Estabelecendo um padrão
A saga Far Cry já havia se consolidado como uma franquia bem interessante. Depois do sucesso dos dois primeiros jogos (tanto de público quanto de crítica), era natural que a Ubisoft investisse mais nessa IP. Então, quatro anos depois do seu antecessor, chega Far Cry 3 com a ideia de expandir os elementos do segundo jogo e ainda adicionar algumas novidades que se tornariam o padrão na série!
Lançado em 29/11/12, sendo desenvolvido pela Ubisoft Montreal e publicado pela Ubisoft para PS3, Xbox 360 e Pc. Mais tarde,recebeu um port para PS4, além de poder ser jogado via retrocompatibilidade no Xbox One. Trata-se de um jogo de ação, com tiro em primeira pessoa, ambientado em um mundo aberto paradisíaco.
As férias que deram errado
Far Cry 3, começa com o nosso protagonista, Jason Brody, e um grupo de amigos curtindo a vida em uma linda ilha. Como é de se esperar dos jovens ricos, eles estão lá aproveitando tudo que é possível. Vão a festas, pulam de paraquedas, nadam em cachoeiras, o verdadeiro paraíso!
Entretanto, eles rapidamente descobrem que viajaram, não para Disney, mas sim para o inferno. Pois, nessa ilha, eles são capturados por piratas liderados por Vaas Montenegro (para mim, o melhor personagem de toda a franquia). Vaas, em poucos segundos de tela, já mostra o quão maluco é.
Apesar disso, Jason e seu irmão Grant, conseguem fugir. E aqui, somos apresentados ao modo stealth do jogo que foi melhorado em relação ao segundo (ufa!). No entanto, quando tudo parecia bem, Grant é atingido pelo Vaas, que acaba te dando a chance de fugir, só por puro sadismo. Após uma correria desenfreada e o grito clássico de ‘’Run Forrest, RUN’’, Jason acaba caindo num rio e sendo salvo por um homem misterioso. Depois de acordarmos com uma tatuagem no braço (ao melhor estilo ‘’Se Beber não Case’’), somos introduzidos ao povo Raykat.
Os Raykat são uma tribo antiga que luta contra os piratas que só querem saquear, estuprar e lucrar. Então, Jason que busca pelos seus amigos, decide se juntar à causa com aquela ideia: O inimigo do meu inimigo é meu amigo. E é assim, que a aventura começa de vez!
Chega de realismo
Em primeiro lugar, vamos falar do combate e do que foi adicionado em relação ao anterior. Em minha análise de Far Cry 2, eu comentei que o jogo buscou um lado mais realista em vários aspectos, incluindo no combate. Mas, a Ubisoft decidiu abandonar essa pegada e se voltar para uma jogabilidade mais simples e viciante, assim como era no primeiro Far Cry.
Far Cry 3, traz comandos parecidos com o anterior, mas com sutis mudanças. Agora o L2 abre a roda de armas ao invés de nos curarmos. O R2 fica por conta das granadas, enquanto o L3 serve para mortes furtivas com o facão (que funcionam perfeitamente!). Ainda temos funções novas para as setinhas (ou digital se você preferir). Com a setinha para cima, nós ativamos o binóculo que serve para enxergar de longe (óbvio) e marcar inimigos para podermos vê-los através das paredes. Já a da direita, serve para arremessarmos pedras como distração, enquanto a esquerda e a de baixo, usamos seringas (mais tarde explico). Por fim, curamos com o triângulo.
Ou seja, o resto se manteve. Podemos: andar, correr, nadar, mirar e atirar, tudo com os mesmos botões. Bem tranquilo.
Armas variadas
Contudo, essas novidades não adiantariam de nada se não tivessem armas novas não é? Pois bem, aqui vieram várias, como Arco e Flecha, e as armas assinatura. Mas, sinceramente, isso é o de menos, porque nada mais natural do que uma sequência trazer mais opções de armas. O que me deixou realmente feliz, foram as opções de customização das armas!
Agora, podemos mexer nelas colocando silenciador, miras melhores, aumentando o pente, e até adicionando skins como ter uma Desert Eagle camuflada, por exemplo. Esses detalhes são bem legais tanto para a diversidade do arsenal, quanto para o desempenho das armas.
Além disso, as armas assinaturas são um conjunto de poucas armas (uma de cada classe), que já vêm customizadas e são extremamente fortes! Eu testei uma SMG que se chama Retalhador (quando eu jogava CrossFire, ela era conhecida como Kriss Super V), e eu rapidamente abandonei, porque é de uma força absurda! Mas é como dizem né: se está no jogo é para usar. Então, vale o teste. Lembrando que, todas as armas e munições são vendidas nas lojas, então sempre dê uma checada após uma missão.
