Introdução
O fiel leitor já deve ter se perguntado como é escrever para algum veículo de comunicação que trabalha com videogame. Pois assim, nós, do Garota no Controle, vamos explicar que as coisas não são brincadeira, apesar de divertidas. Esse post foi inspirado nas antigas revistas de videogame. Mais precisamente a SuperGamePower, porque ela tinha toda uma equipe de personagens que apareciam nas revistas e davam cara para as matérias. E tinha a lendária figura do “Chefe”, que sempre dizia que preferir estar jogando videogame.
Já podemos adiantar que na nossa redação, não muda muito. Mas, assim como a revista, vamos falar como é trabalhar com esse assunto que tanto gostamos. Porém, nem sempre é tão divertido quanto parece. Assim, vamos descrever o que uma pessoa precisa para trabalhar no meio, por isso mesmo evitaremos trazer coisas muito específicas da nossa redação. Entretanto, essenciais para alguém que se arrisque nessa empreitada. Lembrando que os tópicos não estão em ordem de relevância.
Saber jogar
Antes que alguém diga que esta é a parte da brincadeira, já avisamos que esta pessoa ainda não entendeu o conceito. Pois, saber jogar significa mais do que dominar um título ou ser o rei dos fliperamas. Significa também compreender o jogo e observar que tipo de reação aquele game pode gerar em seu público.
Dessa forma, ganhar várias partidas de LOLzinho não fazem um jogador ideal para análises de jogos, mesmo que ele seja invencível na Internet. O que se espera de alguém do meio é que consiga progredir no jogo atento aos pontos que influenciem a experiência. Pode parecer simples, mas o redator deve prestar atenção na dificuldade, se há algo que gera algum tipo de frustração, um glitch e assim por diante. Pois, muitas dessas coisas passam despercebidas quando nos acostumamos com o conjunto da obra. Porém, para quem analisa, isso não pode passar em branco.

Saber escrever e ler muito
Tinha uma frase que aparecia muito na minha época de escola: “Escrever é 10% inspiração e 90% transpiração”. Confesso que eu tinha muita preguiça para entender essa frase. Atualmente, ela faz muito sentido. Obviamente, dominar o idioma já consta como pré-requisito, porém, lidar com o fato de que você possa escrever e apagar muita coisa frustra muita gente. Afinal, isso ocorre porque sempre se pensa no público. O que está claro para uma pessoa, talvez não esteja claro para outras.
Nessa brincadeira, temos também a escolha de vocabulário. Nada muito simples, nada muito rebuscado, mas algo compreensível e atual. Muita gente acha que os redatores apenas jogam e escrevem, porém, também temos as pessoas que revisam. Isso porque um erro pode passar e não queremos isso para nossos leitores. Lógico, que para ter conteúdo para escrever, há a necessidade de ler bastante. Não apenas para se inteirar do que está ocorrendo no mundo gamer, mas também para melhorar a escrita. Podemos incluir todo o trabalho de pesquisa envolvido para que as informações não tenham alguma notícia falsa ou algo do tipo.

Saber trabalhar sozinho
Muitas pessoas acham que todos redatores se reúnem em uma sala com vários consoles e jogam o dia inteiro, mas não é bem assim. Primeiramente, dependendo da redação, ninguém se vê, muito menos os colegas se conhecem de rosto. Apenas umas figurinhas na tela do computador e celular.
Em segundo lugar, a pandemia fez com que muitas tarefas fossem realizadas a partir das casas dos profissionais. Terceiro, a sala idealizada seria o oposto de ambiente ideal para quem trabalha no ramo. Muito barulho, gente transitando, som de jogo misturando e assim por diante. Dessa forma, dificilmente alguém se concentraria no jog, muito menos no texto que estivesse produzindo.

Saber trabalhar em equipe
“Você está de brincadeira comigo, né? Disse que tinha que saber trabalhar sozinho.” Então, trabalhar sozinho não significa não saber trabalhar em equipe. O tópico acima mostra que nem sempre teremos os colegas por perto para nos ajudar. Entretanto, uma equipe é uma máquina em que cada peça tem sua função importante. Se uma falha, compromete todo o restante. Em uma redação não muda muito.
Às vezes, temos que fazer coberturas de eventos, falar de um tema específico para uma semana temática e assim por diante. Se a equipe não está em constante comunicação, pode dar muito problema. Um deles é o atraso na entrega de material. Imagina se todo mundo manda de uma vez para a pessoa que revisa os textos da semana?

Saber que nem sempre será divertido
Provavelmente, o mais chocante dos tópicos. Pois, todos nós sabemos o tanto que videogame é uma coisa divertida. Contudo, não gostamos de todos os gêneros e/ou todos os títulos. Por essa razão, vez ou outra, temos de jogar games que não nos agradam. Pior, jogos que não têm uma boa qualidade, mas que deve ser jogado até o final.
Se fosse em nossas casas, bem provável que desistiríamos e partiríamos para outro título de nosso interesse. Porém, ao se tratar de um acordo com a desenvolvedora, temos de aguentar. Mesmo que a avaliação não seja boa. Ainda mais porque algumas desenvolvedoras usam o feedback das análises para melhorar o produto. Resumindo: há uma grande chance de jogar títulos ruins e de gêneros que não se gosta. Mas trabalho é trabalho.

Saber ter empatia
Empatia envolve muita coisa, por isso a dificuldade. Um dos pontos a destacar é colocar-se no lugar do leitor. E isso vai além do que você gostaria de ler e como ler, mas sim, como outra pessoa gostaria de ver aquela matéria. Indo além, como apresentar um conteúdo que não fique complexo para quem nunca viu, mas, ao mesmo tempo, não fique maçante para quem já conhece? Pensar nessa pergunta pode direcionar a escrever um texto melhor. Não quer dizer que possa acertar sempre, contudo, será mais fácil atingir o seu público.
Empatia envolve também jogar aquele jogo que você não gosta e fazer uma crítica justa e adequada. Então, se baseará em critérios técnicos ao contrário de apenas gosto pessoal. Ainda tem mais. Empatia aqui envolve como você faz uma crítica construtiva em algo que o jogo precisa melhorar. Pois, muitos desenvolvedores dão o seu melhor no jogo final, mesmo que ele não saia aquele jogão que gostaríamos. Nesse caso, a forma com que se diz algo é muito importante.
Claro que há mais pontos. Porém, para o texto não ficar cansativo, preferi abordar esses dois que já são de grande ajuda.

Saber aceitar crítica
A Internet está aí para mostrar que nem sempre navegar nela é divertido como uma brincadeira. Em tempos de informações transmitidas de forma muito rápida, não escapamos de comentários desagradáveis. Por outro lado, isso pode mostrar o que podemos melhorar para agradar o nosso público, jogadores como nós.
E outra crítica ignorada é a dos colegas. Lembrando que a redação é um time, então, as pessoas darão suporte umas às outras. Assim, haverá comentários bem intencionados sobre pontos que nós devemos melhorar. Afinal, sempre há margem para melhora. Esses comentários nos ajudam a evitar passar vergonha, e, lógico, também tem o processo de revisão que vai informar diretamente o que deve ser alterado pelo bem do conteúdo.

Brincadeira depois de muito suor
Apesar de ter momentos bem agradáveis, escrever numa redação de games tem suas responsabilidades, mas tem seu retorno. Poder conhecer gente boa, se informar mais sobre os jogos que gostamos. Apesar de não ser uma brincadeira, trabalhar com games tem suas vantagens. Será que o caro leitor, ou cara leitora, teria o perfil para a tarefa?