Heróis de verdade
Firegirl: Hack’n Splash Rescue DX já possui um detalhe que me chama muita atenção: tem um nome grande que é impossível de falar rápido, sem embolar a língua. Porém, logo depois disso, a ideia de combater incêndios é muito interessante, principalmente para mim, que considero os bombeiros verdadeiros heróis! Mas, será que ele tem mais a oferecer do que um nome enorme?!
Lançado em 22/06/22, foi desenvolvido pela Dejima e publicado pela Thunderful para PS4/5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e Pc. Tratando-se de um jogo plataforma focado na ação (está tudo em chamas né? Faz sentido), com câmera 2D.
Rumo aos incêndios
Nossa protagonista se chama Faísca e ela é uma recruta do corpo de bombeiros. Antes de tudo, já começamos em uma missão de treinamento, onde devemos salvar uma encanadora de um prédio em chamas.
Após concluirmos a missão, o chefe não quer nem saber. Já joga a Faísca nas missões de verdade, pois a cidade está sofrendo uma crise de incêndios sem precedentes! E, como esperado, cabe a nossa heroína resolver tudo! É assim que o jogo começa de vez.
Praticidade e rapidez
Primeiramente, queria registrar que o nome ‘’hack’n splash’’ é bastante justo. Firegirl nos presenteia com alguns momentos de correria bem interessantes. Quando você pisca, está pulando para fugir do fogo, ao mesmo tempo em que joga água em outro, e ainda precisa arrebentar uma porta para salvar um gatinho. É bem frenético.
Apesar disso, seus controles são simples. Faísca consegue correr bem rápido e saltar, e temos um tanque com água e uma mangueira. A mangueira serve para esguichar água em todas as direções (porém, nós ficamos imóveis ao fazer isso), e também é possível pular e atirar para o chão, fazendo com que a garota use seu equipamento como um jetpack de água (lembra muito aquele jogo Jetpack Joyride). Fora isso, podemos bater com o machado (Y no Switch), interagir com as pessoas e olhar para cima e para baixo.
Para você ter uma ideia, o R (R1) não possui função. Realmente tudo é muito simplificado. O que, na verdade, não é ruim. Só torna tudo mais prático e rápido.
A falta de um SUS
Agora, vamos aos objetivos de Firegirl. Sei que pode parecer óbvio, mas aqui, nós temos que apagar o fogo, mas ele não é um fogo qualquer. As chamas possuem vida, e algumas inclusive te perseguem. Como, por exemplo, os malditos morcegos, ou outro que parece um Geodude de fogo! Ambos são bem irritantes. Vale ressaltar também, que as mais comuns demoram mais a morrer, pois, são vários pequenos focos de incêndio. Ou seja, temos que ficar parados atirando água até que o fogo suma e possamos passar. Então, temos que tomar cuidado, pois a vida de Faísca é pequena, e se perdemos, voltamos ao quartel. Isso não faz muita diferença, e lá na frente eu explico.
Mas, para isso nós temos algumas coisas que nos ajudam no combate. Faísca salva várias pessoas durante suas missões. E, eventualmente, algumas delas vão para o quartel, e podem ser contratadas (com dinheiro mesmo) para fazer parte da equipe e nos ajudar. Por exemplo, o médico pode diminuir o custo do hospital, pois vamos para lá quando morremos e pagamos mil dólares (a falta que o SUS faz, socorro!). Também podemos encontrar um cozinheiro que aumenta a vida máxima da Faísca, e até outro homem, um pouco esquisito, que aumenta a velocidade do nosso caminhão, para chegarmos antes nas fases, ganhando mais tempo para escapar.
Lembrando que, ao entramos em um local em chamas, nós temos, inicialmente, três minutos para achar os civis e depois encontrar a saída. Se o tempo acabar, você morre automaticamente. É como eu disse, correria o tempo todo. Apagar o fogo maligno dá um tempo extra, mas ainda é corrido. Portanto, é aconselhável fazer upgrade tanto no tanque de água, para aumentar a capacidade, quanto na força da mangueira, que aumenta a distância do jato!
Um loop cansativo
Agora, vamos às tais fases. E aqui, o jogo simplesmente me decepcionou bastante. Firegirl possui um total de apenas 4 fases! O que é muito pouco, principalmente pela forma como o jogo progride.
O loop de gameplay é o seguinte: você chega ao quartel, vai para uma fase. Então, ela é gerada de forma aleatória, podendo ser um prédio genérico, um trem, uma floresta ou um edifício chique (que faz referência ao Nakatomi Plaza de Duro de Matar). Em seguida, temos de entrar na fase selecionada, e ela tem um mapa que vai mudando, levemente, a cada vez que você entra. Resumindo, as salas são as mesmas, porém a ordem muda toda vez que você entra na fase. Eu fui cinco vezes seguidas, no prédio genérico e já me cansou.
