulheiro (Cavaleiro) e Arqueiro.
O Conjurador possui menor vida e mais pontos de magia. Possui ataques de média e curta distância. Entretanto, seus ataques são fracos. Porém, isso pode ter sua compensação com os poderes que pode usar. Apesar da agilidade, tem uma resistência baixa o que pode complicar em ambientes mais fechados.
Já o Patrulheiro, é o mais forte, com menos pontos de magia. Tem uma ótima defesa e maior resistência a ataques em relação aos outros personagens. Como de praxe, por se basear em ataques próximos, seus ataques são mais fortes e eficientes.
Enquanto o Arqueiro é adequado para quem gosta de jogar de longe e não ter muito contato com os inimigos. Além de usar suas flechas, pode também atingir os inimigos com o seu arco. O que é de grande ajuda. Pois, há um limite de flechas consecutivas que se pode atirar. No momento em que elas acabam, o jogador deve esperar carregar as flechas para poder atirar novamente. Mas dá para usar o arco como arma enquanto carrega as flechas. Arqueiro pode atirar flecha para qualquer direção, basta mirar com o direcional. Acredito que seja o mais difícil de controlar.

O Manuseio das armas
Souldiers abusa dos controles no bom sentido. Se tem um botão no controle, ele terá sua utilidade. De início pode assustar. Contudo, faz todo o sentido essa configuração ao por as mãos no jogo. Por um momento, utilizar o analógico esquerdo ao invés do d-pad para controlar um jogo side-scrolling parece estranho. Mas os atalhos naquele direcional no calor da batalha vem bem a calhar. E se ainda assim, o jogador não se acostumar, ele pode alterar nas opções.
Então, no jogo temos dois botões para ataque (médio e forte). O que varia o estilo dependendo da classe. Um botão para bloqueio de ataques inimigos. Mais um para uso de armas equipadas, outro para magia. Além dos tradicionais botões de pulo e saltar. Nos direcionais acessórios, é possível selecionar e utilizar itens e Orbes de acordo com a necessidade.
Mesmo que pareça muita coisa, o esquema é totalmente fácil de pegar e manusear. A disposição original dos botões foi bem colocada para que o jogador não se perca pensando em que botão usar.
Desbravando o território das Valquírias
Como dito anteriormente, Souldiers pertence ao estilo metroidvania. Então, exploração, puzzles e combates rápidos são elementos do jogo. Entretanto, sua receita vai além do básico. Podemos dizer que os quebra-cabeças incrementam o fator diversão. Pois são bem legais de resolver com as habilidades conquistas durante o jogo.
Ao se tratando de habilidades. Como todo jogo do tipo, há aquelas em que são necessárias para passar de determinados trechos. Junto a elas, há também árvore de habilidade que o jogador vai evoluindo à medida que aumenta seu nível de experiência. Assim, ganhando novos ataques e atributos para ajudar na aventura. Não se pode esquecer que há missões secundárias dentro do game. Enquanto o jogador tenta achar seu caminho, haverá pedidos de alguns NPC’s para realizarem alguns trabalhos.
Os inimigos têm seus padrões. Talvez, o jogador não pegue de começo. Mas, ao enfrentar mais vezes cada tipo, pode aprender formas mais eficazes de derrotar cada monstro. Chefes não fogem essa regra. Aqui segue muito o padrão morrendo e aprendendo. Contudo, é possível acrescentar um fator positivo aqui. Pois o jogador se sente mais motivado a tentar do que ter a frustração de não conseguir passar. Muitos jogos exploram muito a dificuldade, mas não se importam em manter o jogador interessado em continuar enfrentando a dificuldade. Souldiers trabalha bem isso.
Por ter uma pegada souls-like, na aventura o jogador fica no dilema de evitar combate para não correr risco de levar dano severo. Porém, também não ganha experiência. E claro, as consequências serão vistas mais à frente.

A imagem dos céus
Souldiers possui um visual muito bonito e detalhado. Apesar de dar a entender que será mais um “jogo simples”. Mesmo que o visual dos personagens seja no modelo SD (Super Deformed), isso não tira o brilho da obra. Logo no início do jogo, na cena de abertura, há a promessa de gráficos bonitos. E a promessa tem seu cumprimento durante o jogo.
Há uma riqueza grande de detalhes tanto nos cenários quanto na movimentação. Os efeitos de luz, a quantidade de inimigos tudo em seu lugar. Por exemplo, há um efeito de luz quando se acerta um ataque crítico. Dessa forma, não tem como não perceber. O que ocorre em alguns jogos que apenas colocam o nome “critical” em cima de cada ataque. Assim, a experiência do jogo fica mais agradável. Lógico que os soldados usam capacetes para não terem expressão facial. Mas esse detalhe apenas contribui para não diminuir a qualidade do entretenimento.

O canto das Valquírias
A trilha sonora de Souldiers atende ao nível do jogo. As músicas combinam com a atmosfera do título. Além de tentar parecer com as músicas de jogos antigos. Porém, nada fora do comum. Mas, apenas as músicas certas para os momentos certos.
O inferno também está ali
Infelizmente, Souldiers possui suas falhas. Uma delas é não poder mudar a resolução no PC. O jogador é obrigado a jogar de tela cheia. Mesmo que o jogo tenha um visual muito bonito, nem todo mundo gosta de ter a obrigatoriedade de jogar fullscreen.
Outro fator ruim se relaciona ao layout dos botões. Apesar de terem a boa ideia de mostrar de acordo com o tipo joystick preferido do jogador, parece que só funciona o de Xbox. Melhor dizendo, a configuração dos botões funciona corretamente apenas se escolher a que é para o Xbox. Ao jogar, foi alterado o layout para o de Playstation 4. Mesmo que na imagem estivesse informando que o botão X servia para pular. Na verdade, o botão de pulo era o O. Pode parecer pequeno, mas, isso também interfere em qual botão confirma ou cancela opções no menu. Assim, o jogador pode sair da tela de pausa enquanto que na verdade ele apenas queria usar um item e isso resultar em sua morte no jogo.
Somado a isso, há o fator dificuldade desproporcional para o tipo de jogo. Por mais que há quem goste de souls-like, não se encaixa bem aqui. Porque deixa exploração estressante. Diferentemente de outros jogos com pegada mais arcade.
Lute com a força de sua alma
Souldiers consegue atender à demanda dos fãs do estilo Metroidvania. Combate intenso e frenético com elementos de RPG. Além de ter vários puzzles para resolver. Tudo isso com um visual muito bem trabalhado. Sem esquecer da acessibilidade com os três níveis de dificuldade disponíveis para agradar desde o novato no gênero até os mais experientes. Recomendado para quem gosta de desafio e visual bem trabalhado.
*Análise realizada com chave cedida para PC