O sucesso de The Walking Dead
The Walking Dead é um nome de extremo sucesso na cultura pop. Temos quadrinhos, uma série famosa e claro, games. Embora exista um game focado no personagem Daryl, para manter a minha sanidade e a dos leitores, fingiremos que esta obra não existe. Em vez disso, falaremos sobre o game desenvolvido pela Telltale, também conhecido como o Goty de 2012 e como um dos jogos que me faz chorar só de ouvir o nome Lee.
Diferente da série, o game conta uma história original ambientada neste vasto universo infestado por zumbis, mas claro que, no título esta palavra não é usada, mas sim Walkers. Portanto, chegou a hora de avaliarmos está narrativa inédita no mundo de The Walking Dead e ver o porquê de uma história sem grandes nomes como Rick Grimes e Negan, funcionar mesmo assim.
The Walking Dead foi desenvolvido pela Telltale e lançado no dia 24 de abril de 2012 para Xbox 360, PlayStation 3 e PC. O game também está disponível no Xbox One, PlayStation 4, Android e IOS.
O fim de tudo… e o começo de algo novo
The Walking Dead começa com nosso protagonista, Lee, em um carro policial, a caminho de uma prisão. Ele foi acusado de ter matado a própria esposa e terá que pagar por este ato. Um dos aspectos interessantes envolvendo este crime, é que nunca fica claro se o protagonista realmente o cometeu, deixando no ar o tal acontecimento. Mas, com pequenas informações ao decorrer da campanha, podemos tentar deduzir o que aconteceu. Entretanto, nada é definido absolutamente, sendo que cabe aos jogadores observarem e interpretarem a sua própria verdade.
Portanto, enquanto o policial dirige em uma estrada, ele tenta puxar assunto com Lee, perguntando se ele realmente matou a esposa e coisas do cotidiano para passar o tempo. Neste momento, podemos escolher a forma que responderemos. Como sou sempre uma pessoa muito civilizada neste estilo de jogo, minha primeira resposta foi xingar o policial… obviamente foi um excelente começo. Embora o título apresenta uma boa variação de respostas, esta conversa inicial não tem muito impacto. Pois, logo o policial atropela um zumbi na estrada, o carro capota e sai da estrada.
O policial morre e Lee fica um tempo desacordado. Ao acordar, aprendemos como a jogabilidade point and click funciona, sendo que basicamente podemos mover a câmera e interagir com alguns elementos do cenário. Assim sendo, neste trecho devemos chutar a porta do carro e encontrar um caminho para sair do local. Quando consegue sair do veículo, o protagonista avista uma arma e o corpo do policial morto, e com ele as chaves de suas algemas. Portanto, nos aproximamos do corpo e pegamos a chave. Entretanto, enquanto abrimos as algemas, o policial acorda na forma de um zumbi e ataca o protagonista. Logo, devemos agir rapidamente para pegar a arma no chão, colocar uma bala e atirar.
Um mundo decadente… mas existe um motivo para lutar
Após este confronto, o barulho do tiro acaba atraindo outros walkers para o local. A partir daí, Lee rapidamente começa a procurar uma saída da floresta, mesmo estando limitado por uma perna machucada, cortesia do acidente na estrada. Conseguimos pular um muro e entrar em uma casa supostamente vazia. Lá, encontramos vestígio de uma família que deixou a sua pequena filha, Clementine, com uma babá. Após explorar um pouco o local, nos deparamos com um pequeno telefone que começa a tocar. Ao atendermos, uma criança responde, dizendo que Lee está em perigo. Neste momento, ele é atacado por outro zumbi e temos mais um segmento de point and click para matarmos a criatura.
Logo em seguida, nos encontramos com Clementine, que diz estar esperando a sua família voltar para casa. Entretanto, o protagonista sente o dever de proteger esta garota e pede para que ela o acompanhe, pois, ele a ajudará a encontrar os seus parentes. Assim começa a história principal de The Walking Dead, um homem e uma garota tentando sobreviver. Em suas viagens, conhecerão outros personagens que podem ou não ser seus aliados. Wow, isso é tipo a história de origem do gênero “Pai triste” né?… pois é.
