Um GOTY que dispensa comentários
Red Dead Redemption 2 foi o último lançamento da Rockstar, chegando em outubro de 2018. O título dispensa maiores apresentações sobre sua qualidade. Não é à toa que superou a marca de 44 milhões de cópias vendidas e recebeu vários prêmios de Game of the Year.
A ideia de jogar novamente RDR2 quase 4 anos após seu lançamento veio com a intenção de reviver jogos de mundo aberto com propostas diferentes e mais atuais. A primeira experiência que tive com o jogo foi lá em 2018, e já não me lembro ao certo com quantas horas zerei. Mas certamente não foi o suficiente para aproveitar tudo o que o era possível. Entretanto, dessa vez pude jogar mais de 200 horas, explorando cada cantinho e cada detalhe. Assim, quase tudo do que eles criaram eu pude absorver.
*O texto contem alguns spoilers da história.
Comparando as duas experiências
Em 2018 quando tive a chance de jogar Red Dead Redemption 2, a forma que eu absorvi a experiência foi totalmente diferente. Geralmente, quando estamos completamente imersos em um bom enredo e tudo o que é entregue junto dele, cometemos um “erro”. Às vezes esquecemos de curtir cada canto daquele mundo e deixamos de curtir o suficiente para avançar logo na história. Contudo, isso vai totalmente contra a proposta do game.
Aqui a exploração é constantemente recompensada. Cada área do mapa foi pensado para um encontro aleatório. Seja um mistério, uma referência ou algo que veremos em alguma missão num futuro próximo. Então, em alguns momentos, optar por avançar uma missão principal já é o suficiente para perdermos missões secundárias divertidas ou que dão maior profundidade para alguns personagens. Mas claro que devemos levar em conta que com a quantidade de jogos lançados hoje, e o tempo que os jogos de mundo aberto demandam da gente, devemos colocar numa balança o quanto iremos nos dedicar à exploração.
“Novas” quests
Algo que pode passar facilmente despercebido em Red Dead Redemption 2 são as missões secundárias. Aqui, existem variantes que nos fazem perder algumas missões. Seja focar numa missão principal exclusiva, avançar um capítulo. Ou até mesmo pelas missões, ou encontros que aparecem em determinados horários do dia.
Em 2018, quando zerei a primeira vez, avancei muito rápido pela região de Saint Dennis e tudo o que dava para fazer na cidade. Aqui temos uma variedade muito grande de missões secundárias e talvez as mais engraçadas também. Quem teve a oportunidade de completar a quest do professor e a invenção da cadeira elétrica não vai esquecer nunca. Além disso, por Saint Dennis ser bem mais avançada que as outras cidades iniciais do game, temos uma interação maior com NPCs e estabelecimentos disponíveis. Então aproveitar regiões como essa fará com que a experiência seja muito mais rica e divertida.
As quests secundárias com os membros da gangue também são uma forma de se aprofundar em Red Dead Redemption 2. Assim, essa foi uma forma que a Rockstar trouxe para dar um maior desenvolvimento para seus personagens. Como, por exemplo, a Sadie Adler, que ao longo do título perde o estereótipo de todas as mulheres da gangue para se tornar uma pistoleira como os outros homens. Se explorarmos melhor todas as regiões, principalmente os acampamentos, vemos melhor as motivações da personagem e o que a faz mudar completamente, algo que pode passar facilmente desapercebido.
Mary Linton
Outra coisa que deixei passar em 2018 foi o complexo relacionamento de Arthur e sua amada Mary Linton. Mas agora finalmente pude aproveitar cada momento em que os dois puderam passar juntos, mesmo que com indiretas, trocas de farpas e sabendo que tem muita coisa mal resolvida entre ambos. Isso porque na primeira vez que joguei, fiz apenas a primeira quest envolvendo os dois, que é quando ela nos pede para salvar seu irmão.
Após essa primeira missão eu nunca mais tive contato com ela. Contudo, agora pude notar que quando chegamos ao nosso acampamento no pântano no capítulo 4, recebemos em nosso quarto uma nova carta de Mary. Nesse momento, se decidirmos encontrar com ela em Saint Dennis, conheceremos um pouco mais sobre o relacionamento dos dois e também do pai dela e Arthur. Após isso podemos ir para o teatro da cidade e ver uma apresentação.
Em Red Dead Redemption, vemos o quão complexo é o nosso protagonista e como as mudanças no mundo do game estão o afetando. Principalmente sobre deixar de ser um fora da lei. E é exatamente isso o que o afasta de Mary Linton. Entretanto, nesse momento quando vocês estão juntos em um teatro, em um momento tão simples e íntimo, vimos como Arthur fica perto dela e imaginamos o que ele teria se tornado caso tivesse fugido com ela. Sem falar muito temos um grande desenvolvimento de personagem aqui.

O relacionamento com os membros da gangue
Após ter zerado Red Dead a primeira vez, nós descobrimos quem é vilão, quem é mocinho ou até quem é irrelevante. A partir daí jogando uma segunda vez, conseguimos ver em pequenas ações algumas pistas de quem podemos confiar ou não. O relacionamento com Micah, por exemplo, nós sabemos desde o começo que estamos lidando com uma pessoa ruim e que não ajuda o acampamento. Então nessa segunda experiência, todas as vezes que eu o encontrava no acampamento, fazia questão de o hostilizar. Ao ponto de o deixar irritado e ser empurrado e ofendido por ele. Dessa forma o mesmo servia para Dutch, onde sempre que possível eu o hostilizava, pois já sabia das coisas ruins que ele iria fazer.
Enquanto eu tratava mal de propósito alguns personagens, tentava ser o mais gentil possível com outros, pois sabia do seu futuro ou da bondade delas. Exemplos de Lenny, Hosea e John Marston. E o que mais entristece é que em vários momentos, mesmo eu tentando ser bom com essas pessoas, o game me direcionava para fazer algo ruim para elas, seja com uma ação ou palavra. Porém, isso sempre levava a bons diálogos.
Falando em diálogos, a fonte dos melhores diálogos e interações são as festas e reuniões da gangue. Principalmente as que duram a noite inteira. Seja para comemorar algum feito ou o retorno de alguém. Vemos todo mundo reunido cantando várias músicas, contando histórias, piadas e bebendo bastante. Aqui, se você optar por dormir e perder parte da festa, irá perder uma das melhores coisas que o título proporciona. O mais legal de tudo é na manhã seguinte a essas festas e ver como todo mundo está após uma noite de farra e bebedeira.

Conclusão
Não me recordo de quanto tempo levei para zerar Red Dead Redemption II no seu lançamento, mas lembro de explorar bem menos do que ele merecia. Certamente esse é um dos melhores games de mundo aberto já feitos e que merecia um pouco mais de dedicação da minha parte. Então na primeira chance que tive eu o reinstalei e decidi me dedicar o máximo em conhecer cada canto daquele mundo. Tirando alguns momentos cansativos em que levava bastante tempo para atravessar o mapa a cavalo, tudo foi perfeito.
É claro que fazer isso exige muita dedicação. Foram incontáveis horas apenas procurando referências, seja de lugares diferentes, animais lendários ou apenas parar por alguns minutos para pescar ou ficar parado no alto de alguma montanha. Contudo, se você optar por tentar fazer tudo o que é possível, você será recompensado. Não é à toa que o título ganhou vários prêmios de jogo do ano em 2018. Para quem não jogou ainda, Red Dead 2 está disponível na nova PS Plus além de já ter entrado no Game Pass.