A beleza gótica
Existem algumas obram que ganham a gente simplesmente pela temática. Todo mundo possui uma lista de aspectos que atrai automaticamente. No meu caso, é a estética gótica ambientada nos anos 1800, na Inglaterra. Por exemplo, Bloodborne, ou os filmes do Sherlock Holmes. Então, Source of Madness chamou minha atenção logo de início, sem eu ao menos saber do que ele se tratava! Mas, será que ele vai além do visual?
Lançado em 11/05/22, sendo desenvolvido pela Carry Castle e publicado pela Thunderful Publishing para PS4/5, Xbox One, Series S|X, Nintendo Switch e Pc. Tratando-se de um rouguelike, com temática gótica, câmera side-scrolling e uma inspiração clara em H.P.Lovecraft!
Soltos na loucura
O jogo começa sem muita explicação. Nós sabemos que somos um acólito, que deve explorar as Terras Argilosas. Essas terras são cheias de monstros grotescos e perigosos, e entregam uma jornada que somente nós podemos cumprir.
Nos vemos em uma espécie de templo, com alguns poucos NPCs (que a proposito não dizem quase nada), e o portão para as terras. Então, devemos tentar progredir o máximo, enquanto encontramos mais personagens, com pequenas linhas de diálogos. Além disso, existem pontos onde podemos ter uma espécie de visão das terras, para entender mais sobre o local.
E, com esse clima ‘’trevoso’’, misterioso e perigoso, Source of Madness vai te levar em uma aventura árdua do início ao fim.

Os anéis mágicos
Primeiramente, vamos ao combate. Source of Madness possui uma variedade de controles. Nós atacamos com magias, de vários tipos, usando os gatilhos (como joguei no Switch, usei ZR/ZL). E, logo de início, vai o primeiro destaque: as magias.
Source of Madness baseia seus ataques em anéis, e cada anel possui uma magia distinta, podendo equipar duas ao mesmo tempo. Existe, inclusive, uma magia onde arremessamos pedras (não é boa, mas achei legal). Além disso, vale ressaltar que temos o sistema de drop aleatório dos itens, ou seja, podemos encontrar o mesmo anel, mas com propriedades diferentes (mais dano, ou acrescenta um pouco de hp, etc).
Mas, eu me adiantei. Ainda podemos pular e dar pulo duplo, esquivar, recuperar HP, e usar alguns ataques extras, que precisam de cooldown para usarmos de novo. Os controles são simples. Porém, existem alguns detalhes que me incomodam. Primeiro, o fato da cura ser no mesmo botão da magia. Para curar precisamos segurar o Y no Switch (quadrado no Playstation), porém, adquirimos um feitiço que também usa esse botão, e isso pode atrapalhar.

A ausência do vício
Entretanto, o que mais me incomodou foi o combate em si. Como eu disse, Source of Madness é um roguelike. E esse estilo de jogo, consiste (de forma bem resumida) em progredir por áreas geradas aleatoriamente, onde devemos combater os inimigos para chegar até o final. E, caso sejamos derrotados, voltamos lá no início e andamos por outro mapa, com configuração diferente da anterior. Ou seja, pode ser bastante frustrante e testar a sua paciência.
Portanto, é extremamente necessário que um roguelike tenha um combate viciante (como Hades) para que, por mais que você morra, as lutas sejam gratificantes ao ponto de você ficar motivado a tentar de novo, sem parar. E, nesse ponto, Source of Madness peca bastante. O combate com os anéis é legal no conceito, mas a execução deixa a desejar. Os ataques não passam a sensação de dano, tanto os nossos, quanto dos inimigos. Além disso, o fato de atacarmos, majoritariamente com os gatilhos, deixa tudo um pouco maçante.
Vale ressaltar também, que a movimentação é boa. Tanto a esquiva, quanto o pulo, deixam as coisas dinâmicas na hora de escapar. Todavia, quando partimos para ofensiva as coisas ficam ruins e travadas. O combate, simplesmente, não te prende o bastante para motivar a repetição constante. E, como o jogo é difícil, fica impossível sair correndo para passar de fase rápido. Requer uma paciência fortíssima do jogador, e disposição para se frustrar, sem a gratificação de um combate gostoso.