Dentro da fase, nós temos os civis, alguns gatinhos para salvar, garrafas d’água para encher o tanque, um relógio que nos dá mais tempo, kit de primeiros socorros e, o mais importante, os tomos de fogo. Esses tomos são os itens que ditam o nosso progresso na história. Sempre que encontramos um, avançamos na trama ao voltarmos para o quartel. Ou seja, se você não encontrar, vai ficar dando voltas e voltas, nas fases repetitivas, e achando a experiência mais chata do mundo.
Sem motivação para vencer
Outro detalhe importante, é que não faz diferença para o progresso da trama termos uma missão bem-sucedida ou não. É o seguinte, como os tomos regem o progresso, temos que encontrar um deles na fase, e, mesmo se morrermos, ele vai contabilizar. Além disso, nós ainda ganhamos dinheiro mesmo ao falhar. A única coisa que muda, é que nós ganhamos mais dinheiro ao sobreviver, pois não gastamos com hospital, e os fãs ainda ficam mais felizes com nossos atos e fazem doações.
Mas, chega um momento em que você não se importa mais em concluir a missão, pois os mapas são cansativos, e o sucesso é totalmente irrelevante. Todavia, para ser justo, ao vencermos as fases, vamos ganhando medalhas (eventualmente), e elas dão algumas vantagens. Ainda assim, não é o bastante.
Na minha opinião, era mais vantajoso fazer uma história linear, com cada tomo estando em uma fase, que você ganha como recompensa por salvar o prédio, por exemplo. Ficaria menos repetitivo do que ir e voltar nas mesmas fases de forma aleatória.
O mistério do Senhor das Chamas
Ao passo que falei dos tomos, vou seguir o gancho e partir para a história de Firegirl. Da mesma forma que as fases me decepcionaram, a trama fez o oposto. Firegirl rapidamente nos apresenta à agente Nakamura. Ela está investigando os incêndios, com a Faísca como suspeita.
Primeiramente, ela vai atrás do prefeito, um ex-bombeiro e amigo de longa data tanto do pai da nossa protagonista (que morreu a alguns anos), quanto do chefe dos bombeiros. Então, ela começa a ficar de olho em todo mundo, a buscar por evidências e a entrevistar suspeitos.
Tudo é contato de forma bem simples e direta, mas é interessante ver o mistério no ar. Existem também denúncias de corrupção no governo, e uma lenda entre os bombeiros sobre um tal de ‘’Senhor das Chamas’’. Essa criatura seria um monstro de fogo que destrói tudo que vê pela frente e não pode ser derrotado!
Além disso, toda essa trama gira entre os tomos de fogo, que têm a fama de serem mágicos! É realmente interessante ver essa pequena investigação policial, e a solução desse mistério que pode ser sobrenatural, ou não. O único problema, é que Faísca não só é muda, como carece de qualquer tipo de personalidade. Ou seja, não apegamos nem um pouco a ela. É uma pena.
Detalhes que encantam
Logo depois, vamos partir para o quesito técnico em Firegirl. Nesse ponto, ele entrega resultados mistos.
Inicialmente, o que mais me chamou atenção foi o quesito gráfico. Firegirl tem uma pixel art muito linda, e uma direção de arte incrível. As fases são em 2D, mas com elementos 3D, e com efeitos de sombra muito bem feitos! Realmente, você fica encantado com a beleza desse jogo.
Já sobre a trilha sonora, ela tem uma vibe totalmente anos 80, bem no estilo Stranger Things. Eu, particularmente, fiquei impressionado com a qualidade das músicas e todas me agradaram desde o início.
Por fim, vamos à performance. Todavia, nesse ponto o jogo peca bastante. Tem várias quedas de fps, principalmente quando tem muitos inimigos na tela e estamos correndo. Além disso, eu presenciei um bug terrível durante a fase na floresta. Entrei em um tronco e a tela simplesmente distorceu. A câmera afastou como se o jogo fosse explodir, e depois tudo ficou de cabeça para baixo. Eu até assustei! Foi uma vez, mas foi algo bem grave. Além das quedas, constantes no edifício chique, pois nele temos a maior concentração de inimigos.
Após zerarmos, podemos continuar nas fases para juntar dinheiro e fazer upgrade de várias coisas que não estão no máximo após o fim da campanha. Mas, como a variedade é baixa, não vale a pena voltar.
Conclusão
Em síntese, Firegirl: Hack’n Splash Rescue DX traz gráficos lindos, uma campanha surpreendentemente interessante e uma trilha sonora cativante. Porém, a repetição das fases, deixa a experiência menos agradável do que poderia, além das quedas inexplicáveis de desempenho. É um jogo que, mesmo sendo curto, consegue ser repetitivo desde o início (me lembrei do RICO: London). Mas, mesmo assim, ele vai te divertir por ter uma boa gameplay que consegue te prender durante a campanha.
*Chave cedida para análise