Introdução
Touhou Project é uma série de jogos de tiro no melhor estilo bullet hell: muitos tiros e pouco espaço para se esquivar. Geralmente, de rolagem vertical e feitos pela Team Shanghai Alice, com três spinoffs de jogos de luta co-produzidos com Tasogare Frontier. Muito parecidos jogos de tiro normais, mas se concentram mais em tecer padrões complexos que contêm de dezenas a centenas de balas. Inclusive, há uma análise de um deles aqui.
Os jogos se passam na terra da fantasia de Gensokyo, e a série é conhecida por seu enorme elenco de personagens, histórias bem desenvolvidas e materiais relacionados, como CDs de música, quadrinhos feitos por fãs e vídeos animados das músicas. Além de, é claro, a participação em outros jogos.
Desta vez, a série traz Touhou: New World, um RPG de ação com elementos de jogos de navinha mantendo o padrão de qualidade da série com muita diversão. Publicado por Marvelous/Xseed, bruxas fofinhas levam ao jogador muita diversão, ação e um modo diferente de jogar RPG.
Disponível para consoles Playstation a partir de 12/09/2023 e disponível para demais plataformas desde julho de 2023.
Um novo mundo para Touhou
Em algum lugar nas montanhas do Japão, isolada do resto do mundo por áreas místicas, fica a terra de Gensokyo. Lá, Reimu e Marisa vivem vidas monótonas, até que uma reviravolta do destino envia as duas para fora dos limites de sua casa, para uma cidade desconhecida e para a vida de Sumireko, uma garota psíquica que sonha em visitar Gensokyo. Há algo estranho nesse encontro. Porém, cabe ao jogador descobrir uma forma de levar a garota de volta ao seu mundo enquanto ajustam as coisas em Gensokyo.
Para os que nunca experimentaram um título da série, não há porque se preocupar. Primeiro que, caso se interesse em revistar todos os jogos antes, terá muito trabalho, já que esta é uma série com muitos títulos. Segundo, a preocupação da história é fazer com que o jogador se situe no universo do jogo. Dessa forma, não há uma “cobrança” de conhecer todo o cânone de Touhou. Assim, basta jogar e se divertir. E por ser um RPG de ação, vai se trabalhar muito a questão dos reflexos.
Não é de navinha, mas poderia ser
Touhou: New World, traz elementos novos para a série e ainda mantém sua essência. Pois, além de ser fiel à mitologia de Gensokyo, continua com o esquema de combate estilo jogo de navinha. Mesmo que outros jogos da série não usem o conceito bullet hell, a grande maioria tem isso em sua essência. E a forma como combina qualidades de jogos distintos marca a série de uma forma positiva.
Ainda seguindo sua tradição, há uma preocupação com o enredo para dar destaques aos personagens presentes. E este título trabalha muito bem isso tendo mais de 30 personagens da série. Assim, além de agradar os antigos jogadores com referências a jogos anteriores, também agrada quem está conhecendo a série agora pela variedade.
Sobre variedade, Touhou: New World, tem muito a oferecer, a começar pelo modo de combate. Ao utilizar o sistema de “navinha” para batalhas de RPG, deixa o processo de evoluir menos estressante e/ou maçante. Pois cada batalha é um desafio em si, principalmente nas batalhas contra os chefes, em que cada um tem seu padrão de ataques e parte da diversão está em descobrir este padrão. O nível de desafio é moderado, então não afastará jogadores novatos e nem será muito fácil para os mais experientes.
Além da história principal, como todo bom RPG, há as side quests, missões que vão além de solucionar o mistério da visitante inesperada de Gensokyo. Para ajudar a superar esses desafios, há diversas habilidades que o jogador pode ir mudando de acordo com seu estilo. Mas, talvez, as iniciais sejam de boa ajuda por um bom tempo. Provavelmente isso deve ter sido pensado por causa do conceito atire em tudo e não seja atingido. Há a recomendação de escolher bem e saber usar bem as habilidades da personagem, principalmente nas boss fights. Por isso, não deixe de conferir as novas habilidades que ganhar durante a aventura.
Encanto do novo mundo
Touhou: New World tem uma arte bonita, porém os gráficos não acompanham tanto. Mas isso não quer dizer que os gráficos sejam ruins, apenas que poderiam ser melhores. Contudo, nada que estrague a diversão. Na verdade, isso só afetará aos mais exigentes. Ainda mais por todo o conceito de anime no jogo estar lá, o que contribui bastante. Além disso, toda a ambientação de Japão tradicional, outra marca da série, deixa a visão da paisagem mais gostosa de ver.
Por outro lado, a trilha do jogo não decepciona. Provavelmente por vender CD’s em alguns países, as músicas contribuem em muito com a dinâmica do jogo. E graças à música, o jogador esquece a parte monótona de RPG de ter que lidar com monstros a todo momento ou quando tem que revisitar alguma parte.
Vassoura quebrada
Touhou: New World possui algumas limitações de jogos antigos. Uma delas é a exploração básica. Apesar de não ser necessariamente um problema para os que odeiam ficar perdidos no jogo, isso compromete a parte da descoberta. Por outro lado, afasta a frustração de o jogador esquecer para onde tem de ir.
Como consequência, isso gera a limitação de movimentação no mapa. O jogador deve escolher pontos para ir, semelhante Atelier Marie, e lá fazer “uma varredura” e cumprir os objetivos. Para alguns jogadores, isso pode parecer algo meio mecanizado. Apesar de não afetar tanto assim a diversão, com o tempo pode saturar devido à quantidade de horas que o jogo demanda do jogador.
Contudo, o que talvez possa representar o maior defeito do jogo é o tanto de itens repetidos que se coleta. Diferentes inimigos deixarão os mesmos itens por muito tempo. Ou o jogador encontrará um baú que terá um item muito comum, meio que desqualificando o trabalho que teve para chegar lá.
Falando em trabalho, o jogo já combina dois gêneros de jogos opostos e ainda inclui um de forma não muito significativa. No caso, o gênero plataforma. Em alguns momentos, o jogador terá de pular entre um lugar e outro e se errar o pulo, vai lá para baixo, tendo que começar tudo novamente. Para quem joga RPG ou shoot’em up, não quer ter que ver uma plataforma.
Apesar desses detalhes, o jogo funciona muito bem e diverte bastante. Dessa forma, fica apenas o aviso que o jogador terá de encarar esses desafios. Porém, em relação ao que jogo oferece, esses detalhes são coisas mínimas que podem ser suportadas pela diversão maior.
Entre nesse novo mundo
Touhou: New World é um jogo bem divertido que une ação de um jogo de navinha e uma história de RPG. Com uma excelente trilha sonora e chefes divertidos de enfrentar, é uma ótima pedida para quem quer um jogo diferente e que não dê tanto trabalho para entender. Além disso, a variedade de habilidades e armas aumenta o fator de permanência no jogo para testar essas coisas diferentes.
*Análise realizada em Playstation 5