A Garça, o Tubarão e a Aranha
Em seguida, vamos a mais uma novidade que influência diretamente na gameplay de Far Cry 3. As árvores de habilidade. Aqui, elas foram introduzidas de uma forma bem interessante. Nós temos três árvores: A Garça, focada em armas de longa distancia, mas que também reduz dano de queda, aumenta o fôlego e até a velocidade de corrida. O Tubarão, que ajuda na cura e aumenta sua vida máxima, mas também libera o nocaute furtivo e aumenta a sua resistência a explosões e danos físicos. E, por último, a Aranha, que vem para aumentar a nossa sobrevivência, aumentando a coleta de ervas, o valor dos itens que vendemos, além de reduzir ruído ao andar, e ainda dar a possibilidade de deslizar enquanto corre (ótimo para fugir e se esconder).
Mas, obviamente, existem mais habilidades nas árvores, tendo uma boa variedade. Vale ressaltar também que, à medida que derrotamos inimigos e completamos missões, vamos ganhando experiência e, toda vez que passamos de nível, ganhamos um ponto para gastar nas habilidades, algo bem padrão. Porém, o que é realmente interessante nessas árvores, é que, a cada habilidade que adquirimos, Jason vai ganhando uma nova tatuagem no braço, até que ficamos com os dois tatuados! Eu achei isso simplesmente incrível.
Por fim, nós temos as seringas. Elas podem ser criadas com ervas que coletamos pelo mapa e possuem várias funções, como curar, e at[e ver animais e inimigos através de objetos. Outra aumenta a sua velocidade, e existe até uma que repele animais. Para ser sincero, eu usei com frequência a de cura e a que me possibilitava enxergar inimigos atrás das paredes. As outras foram mais em questão de teste, mas isso vai de cada um.
Finalmente ajeitaram a direção
Agora, vamos à maior expansão que Far Cry 3 trouxe: O mundo aberto. No segundo jogo, a Ubisoft trouxe um bom mundo aberto, mas, como foi o primeiro da saga, ainda tinha espaço para melhorar. E foi justamente isso que fizeram aqui.
Primeiramente, temos vários veículos novos, como o quadriciclo, o jet ski, caminhão de carga e o paraquedas, além de novos modelos de carros e barcos. E, o detalhe mais importante, é que a direção melhorou absurdamente. Como eu disse, a do primeiro é péssima e a do segundo é ruim, mas aqui ela ficou legal. Eu sempre repito: Ubisoft e direção é uma história complicada. Mas em Far Cry 3, finalmente, ficou aceitável. Dá até vontade de dirigir. Inclusive a Asa Delta está melhor aqui, porque a do dois ficou pior do que a do um (impressionante).
Dentro da caçada
Porém, o que importa mesmo são as atividades, que aqui não faltam. Além de coletar ervas para as seringas, agora podemos caçar animais. Encontramos Crocodilos, Ursos, Panteras, Dragões de Komodo, Tartarugas, Tigres, Leopardos, Cobras e até uns mais tranquilos como Cabras e Veados. Entretanto, eles não estão lá para serem caçados por esporte, como se fossemos malucos (apesar de que, você pode fazer isso, quem sou eu para julgar), eles existem para o nossa criação de equipamentos.
Com as partes de animais, é possível aumentar o tamanho da mochila, da carteira, ter mais coldres, aumentar a bolsa de seringas, a de munição, entre outras coisas. Ou seja, chega um momento que fica inevitável não caçar. A não ser, que você queira dificultar mais a campanha jogando com uma quantidade de itens limitada. Mas, o interessante, é que a caça é simples, com a localização dos animais marcada no mapa. Então, é só ir até o local e usar a seringa de caça (lembra quando falei que essa foi a que usei mais?). Outro detalhe é que, recomenda-se matar os animais com arco e flecha, para ser silencioso.
Escalando as torres
Todavia, se engana quem pensou que as atividades param por ai. No Far Cry 3 temos os postos avançados (que existiam no dois, mas era bem chatinhos), as torres de rádio, essenciais para abrir o mapa, corridas de carro, desafio de tiro, pôquer e até alguns desafio Rakyat. A dica principal é: sempre liberem as torres de rádio, pois ninguém merece ficar andando as cegas pelo mapa. Fora que, as torres trazem elementos plataforma, pois temos que escalas e nos equilibrar até chegar ao topo, sendo uma mudança legal na gameplay. Outro detalhe legal são os desafios Rakyat, onde nós temos que matar o máximo de inimigos possíveis, com armas escolhidas pelo jogo. É bem legal para treinar a sua perícia com várias armas.
