Direto ao ponto
Watcher Chronicles é um daqueles jogos que me ganham pela praticidade. Inclusive, essa é uma característica particular do gênero Souls-like. Já coloca o jogador de frente para o perigo sem muita explicação, ou enrolação.
Lançado em 19/01/22, sendo desenvolvido e publicado pela Third Sphere Game para Nintendo Switch, Pc e Mobile (Android e iOS). Tratando-se de um RPG de ação, no gênero Souls-like, com câmera 2D sidescrolling.
Morrendo como sempre
Watcher Chronicles começa daquele jeito. Acordamos em um altar, sem saber de nada, e simplesmente temos que andar, e bater em tudo que se mexe. Ao passo em que caminhamos, vamos aprendendo como jogar. Porém, após pouco tempo, já nos deparamos com o primeiro chefão, e somos apresentados ao que é o gênero Souls-like (basicamente morrer sempre e se sentir um lixo).
Entretanto, a perseverança sempre será recompensada. Após algumas mortes, nós conseguimos progredir e chegar a nossa base, chamada de Santuário. Aqui, nós encontramos o guardião do santuário (que também vai fortalecer nossos status). Ele nos explica que estávamos na Cripta, onde a jornada da vida termina. Mas, agora, estamos no purgatório e se quisermos escapar devemos seguir as instruções dele. E é aí que o jogo começa de vez!
Combate simples e gostoso
Primeiramente, vamos aos controles. São bem simples. Podemos bater, pular, defender, rolar e esquivar, nos curarmos e atacarmos com flechas. Tudo responde bem, mas, por algum motivo, eu sempre me confundo com o botão de pular e o de esquivar (B e A, respectivamente). É algo bem particular meu. Mas, não se enganem. O combate é extremamente divertido e viciante. É gostoso esquivar no tempo certo, dar parry, e até atacar inimigos no ar! Sabe aquele jogo que você não cansa? Pois é!
Porém, temos um detalhe curioso. Em Watcher Chronicles, nós temos a barra de estâmina, a de foco e obviamente a de vida. Nós usamos o foco para atirar flechas (também consome estâmina, cuidado), e podemos ir atirando até ela acabar. Todavia, isso não ocorre com os ataques físicos. Neles, nós temos um combo limitado de três hits seguidos, ou seja, não podemos ficar batendo igual um lunático até a estâmina acabar. Achei bem curioso esse detalhe.
Do arqueiro ao mago
Agora, vamos aos equipamentos. Como um bom RPG, nós temos formas diferentes de jogarmos dependendo do equipamento. Possuímos espada grande, espada dupla, espada com escudo, tipos diferentes de armaduras, anéis com efeitos secundários (o que aumenta o drop de xp é o meu favorito), e até, trocar as flechas por magia, caso seja do seu agrado. Portanto, é bem tranquilo de criar sua própria build e ainda muda-la quando achar necessário, já que nós só temos quatro status para fortalecer.
São eles: força, vitalidade, destreza e foco. E, acontece de um status servir para elementos diferentes, por exemplo, o foco que aumenta a barra que é utilizada tanto para ataques com magia, quanto para as flechas. Ou seja, começou com as flechas e ficou afim de soltar bola de fogo? Vai na fé. Outro detalhe, é que encontramos tudo no Santuário. Podemos comprar e fortalecer equipamentos aqui, além de adquirir itens. Tudo bem prático, caso você tenha Penumbra, óbvio. É com ela que você se fortalece e compra itens, como todo Souls-like.
Um exército de chefões
Mas, é claro que todo esse equipamento não serviria de nada se não tivesse em quem usar não é? Pois bem. Watcher Chronicles conta com uma variedade limitada de inimigos. Temos caveiras, magos, alguns cavaleiros (pequenos e gigantes), lobisomens, e algumas criaturas magicas. Entretanto, esse jogo traz uma quantidade considerável de chefões.
