Introdução
O título deste post é tão triste como parece: os fliperamas não vão ressuscitar? Já foram grande febre de décadas passadas, point dos então gamers, mas que, hoje, têm poucas chances de ressuscitar. Mesmo com o grande boom dos jogos de luta. Apesar de este gênero aparentar ter um bom momento, não podemos dizer o mesmo do estabelecimento onde esse gênero se consagrou.
Mas o que está acontecendo para perdermos a esperança? Não há chance de reverter esse quadro?
O que foi um fliperama?
Se o caro leitor nasceu após a década de 90, talvez não tenha ideia do que foi um fliperama. E aqui, contaremos algo diferente da história das máquinas de videogame, mas sim o que eles eram para o jovem daquele período. Primeiramente, temos que lembrar que em gerações anteriores a XBOX 360 e Playstation 3, comprar consoles de videogame tinha um encargo muito alto. Pois o acesso era difícil e caro.
Consoles custavam muitos salários mínimos (não que alguns atuais estejam diferentes). Na verdade, jogos tinham preço de salário mínimo. Por isso, surgiram as locadoras, onde não apenas se podia alugar o jogo para levar para casa (para quem tinha console), mas os jogadores poderiam pagar pelo tempo de consumo de videogame. E também, havia as casas de fliperama onde os mais fortes jogavam por ficha e quanto mais habilidosos, mais tempo jogavam.
Ou seja, o gamer da época tinha opção de pagar por um tempo pré-determinado, ou usar esse mesmo dinheiro, confiar em sua habilidade para jogar mais tempo enfrentando amigos, estranhos e as máquinas. Essas duas situações tinham um fator social muito forte. A pessoa encontrava laços em ambientes diferentes dos tradicionais escola e família.
Mesmo que tivesse o custo de pagar por vez ou por tempo, o retorno em diversão era muito grande. Fliperama passou de um lugar de jogar para um lugar de encontrar amigos. Por isso, muito nostálgico torce para essa lenda ressuscitar.
O que aconteceu com os fliperamas?
Como algo tão bom acabou? A resposta não é tão difícil.
Os jovens se tornaram adultos e não tinham mais tanto tempo para passar em casas de jogos. Os jogos ficaram mais acessíveis (seja por desbloqueio ou compra de originais). Também, a emulação trouxe os arcades para dentro de casa. Um detalhe a destacar é que os jogos de fliperama superavam (e muito) os jogos para consoles domésticos na questão gráfica. Por isso, havia quem comprava determinado console pelo melhor port de um jogo de arcade.
Com tanta facilidade, a ideia de sair de casa para pagar para jogar se tornou obsoleta. Afinal, não havia necessidade. A pessoa poderia simplesmente baixar um jogo, gravar em um CD ou DVD e jogar no conforto de casa. E isso com a mesma qualidade (talvez até melhor) do quo o jogo de arcade. Temos que destacar que não consta aqui uma apologia ou crítica ao ato de realizar downloads de jogos, apenas comentando o que costumeiramente acontecia.
A SNK, a qual tinha seu negócio baseado praticamente apenas em fliperama, faliu. Capcom ficou muito tempo sem desenvolver jogos voltados aos arcades. Se as duas gigantes estavam fora, não tinha mais para onde correr. No caso do Brasil, máquinas piratas ainda resistem em algum bar de esquina. Contudo, jogo pirata não rende dinheiro para empresa. Por isso, abandonaram o negócio dos arcades.
Mas ainda existe fliperama fora do Brasil
Infelizmente, isso se resume à Ásia, principalmente ao Japão. O segmento de fliperama nunca morreu de fato, mas já teve dias melhores. O estilo de máquina mudou. Então, se encontra praticamente de tudo, inclusive máquina para fazer magia, tocar piano, se passar por idol japonesa e principalmente os UFO Catchers, aquelas máquinas com garrinha que sempre te dão esperança de na próxima conseguir o prêmio.
Uma das mais sensacionais que vi recentemente consiste no jogador poder pilotar um robô gigante e a máquina balança de acordo com os movimentos que se faz no jogo. Até o Mario Kart entrou na onda dos fliperamas e os jogadores podem dirigir um kart da Nintendo, e tirar sua foto para postar no ranking. Caso tenha um cartão, pode salvar o progresso e guardar itens para próximas jogatinas.
Então, os fliperamas vão ressuscitar?
Difícil. Há muitas coisas que contribuem para desencorajar as pessoas a jogarem nos fliperamas. Mesmo no oriente, no período de pandemia, as coisas também não andam muito boas por lá. Voltemos um pouco no tempo. Como dito antes, um dos fatores que prejudica a era dos arcades ressuscitar é:
O acesso à tecnologia.
O que antes era apenas encontrado em fliperamas, hoje em dia cada casa pode ter o seu. Até mesmo os periféricos. Por exemplo, a série Taiko no Tatsujin, famosa por representar uma arte oriental com tamborzinhos bem fofinhos, e sucesso nos arcades, chegou aos consoles. Não é difícil achar o tambor com as palhetas para jogar. Ainda temos o controle da Hatsune Miku, Idol da SEGA que até já fez show ao vivo em forma de holograma.
Multiplayer online também é outra razão.
Conforme dito antes, um dos grandes motivos de ir a um fliperama é o fator social. Porque a diversão ali é uma soma de fatores que é maior do que apenas os jogos. Nos arcades surgiam rivalidades saudáveis e novos amigos. Para uma criança/adolescente dos anos 90, conhecer uma pessoa que não é do seu bairro, e nem da sua escola, era algo extraordinário.
Hoje em dia, não há mais a necessidade de ir a um local especializado para isso. Não que não existam, porém, se tornaram mais opcionais. Atualmente, você pode juntar seus amigos e/ou conhecer gente nova nos lobbies de jogos multiplayer. Apesar de algumas plataformas cobrarem por isso, por meio de assinaturas, há o retorno por oferecimento de jogos de forma gratuita.
Considerando o custo de transporte e mobilidade urbana, afinal, nem todo mundo tem um amigo perto de casa, acaba sendo mais prático marcar por “Zap” uma jogatina. Até mesmo a SEGA vendeu sua rede de fliperamas para outra empresa que não tem o mesmo carisma. Com a acessibilidade de jogos online, cada vez mais as pessoas sentem menos vontade de jogar fora de casa. E como consequência, temos outro motivo:
Público restrito
As pessoas que expressam desejo de jogar em fliperama são pessoas que viveram a era dos fliperamas. E, convenhamos, não um grande público. As empresas almejam ganhar dinheiro. Por essa razão, o negócio dos fliperama dificilmente vai ressuscitar, justamente por ter um público pequeno. Isso não quer dizer que ter os fliperamas de volta seja bom ou ruim, mas apenas algo difícil de acontecer.
Seria legal o fliperama ressuscitar
Por mais que eu e outras pessoas desejem o retorno dos fliperamas, as chances são mínimas. Por outro lado, ficam as lembranças boas de bons tempos que não voltam. Ainda que existam estabelecimentos que tentem trazer algo temático, servem apenas para nostalgia.
Talvez, a forma que eles ainda se mantenham seja o jeito que encontram para se manter ativos, mesmo sem a força de antigamente. Entretanto, se você curte e tem um arcade perto de sua casa, faça uma visita. Jogue, chame os amigos, relembre os bons momentos. A era dos fliperamas talvez não volte, mas a diversão pode continuar.