Além disso, não podiam faltas os colecionáveis, como cartas perdidas, cartões de memória e relíquias. Mas, podemos comprar um mapa dos colecionáveis e assim, liberar a localização deles no mapa, facilitando bastante. Por fim, encontramos baús de espólios em todo o mapa, contendo dinheiro e itens para vendermos. Vale ressaltar, que os itens são muito legais, sendo vários objetos aleatórios como um isqueiro vazio, uma ficha de pôquer ou relógios velhos. Amei a criatividade.
Fora isso, temos missões secundárias dadas por NPCs, e eventos aleatórios com os piratas do Vaas sequestrando habitantes da ilha, ou em confrontos com os Rakyat que podemos nos meter e ajudar.
Um vilão memorável
Depois que falamos do mapa, vamos ao enredo de Far Cry 3. Bom, como eu disse no começo, Vaas é um pirata maluco que levou seus capangas até a ilha para poder saquear, matar e etc. Então Jason, que tinha seus motivos pessoais, resolveu combater isso e ajudar a tribo nativa. A partir daí, nos vivemos uma aventura bem interessante, com momentos meio místicos graças à cultura dos Rakyat, e bastante tiroteio.
A história aqui, não tem nada de mais. Porém, conta com personagens marcantes como o próprio Vaas e a Citra. Além disso, Jason vai encontrando e se desencontrando com os amigos, e devo admitir que fiquei determinado em salvar todos eles. A trama conseguiu me passar a sensação de urgência. Principalmente por lembrar que o Vaas estava na área. Porque, mesmo que ele apareça pouco (maior defeito da trama, inclusive), todas as vezes em que ele aparecer, você se sentirá tenso e determinado a vencê-lo.
Vale ressaltar também, que Far Cry 3 conta com dois finais muito interessantes, pois condizem bastante com a trajetória do Jason, fazendo com que ambos sejam plausíveis. Ou seja, tudo vai depender do quanto você se desenvolveu e se apagou às pessoas que encontrou durante a jornada. Diferente dos finais do 2 que não têm a menor diferença.
A especialidade da Ubisoft
Logo depois, vamos ao lado técnico.
Aqui, eu tenho somente elogios. Os gráficos melhoraram consideravelmente, não só pelo avanço tecnológico natural, mas pela ausência daquele filtro amarelo inexplicável do jogo anterior. Além do mais, é uma ilha paradisíaca né? Não tem como errar. A vegetação linda, o mar e a praia, o céu azul, são de encher os olhos, até nos dias de hoje! Ubisoft é tão boa em ambientação, quanto é ruim em direção de veículos.
Já sobre a trilha sonora, Far Cry 3 traz músicas tribais que condizem perfeitamente com a ”vibe” da campanha. Por mais que não seja a mais memorável de todas, ela encaixa perfeitamente com tudo.
O mundo aberto, como eu já mencionei, é rico em atividades, em fauna, e em flora. Porém, aqui nós temos um jogo menos detalhado do que o anterior, já que os desenvolvedores optaram por não trazer a mesma pegada realista de antes. O que, tem seu lado bom e lado ruim.
É sempre bom jogar de dois
Por último, temos o multiplayer. Nesse caso, temos uma novidade muito interessante: O modo co-op. Far Cry 3 trouxe um modo de tela dividida que é sempre bem vindo e em 2012 já era um tanto quanto raro na indústria. Pena que não era possível zerar a campanha de dois, mas ao menos é possível se divertir bastante.
Além disso, temos a volta dos modos online que existiam no Far Cry 2, e aqui eu digo a mesma coisa que antes: modos padrões em fps online, e que são muito mais divertidos com os amigos. O foco é a campanha e o mundo aberto, mas é legal ter um modo online para estender a experiência e ainda agregar valor para aqueles que gostam de um online competitivo.
Conclusão
Em síntese, Far Cry 3 trouxe tudo que deu certo no anterior, e aprimorou. Ou seja, vem com um mundo aberto mais bonito, maior e com mais atividades, mais armas, mais animais e mais veículos. Além disso, aqui foi inaugurada a tradição de Far Cry em ter um vilão memorável! Vaas com certeza rouba a cena, mas infelizmente sua grandiosidade é pouco aproveitada. Mesmo assim, a história consegue te prender até o final, além da gameplay extremamente divertida e viciante.
A franquia já existia a quase dez anos, porém, foi aqui que ela criou a identidade que perdura até os dias de hoje (gerando várias críticas, inclusive). Far Cry 3 é um clássico que fez história e é lembrado com carinho por muitos. Inclusive é tido como o melhor de toda a saga!
E, para aqueles que gostaram do Vaas, eu recomendo assistir o ‘’documentário’’ Far Cry Experience no youtube. Agrega muito valor ao personagem.