Vou falar a verdade, eu não faço ideia de quantos chefões derrotei, juro. Foram vários, e mesmo que alguns não sejam tão legais, o fato da gameplay ser muito gostosa, torna todas as batalhas divertidas. E, graças a dificuldade, também ficam emocionantes! Chegou num ponto onde eu ficava correndo pelo mapa, só para achar outro chefão porque sabia que ia me divertir! Ou seja, mesmo que os inimigos sejam um pouco repetitivos, o combate viciante e os chefões divertidos, te fazem sempre seguir em frente.
Escorregando no enredo
Em seguida, vamos a história de Watcher Chronicles. Então, essa parte é onde entramos em uma zona quase obscura. A história é, contada de forma bem superficial durante a campanha, e mesmo os diálogos dos NPCs não é muito conclusivo.
Basicamente, nós temos que derrotar os Nefilins ou vigilantes, como também são chamados (são quatro), e com isso, restaurar um portão misterioso e é isso. Sem explicar muito bem o motivo de tudo. Então, vamos andando pelos cenários, focados realmente na gameplay e ajudando alguns personagens pelo caminho. Entretanto, nenhum desses personagens é interessante ou memorável. Inclusive, não me lembro do nome de nenhuma deles, somente do guardião do santuário devido a sua função.
Assim, sendo sincero, a história não me prendeu em nenhum momento. Mesmo a de Demon’s Souls e seus sucessores, que também são um pouco vagas, acabam te pegando pela premissa da construção de universo que eles apresentam logo no início. Em Watcher Chronicles não teve isso, então eu não me apeguei a nada do enredo, e não achei que ele se esforçou para isso.
A trilha que envolve
Finalmente, vamos ao lado técnico. Watcher Chronicles tem uma trilha sonora muito cativante, principalmente nas batalhas contra os chefões. É impressionante como você fica envolvido e pilhado durante os embates! Realmente eu achei todas muito boas!
Agora, os gráficos, não são muito impressionantes, mas cumprem o seu papel. Conseguem ser bem feitos, dentro do possível e em nenhum momento incomodam. E isso vale para a ambientação também. Porém, temos alguns cenários bem parecidos, e isso acaba confundindo durante a exploração, graças á reciclagem de localidades. Mas, de novo, ainda assim, são bem feitos. Só faltou um pouco de variedade.
Em seguida, vamos a mais um elogio: o level design. Sim, visualmente os mapas são simples e repetem, mas a construção deles é muito bem feita. Existem caminhos escondidos, atalhos, e até momentos que vamos de um para o outro simplesmente do nada! Eu fiquei impressionado várias vezes, pois é simples, mas muito bem feita e você consegue perceber o carinho colocado ali na construção. Ainda podemos acessar um mapa a qualquer momento, caso estejamos perdidos.
Chame um amigo!
Por fim, só um pequeno detalhe: Watcher Chronicles possui um modo co-op! Eu achei bastante interessante, porém, não consegui testar. Mas, você basicamente cria um personagem no mesmo nível do seu principal, e seu amigo pode escolher a classe e o sexo. Então, os dois partem pelos mapas se ajudando. O interessante é que o co-op é local! Ou seja, perfeito. Então, se você tiver alguém para jogar, teste esse modo! Sem dúvida é bem divertido.
Ah! Gostaria de deixar um detalhe curioso e útil. Quando os números do seu contador de penumbra estiverem verdes, quer dizer que é possível upar o seu personagem! Então, esteja sempre alerta quanto a isso, para não morrer e perder a xp.
Conclusão
Em síntese, Watcher Chronicles é um Souls-like que prioriza totalmente a gameplay. Traz um combate simples, porém divertido e viciante, com variação de classes e até um modo co-op local. Peca na falta de variedade, tanto dos inimigos quanto dos cenários. Porém, tem um level design muito agradável e uma trilha sonora que cativa, principalmente nas batalhas com chefões. É um jogo que com certeza agrada o fã do gênero, mas que também é uma boa porta de entrada para novatos.
E, mesmo com uma história esquecível, o seu combate gostoso te carrega até o fim!