O mais importante são os aliados que fazemos pelo caminho… ou os inimigos
Durante a aventura, encontraremos vários personagens tentando sobreviver, cada um com a própria história. O dono de uma fazenda que acredita que apenas fortificar as cercas é o suficiente, uma família sem rumo e até mesmo pessoas que acreditam que a violência é o único caminho a se seguir. Ao decorrer da história temos de fazer escolhas, conhecer profundamente cada um destes novos personagens e definir se eles seguirão ou não conosco. Similarmente a Rick na série de TV do The Walking Dead, Lee logo se mostra um líder nato, que deve tomar as melhores decisões para o seu grupo. Obviamente, cabe a nós jogadores decidir qual caminho o personagem seguirá e arcar com as consequências disso.
Embora o game apresente apenas um final, o desenvolvimento da narrativa apresenta uma grande variação. Pois, o rumo do grupo, e muitas vezes até mesmo sua sobrevivência, dependerá das nossas escolhas em momentos chaves. Por exemplo, em determinado ponto, precisamos escolher qual integrante salvaremos de um ataque zumbi. Logo, a história e o desenvolvimento dos personagens acontece de forma diferente, dependendo do caminho que tomarmos. Portanto, com tantas opções, The Walking Dead desenvolve de uma forma interessante e comovente cada um de seus personagens.
Uma jogabilidade que poderia ser melhor
Embora The Walking Dead tenha sido o grande sucesso da Telltale, ele foi a primeira aposta no mundo dos games do estúdio. Assim, TWD mostra uma certa herança do que já havia sido tentado antes, o que trouxe alguns problemas junto.
No game podemos andar, interagir com objetos e executar quick time events em momentos específicos. Além disso, temos um inventário para armazenar itens-chave que serão úteis em algum momento.
No entanto, o jogo não tem um movimento muito bom. O protagonista apenas anda, tornando a exploração dos cenários em algo muito lento. Além disso, é comum tentarmos interagir com objetos e o personagem simplesmente não fazer nada. Isto acontece com certa frequência no game, o que acaba sendo bem incômodo. Já nos diálogos e quick time events, o título funciona muito bem.
Trilha sonora
The Walking Dead apresenta uma trilha sonora excelente. Embora não tenhamos a música tema da série aqui (uma pena), temos faixas que conseguem transmitir muito bem o quão perdido e devastado o mundo se tornou. Durante a exploração, trilhas mais calmas entram em ação, incentivando os jogadores a observar os ambientes e dialogar com os NPCs. Enquanto isso, durante os momentos de ação e tensão, uma faixa mais aguda e pesada toca para demonstrar a seriedade daquele trecho. O mesmo acontece nas cenas mais emocionantes do game, que transmitem o sentimento dos personagens e fazer os jogadores realmente sentirem algo, seja raiva, tristeza ou um pouco de felicidade.
Gráficos e desempenho
The Walking Dead apresenta visuais que se assemelham a quadrinhos, semelhante ao estilo de Borderlands. Portanto, o game fez um bom trabalho em transmitir a violência gráfica das HQs e, ao mesmo tempo, fazer uma excelente construção de cenários. Ruas destruídas, casas abandonadas, infestações de zumbis… são alguns dos ambientes que encontraremos na jornada. Cada um destes ambientes possui características únicas e até mesmo marcantes.
Minha experiência foi no PC, com uma GTX 1650. O game rodou muito bem a 60 FPS e não apresentou problemas de desempenho, bugs e nem travamentos.
Conclusão
The Walking Dead tem uma excelente narrativa. Os jogadores sentirão raiva, tensão e até mesmo se emocionar com a história de Lee e Clementine. Embora o game abra mão de personagens consagrados no universo de TWD, isto não faz falta e apenas torna os personagens deste jogo ainda mais interessantes. Pois, eles não estão na sombra de grandes heróis de outras histórias, como o já citado Rick Grimes.
Embora acerte na história, a jogabilidade acaba sofrendo. Principalmente na movimentação do personagem e na interação com objetos. Pois, passam a sensação do protagonista ser travado demais e com uma certa dificuldade em interagir com coisas básicas.
Mesmo não sendo perfeito em todos os aspectos, The Walking Dead mereceu o Goty de 2012. Com personagens carismáticas, muita tensão e sentimento, temos aqui não só uma das melhores histórias do universo TWD, mas também uma das melhores já apresentadas em um jogo.