Introdução
Após uma série de JRPGS com temáticas pesadas e intrigas políticas, além de uma tonelada de informações sobre construção de mundo, tive o prazer de me deparar com Atelier Ryza. O jogo acompanha as aventuras da jovem alquimista Ryza e você pode conferir a análise dele aqui.
O jogo me encantou de primeira com seus visuais característicos e um mundo de fantasia tirado diretamente dos seus sonhos. Então resolvi que precisava escrever sobre o que torna a duradoura franquia Atelier ser tão charmosa. Seja os personagens carismáticos, o clima de amizade, o sistema de alquimia ou o combate dinâmico, existem muitos motivos para se jogar Atelier Ryza.
O mesmo pode ser dito da franquia no geral que segue essa mesma lógica.
Quem é Ryza
O primeiro ponto de muito carisma da franquia são seus personagens humanos, começando pela protagonista.
Ryza é uma garota jovem e energética, com um problema bem cotidiano e fácil de se identificar: a pressão dos pais. No caso, eles querem que ela ajude e herde nos negócios da família, uma fazenda. Ela, como uma adolescente bastante empolgada e com um espírito livre, não consegue simplesmente aceitar isso, gerando parte do conflito da personagem. E de forma realista, a atitude de seus pais é diferente, sendo seu pai mais paciente e maleável, e sua mãe implacável de uma maneira que beira o abusivo. Afinal, quem de nós nunca teve atritos com os pais?
Os amigos de Ryza, Lent e Theo, também podem ressoar com pessoas diferentes. Enquanto Lent possui problemas com seu pai alcoólatra, Theo tem um grande apego a seu avô e aos livros deixados por ele. Até mesmo Klaudia, que entra na party mais tarde, possui sua dose empática bem rápido, com a trama envolvendo seu pai super protetor.
Esse elenco vivo, apaixonado e fácil de sentir empatia é um dos fatores que torna esse jogo tão agradável. Além disso, personagens com tramas mundanas são uma constante na série, recaindo em uma das melhores características da franquia, o Slice of Life.
A vida em um mundo de fantasia e o mundo de Atelier
Hoje em dia, temos um Isekai para basicamente tudo.
Infelizmente uma boa parcela deles é deplorável e sexista, mas ainda temos bons títulos em meio a esses. Assim, independente de gostar ou não do gênero, seu sucesso só demonstra o quão alta é a demanda pela ideia de viver em outro mundo.
Claro que, de certa forma, essa sempre foi a premissa das histórias de fantasia, mas em sua maioria era sobre viver as aventuras épicas e momentos históricos daquele mundo. Sobre seguir grandes heróis ou se tornar um você mesmo. Enquanto isso, Atelier tem um jeito diferente de cumprir esse desejo popular.
Embora ele não te deixe se inserir na história de maneira mais comum, ele te mostra aos poucos como é estar na pele da protagonista. Com seus eventos de slice of life, através das missões, o jogador pode entender como é a vida daquele personagem, quem são as pessoas que o cercam e como é o cotidiano de todos os envolvidos. Ao interagir com os vendedores e funcionários da ilha onde nasceu, Ryza é capaz de nos mostrar e transmitir o exato sentimento de como é morar naquela ilha.
Tudo é muito agradável e convidativo, e funciona perfeitamente como diversão ou escapismo, a critério do jogador.
As nuances da alquimia – Seu Atelier
Um JRPG dos sonhos permitiria ao jogador fazer o que quiser. Isso se estende desde o combate à confecção de armas, ou até atividades recreativas. Atualmente, o gênero que mais se aproxima disso são os grandes MMORPG, como FFXIV ou WOW.
Mas, por conta da romantização de tantas possibilidades, o gênero RPG, no geral, foi passando a ter uma densidade cada vez maior em seus sistemas. No entanto, isto costuma ter foco maior em combate, ainda mais nos RPGs de console. Uma árvore de talentos ampla e diversa, uma boa quantidade de estratégias e opções em batalha, além de diversos membros para Party.
Entretanto, Atelier segue uma lógica diferente, sendo que seu sistema mais complexo e profundo é a alquimia. Aqui, a alquimia é o que rege essas jovens garotas protagonistas da série, e até todo o mundo do jogo. Assim, até mesmo o combate prioriza bastante o uso de itens.
A alquimia em Atelier é o que rege tudo, já que te permite criar itens cada vez mais poderosos, que são até mais importantes do que os níveis do personagem. Portanto, itens de cura e de quest, os equipamentos e diversos outros tipos também, tudo nessa aventura vem através da alquimia. Por conta dessa importância, a franquia oferece um sistema alquímico bem completo.
Tal sistema varia entre os jogos da franquia, ilustrando a ideia de que alquimia é um processo único e depende de imaginação. Não existem atalhos ou caminhos fáceis, onde todo o processo de alquimia é de fato feito pelo jogador, que precisa abraçar a complexidade do sistema.
Um universo muito encantador
Eu realmente posso dizer que se fosse imaginar meu universo perfeito de fantasia ele não seria muito diferente de Atelier, principalmente nos títulos mais recentes.
Em um tempo onde vemos jogos com estética “dark” ganhando cada vez mais o mercado, é encantador e refrescante que exista uma franquia como Atelier para nos amparar.
Pois, o jogo abraça toda a ideia de um mundo de fantasia mais belo e agradável que os JRPG flertam vez ou outra. Assim, apostando na beleza e na suavidade, o jogo possui um visual romântico e ainda nos presenteia com um modo foto completo e bem pensado em jogos como Ryza.
É interessante ver também como isso faz de fato parte do universo do jogo e não fica só na estética. A relação entre os personagens, a sensação pacata de morar em uma cidade real com pessoas reais e até a sensação de começo de jornada em relação à alquimia, tudo isso só pode existir pelo clima amistoso que o jogo possui.
Por conta dessa coesão temática, caso qualquer uma dessas características tenha te chamado atenção, recomendo que mergulhe no mundo fantástico e agradável de Atelier!