Introdução
Eu não tenho irmãos. Minha mãe nunca se interessou em ter outros filhos e acabei me tornando a única filha única da árvore genealógica. Contudo, eu tenho uma prima com quem cresci e com quem brinquei por grande parte da minha infância. Sempre a considerei a irmã que nunca tive. E, vendo a relação entre os irmãos de Lost in Play, acredito que essa afirmação estava correta.
Lançado para PC e Nintendo Switch no dia 10 de agosto, Lost in Play é um jogo de puzzle para todos. Ele foi desenvolvido pela Happy Juice Games e distribuído pela Joystick Ventures.
História simples, personagens cativantes
Você se lembra de acordar sábado pela manhã, pegar seu cobertor e assistir desenhos na televisão? Tenho uma vaga memória desses eventos. Passava uma sensação de segurança, estar ali na frente da TV com seu desenho favorito, esperando a mãe fazer aquele leite quentinho para você.
É exatamente assim que me senti ao abrir Lost in Play pela primeira vez. Toto e Gal são irmãos que, à primeira vista, possuem aquela rivalidade clássica. Toto não quer brincar com Gal e, então, ela arma uma fantasia para assustá-lo. O plano dá certo e, a partir daí, entramos no mundo imaginado pelos dois.
Os irmãos se afastam demais por conta da brincadeira, portanto, o objetivo do jogo é achar o caminho de volta para casa. Para isso, eles devem passar por diversas aventuras que você não tem certeza se são reais ou não. Mas, como Dumbledore uma vez disse, “Se está acontecendo na sua cabeça, porque não poderia ser real?”
A história é muito simples. Toto e Gal são crianças imaginativas e alegres. Os personagens que os rodeiam são divertidos. O mais legal de tudo, no entanto, é que o jogo possui uma linguagem própria, como o Simlish, de The Sims. É maravilhoso acompanhar os diálogos que acontecem ao longo da gameplay.
Puzzles interessantes, artes maravilhosas
Como a história segue um roteiro pré-definido, o que faz Lost in Play brilhar mesmo são seus puzzles. A cada capítulo, você tem entre 2 a 4 puzzles para resolver como um dos irmãos, ou com os dois. Não são difíceis, embora eu tenha passado algum tempo em certos desafios.
Contudo, os puzzles são bastante recompensadores. A história só avança se você conseguir ultrapassá-los, então a escolha fica entre enfrentá-los ou deixar o jogo de lado. Garanto a você que, no mesmo ritmo em que os puzzles ficam mais complicados, ficam mais imaginativos e, consequentemente, mais divertidos de se resolverem.
Assim como quando somos crianças, o universo de Lost in Play nos engloba de maneira envolvente com suas artes. Elas foram feitas à mão por Oren Rubin e Alon Simon, que já trabalharam por anos em animações para televisão.
Talvez por esse motivo, Lost in Play pareça tanto com um desenho de sábado de manhã. É visualmente lindo, com artes que lembram bastante animações como Gravity Falls e Steven Universe. Toto e Gal possuem personalidade própria, que conseguimos identificar através de seus sprites. Como em quase todas as animações, animais de diversos tipos e tamanhos são o destaque no jogo. Anões, goblins e outras criaturas mágicas completam o leque de personagens que ajudam os irmãos no retorno para casa.
Vale a pena?
Lost in Play é visualmente lindo. Toto e Gal representam muitos irmãos (e, no meu caso, primas) que cresceram em seus próprios mundos, inventando personagens e histórias para se aventurarem sem sair de casa. São muitos momentos que me lembraram como é ser criança, algo que a gente perde quando a vida adulta passa a bater na nossa porta. É um jogo com gostinho de infância, carinho e saudade.
Apesar da campanha curta (zerei em menos de 5 horas), é um jogo que merece sua atenção. Como disse, a dublagem é uma língua própria do jogo, mas ele possui menu e outras telas em português, o que sempre é algo maravilhoso de se ver em jogos indies.
Se você curte puzzles, crianças protagonistas e desenhos de sábado de manhã, Lost in Play é essencial para mergulhar no mundo criado por dois irmãos que aprendem a ficar juntos através da sua imaginação.
*Chave cedida para análise.