Uma grata surpresa
Severance, ou Ruptura em português, é uma série lançada em março de 2022 pela plataforma de streaming da maçã, a Apple TV+. Seu lançamento passou desapercebido pelo público geral nos primeiros episódios. Contudo, isso mudou muito rápido, pois sua temática chamou bastante atenção e logo ela caiu nas graças do público mainstream, sendo considerada uma das melhores obras do ano.
Apesar da premissa interessante, a ideia inicial de Severance não foi aceita logo de cara. O roteirista e criador da série Dan Erickson tentou inúmeras vezes tentar vender o roteiro original, até que a Apple se sentiu interessada, juntamente ao produtor e diretor Ben Stiller. No total, a primeira temporada conta com 9 episódios e a Apple já a renovou para uma segunda temporada.
Mas afinal, quais foram os fatores que fizeram Severance bombar e ser um baita acerto da Apple TV+?
Premissa interessante
Algo essencial para uma série ou um filme é o roteiro. Assim, já podemos afirmar que Severance tem um dos melhores roteiros vistos recentemente. Apesar da abundância de obras chegando aos streamings, está cada vez mais difícil encontrar histórias que chamem a atenção e atraia o público tão rápido.
A história de Severance é basicamente uma focada na ficção científica. Portanto, isso pode ser um motivo de afastamento por parte do público. Contudo, o desenho desse roteiro é o que chama a atenção. A premissa é a seguinte: e se enquanto estivermos trabalhando nos esquecermos da nossa vida fora do horário de trabalho? E quando estivermos fora do trabalho, esquecermos de como é nossa vida no escritório? São conceitos a princípio simples, porém a simplicidade é o suficiente para despertar curiosidade. E é assim que, já no primeiro episódio, somos bombardeados de conceitos complexos que vão além da premissa simples.
Na série, estar no trabalho e fora dele são considerados dois mundos diferentes. O Mundo Exterior é chamado de Outies e o Interior é o Innies. Na série, existe uma empresa chamada Lumon, que representa todo esteriótipo das grandes companhias que são tão grandes que não conseguimos dizer ao certo todas as suas áreas de atuação. Dessa forma, Severance brinca com o telespectador ao não contar de propósito mais sobre o que a Lumon faz. Isso nos puxa a entrar de cabeça na história. Afinal, nem mesmo os funcionários sabem o que eles fazem, pois ao final do dia, quando voltam para o Mundo Exterior, eles esquecem tudo. Isso é incrível e pouco visto atualmente
Sensação de já ter visto algo semelhante
Podemos atribuir parte do sucesso de Severance à sensação de conforto em ter a impressão de que já vimos algo parecido. Afinal, mesmo levando a sério o termo ficção científica e debatendo temas jamais vistos antes, ela traz conceitos e uma premissa “simples”, porém semelhante a de obras famosas e aclamadas pelo público.
Como já dito antes, os conceitos de Outies e Innies ajudam à narrativa existir. E por trás disso, certamente há um “estudo”, ou alguém dentro da Lumen, observando e fazendo estudos com seus funcionários. Isso não é abordado diretamente durante a primeira temporada, porém fica implícito que há algo maior do que o que estamos vendo na tela. Conceitos assim são vistos em O Show de Truman, onde o personagem protagonizado por Jim Carrey teve sua vida inteira vigiada em uma espécie de reality show, com todos a sua volta sabendo disso, menos ele. Por isso, podemos associar a experiência de assistir Severance, com a de O Show de Truman.
Outra obra interessante para associar a Severance é Black Mirror. E nem tanto pela proposta da série de ficção científica da Netflix, mas sim pela sua importância para o mainstream. Desde a sua estreia em 2011 até hoje, ela tornou o gênero mais atrativo, fazendo com que o público se familiarize com temas tão complexos. Temas que por muito tempo foram ignorados justamente por serem complexos. Por isso, parte do sucesso da série da Apple TV+ vem de obras como Black Mirror e sua importância.
Ótimo elenco
Ter um ótimo roteiro é essencial para uma boa série. Entretanto, para colocar isso em prática, é necessário um bom elenco para fazer as coisas acontecerem. E aqui temos mais um grande acerto. Severance conta com nomes famosos em Hollywood, como Adam Scott, Patricia Arquette, Christopher Walken entre outros. Mas o mais importante disso é que todos eles têm atuações muito boas e uma incrível sinergia entre eles. Principalmente quando falamos da dificuldade que é sustentar uma história totalmente com diálogos. Isto é, temos aqui poucas cenas de ação, por isso os diálogos precisam ser muito bem executados para prender a atenção dos telespectadores.
Ainda falando em dificuldades, a qualidade das atuações é perceptível, pois cada ator precisa ter dois tipos de atuações diferentes. Afinal, eles fazem duas versões de si mesmos, a Innie e a Outie. E cada uma delas tem características e sentimentos distintos, o que exigem atuações diferentes. Os atores entregaram atuações perfeitas, tanto que podemos tranquilamente amar um personagem na sua versão dentro da Lumen e odiar sua versão fora dela.
Conclusão
Severance é um sucesso inegável e repentino. Contudo, esse sucesso é totalmente explicável, pois possui vários fatores para isso acontecer. Uma premissa aceitável, com uma ideia fácil de comprar. Um roteiro amarrado que, mesmo com sua complexidade, é fácil de entender. Ótimo elenco e a percepção de que já estamos acostumados com o que estamos vendo.
A Apple acertou em cheio ao apostar em Severance. Não é à toa que ela já foi renovada para a segunda temporada. E talvez esse foi o impulso que a empresa precisava para atrair novos seguidores. Isso é perceptível, pois ela começou a fazer sucesso após seus primeiros episódios. Então a audiência e atração do público aumentava. De qualquer forma, temos uma obra-prima na ficção científica e ansiosos para o que a segunda temporada nos trará.