Introdução
Stray, mais conhecido como “o jogo do gatinho”, é um game de ação e aventura desenvolvido pelo estúdio BlueTwelve e publicado pela Annapurna Interactive. Ele chegou para nós em 19 de julho, para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5. O game chamou a atenção desde seu anúncio em 2020 pela sua proposta diferente, onde controlamos um simples gato em um universo Cyberpunk. O título está disponível para os assinantes da PS Plus Extra e Deluxe no Brasil.
Entendendo esse mundo
Em Stray, como quase todo mundo já sabe, nós controlamos um simples gatinho, que está vivendo uma vida normal com seus outros amigos gatos. Entretanto, em um dia qualquer, ao tentar atravessar por um cano de esgoto, ele escorrega e cai. E o pobre animalzinho vai parar direto na cidade baixa. Stray aborda uma temática Cyberpunk na sua obra e no contexto de uma sociedade distópica, no lugar onde os pobres e os mais esquecidos da sociedade vão parar.
Então, no mundo de Stray, seja pela falta de recursos na Terra ou apenas para separar os ricos dos pobres, a alternativa foi criar uma cidade mais alta. Assim, quem tem mais dinheiro vive nas camadas mais elevadas e quem tem menos, fica com o que sobrou e esquecido nas camadas inferiores. Após nosso gatinho cair nessa cidade baixa, nossa missão parece até que simples: subir novamente para viver seu habitat natural e reencontrar seus amigos felinos.
Outro ponto interessante para esse mundo é que os humanos não existem mais, sendo completamente extintos. No mundo de Stray existe uma bactéria chamada Zurks, criada em laboratório e evoluída de uma forma errada, até o ponto que acabou com humanidade, e ainda ataca os robôs.
Estes robôs sabem perfeitamente o que aconteceu com quem morou nesse planeta e se preocupam em cuidar de algumas “tradições” antigas. Como, por exemplo, cuidar das plantas e até manter uma espécie de separação de classes, mesmo eles sendo apenas máquinas.
Gameplay
Antes de falar mais sobre a gameplay de Stray, preciso dizer que existe um botão dedicado para nosso gatinho miar. Só isso resume o quão brilhante ele é. Mas agora entrando nos detalhes, nós interagimos perfeitamente como se fossemos gatos. Podemos pular em lugares altos sem sofrer dano, beber água em poças no chão, e até empurrar objetos sem motivo algum. Se você quiser, pode afiar sua unha em tapetes ou sofás, dormir em almofadas e se acariciar nos robôs.
Como o mundo de Stray é bem vertical, precisamos estudar bem os cenários antes de interagir com eles. Assim, utilizamos dessa estratégia para subir em telhados e nos movimentar de maneira desapercebida em alguns momentos. Alguns dos objetivos da história ficam em lugares altos e exigem uma maior percepção para entender como chegar nesses lugares. Contudo não é nada tão complexo assim.
Parte da gameplay de Stray consiste no leva e traz de itens. Alguns robôs nos contam algo sobre o mundo quando interagimos com eles. E alguns deles precisam de um item específico. Quando nós localizamos e os entregamos, recebemos novos itens, que ajudarão outras máquinas. Dessa forma vamos prosseguindo por quase toda a história.

Os Zurks e os puzzles
Em alguns momentos precisamos fugir das Zurks e geralmente são em ambientes lineares, onde nossa única alternativa é correr. Caso alguma dessas criaturas consiga nos agarrar, nós ficamos mais lento e mais criaturas irão chegar. Porém temos um botão para o gato se chacoalhar soltando os Zurks, mas o ideal é conseguir se livrar deles sem ser pego.
Aqui temos alguns tipos de puzzles que, apesar de simples, funcionam muito bem. Eles consistem em mudar objetos de posição para não sermos vistos ou para poder alcançar lugares antes indisponíveis. Podemos até arranhar paredes para derrubar cortinas e liberar novas áreas. O mais interessante, é que todos eles foram bem adaptados para serem resolvidos com as limitações que um gato tem.

B-12 e a importância para a narrativa e gameplay
Parte essencial para Stray é o B-12, nosso companheiro de jornada. Durante a história, encontramos um robozinho que, após ser reativado por nós, não se lembra de muita coisa, apenas que ele ajudou um cientista. Ele acredita que precisa de um tempo até recuperar sua memória. Para a narrativa, ele é extremamente importante. Durante nossa jornada, vamos descobrindo um pouco sobre B-12, tendo até um pequeno plot-twist que, apesar de não afetar diretamente a história principal, é um mistério interessante de descobrir. Uma ótima justificativa para sua existência é ele nos ajudar com os diálogos com os outros robôs. Afinal, somos apenas um animal e incapaz de se comunicar.
Além disso, B-12 tem uma grande importância para a gameplay de Stray. Pois ele nos auxilia adicionando mecânicas para o nosso animalzinho. Por exemplo, criando uma espécie de arma com as luzes UV, capaz de eliminar os Zurks. Nosso companheiro de jornada também pode nos ajudar pegando itens e abrindo algumas portas. Ele é essencial para a progressão apesar de não ser tão complexas assim.

Elementos cyberpunk e trilha sonora
Stray utiliza da temática Cyberpunk, deixando a experiência mais densa e imersiva. Aqui temos um mundo cheio de elementos característicos, como neon, grafites, pichações, poluição, prédios altos e uma mescla de tecnologia com a pobreza. Sem contar os ótimos gráficos e a belíssima direção de arte, talvez uma das melhores de 2022. Ou seja, é o ponto alto de toda a experiência, que faz de Stray melhor que muitos títulos Triple A do gênero.
E isso pode ser visto nos mínimos detalhes, como por exemplo a criação de um idioma próprio, que aparece na indicação de novos capítulos ou em placas espalhadas pela cidade. Além de transmitir muito bem sobre as temáticas que propõe, Stray faz referências a obras clássicas de ficção científica, como Blade Runner e Back To The Future.
Outra parte da imersão em Stray é criada pela sua trilha sonora, que segue a linha de outras obras do gênero também. As músicas têm muita guitarra, teclado e sintetizador, dando assim um maior drama e passando uma mistura de sentimentos. Não só pela tristeza deste ser um mundo completamente abandonado, como também pelo drama de estarmos em um lugar completamente desconhecido. Sendo assim um trabalho extremamente competente feito pelo estúdio.

Conclusão
Stray é um daqueles jogos que deveria forçar o The Game Awards a criar a categoria de mais fofo do ano. No entanto, a experiência não se resume a isso. Temos aqui um dos títulos mais competentes de 2022. Não apenas na temática, como também nos gráficos e mecânicas. Além de, claro, nos colocar perfeitamente no papel de um gato. Acredito que quem tem um animalzinho desses em casa tenha ficado maluco com a semelhança entre o real e o jogável.
Infelizmente, a campanha é curta e Stray pode ser zerado em menos de 6 horas. Sem dúvida fica aquele sentimento de quero mais. Além disso, talvez tenha faltado um pouco de coragem em deixar as coisas um poucos mais difíceis, seja nos inimigos ou nos puzzles. Entretanto é compreensível, talvez o foco dos desenvolvedores tenha sido em uma experiência mais acessível para todos os jogadores.
Stray realmente é ótimo, imersivo e até o momento é um dos melhores jogos de 2022. Então, para quem assina a PS Plus Extra e Deluxe, é só baixar o tão esperado jogo do gatinho.