A loucura dos monstros!
Agora, vamos falar sobre os mapas. Como eu disse, Source of Madness possui mapas que são gerados de forma aleatória. Mas, nesse caso, os inimigos (e suas formas) também são. A cada aventura, vamos encontrar criaturas diferentes, com formas abstratas e grotescas e isso é sensacional. Como eu disse, inspiração clara nas obras do H.P.Lovecraft. Entretanto, isso acarreta em um pequeno problema. Elas são, em sua maioria, um conjunto de tentáculos com golpes aleatórios. E isso influência para deixar o combate menos satisfatório.
Além de monstros, nós também encontramos algumas áreas secretas com alguns segredos nas Terras Argilosas. Toda vez que vencemos uma batalha, ganhamos sangue. Com ele, nós podemos fazer várias coisas. Entre elas pagar para entrarmos em uma área secreta onde existem três baús com um equipamento aleatório. Além disso, existem pequenas áreas com inimigos (incluindo mini-chefe) que guardam um baú com item. E até, uma espécie de monstro que funciona como uma roleta onde temos cinco opções de prêmios, sendo que dois deles são punições!
Também é possível encontrar vendedores que vendem itens por ouro, além de comprarem nossos itens. A exploração de Source of Madness é interessante, graças à aleatoriedade dos mapas.

Morra e evolua
Em seguida, tem um detalhe extremamente importante. Como eu disse, no roguelike sempre que morremos voltamos ao início. No caso de Source of Madness, nós controlamos um acólito diferente, com um anel diferente. Então, nós acordamos em uma sala onde existe a árvore de habilidades. Nela, nós usamos o sangue para comprar itens, fortalecer o item de cura, trocar de acólito, entre outras coisas. É uma árvore bem grande na verdade.
Vale ressaltar, que toda vez em que você retornar, o sangue que coletou vai acumulando. Ou seja, a tendência é a campanha se tornar cada vez mais tranquila, já que ficamos mais fortes com o passar do tempo. Mas, o progresso é lento e demanda bastante paciência.
Outro detalhe, os itens que recebemos são perdidos quando morremos, ou seja, não se apegue tanto a um estilo de combate, pois pode ser difícil replicá-lo em outra ocasião.

Juntando os pedaços
Logo depois, vamos para a história. E aqui, eu já adianto: é um elemento extra.
Source of Madness não faz questão alguma de nos contar o que ocorre e sobre o que é aquele mundo. Ela é dividida de uma forma que eu nunca vi. Se você acha que a série Souls deixa tudo no ar, eu te garanto que Source of Madness supera.
A história e contada de forma absurdamente fragmentada, com diálogos sem nenhum sentido e visões simplesmente aleatórias. Sendo bem sincero, eu não consegui juntar os pedaços de forma satisfatória a ponto de formar um enredo que eu pudesse realmente avaliar. E isso me frustrou bastante.
Acabou virando uma experiência onde o enredo não me prendia, e o combate muito menos. Diferente do que eu disse na minha análise do Watcher Chronicles, onde a história era vaga e pouco interessante, mas o combate viciava do inicio ao fim! Aqui, você acaba se perguntando: ‘’por que estou jogando isso’’.

A beleza nas trevas
Por fim, vamos ao lado técnico de Source of Madness. E agora eu tenho alguns elogios a fazer. Primeiramente, a ambientação. Eu já adiantei no início que ela me ganhou antes de tudo. Mas, a gente sabe que trailer engana. Porém, felizmente, fui correspondido. Todos os mapas são bem feitos e caprichados, desde o primeiro, até o último.
O level design, é bem ajeitado, mesmo com a aleatoriedade dos mapas. Eles trazem os caminhos secretos e é bastante gratificante encontrar cada um deles! Juntando isso aos gráficos bonitos, deixa tudo ainda mais agradável.
Já a trilha sonora, me agradou também, mesmo não sendo tão memorável quanto em outras obras. Mas, sabe aquela trilha que cumpre seu papel perfeitamente? Aqui temos uma desse nível.

Conclusão
Em síntese, Source of Madness é um roguelike que peca em um dos aspectos essenciais do gênero: o combate. Ele traz inimigos interessantes, uma ambientação gótica gratificante, e uma trilha legal. Mas, a história extremamente vaga, e o combate travado, deixa a experiência maçante e frustrante. É um jogo para quem é viciado em desafio a todo custo, ou para quem é muito fã de Lovecraft.