Brasil Game Show 2023
A Brasil Game Show 2023 teve cinco dias repletos de novidades relacionadas a games. Essa foi a décima quinta edição do evento, a segunda depois da pandemia de Covid-19. Pela segunda vez, estive na feira para celebrar os games e, claro, participar como representante da Garota no Controle.
No evento, foi possível testar jogos como Prince of Persia: The Lost Crown, Super Mario Bros. Wonder e Ordem Paranormal: Enigma do Medo. Além disso, houve diversas conversas sobre futuros jogos e, claro, a avenida indie que trouxe jogos brasileiros interessantes.
No entanto, como qualquer outro evento de grande porte, há altos e baixos de participar da maior feira de games da América Latina. Neste artigo, listarei 4 prós e 4 contras da BGS 2023.
Prós
Jogos disponíveis para jogar antes do lançamento

Muitos jogos estavam à disposição do público para testes. Não me decepcionei nem um pouco com a seleção que as empresas trouxeram para a BGS 2023. Joguei Super Mario Bros Wonder, a renovação de uma franquia com mais de 40 anos de história, e me apaixonei pelo jogo. Testei, também, Prince of Persia: The Lost Crown, que, de acordo com o time de desenvolvimento, é uma carta de amor ao jogo original de 1989.
Da mesma forma, o stand da Nuuvem estava com diversos jogos indies e esperados pelos fãs. Enigma do Medo, jogo do Cellbit baseado em seu RPG, estava encantador. Além deste, também estavam no stand Rasek e Ruff Ghanor, jogo inspirado no universo criado pelo Jovem Nerd.
Apesar de alguns desses jogos não terem previsão de estreia, foi interessante acompanhar essa leva de jogos brasileiros que saíram da bolha e estão mais mainstream.
Avenida Indie

Em breve, teremos um artigo falando sobre os jogos brasileiros que mais me chamaram a atenção na Avenida Indie da BGS 2023. No entanto, é preciso adicioná-la como um dos grandes pontos positivos do evento.
Jogos em alpha, jogos em beta, jogos que não são nada além de uma ideia, além de jogos finalizados… A variedade de games disponíveis na Avenida Indie é tão diversa quanto o nosso país e isso é incrível.
A possibilidade de conversar com os próprios desenvolvedores, saber como estão os jogos e entender um pouco mais sobre os bastidores desse universo é algo que sempre me interessou. Por isso, passei grande parte do meu tempo ali na avenida.
Cosplays

Eventos gigantes como a BGS sempre estão lotados de cosplayers das mais diversas formas. É muito bom ver pessoas apaixonadas por essa arte e por esses personagens se encontrando, tirando fotos e sendo expostos a um número gigantesco de pessoas todos os dias.
Apenas imagino o quão cansativo deve ser atender pessoas que não são respeitosas, além das roupas enormes e, muitas vezes, calorentas. Tenho total respeito a eles e, por isso, tiro sempre algumas horas do meu dia para caçar cosplayers dos meus personagens favoritos e tirar fotos deles.
Reencontrar pessoas

A Brasil Game Show é o point se quero encontrar pessoas que trabalham na área de games, sejam jornalistas, streamers e produtores de conteúdo. E isso eu não falo apenas de influenciadores, mas também amigos de longa data.
Como não moro em São Paulo, a BGS é o evento perfeito para fazer conexões, conversar com desenvolvedores de jogos, e trabalhar com os conteúdos. Gosto muito da atmosfera, do caos e da felicidade que é estar ali, com diversas pessoas que gostam da mesma coisa que você.
Contras
Evento lotado

Talvez não devesse ser um ponto fraco do evento, mas sinto que a BGS 2023 encheu de uma maneira que eu não tinha presenciado ano passado. Quinta, sexta e sábado foram os dias mais cheios, com todos os ingressos vendidos. Isso, é claro, levou a filas gigantescas, corredores lotados e muita, muita gente em todos os cantos. O único momento que encontrei paz foi durante as idas a sala de imprensa.
No caos e na felicidade que mencionei no tópico acima, a gente encontra problemas: lá pelas 16h, o fedor se fez presente em diversas áreas do evento e, bem, isso não é legal. Além disso, as pessoas simplesmente paravam nos corredores e atrapalhavam o trânsito. Uma dica: sempre saiba aonde você está indo, senão vai dificultar os amiguinhos.
E olha, eu já fui em CCXP em que todos os dias estavam lotados e também não conseguia andar, mas pelo menos aproveitei os stands através de ativações com hora marcada. O que me leva ao próximo ponto.
Stands sem criatividade

Eu sou cria da CCXP. Fui em diversas edições do evento e nunca vi um stand repetido, mesmo que a marca estivesse lá no ano anterior. Na BGS foi completamente diferente.
O stand da Nintendo estava a mesma coisa de 2022, inclusive com mesmos jogos como Mario Strikers e Super Smash Bros. Os mesmos locais, as mesmas estações e até a mesma forma de apresentar os jogos. Tudo era igual.
A HyperX, por exemplo, nem se importou em trazer algo novo: utilizou a mesma base do stand do ano anterior e é isso. As empresas utilizaram até o mesmo local onde estavam em 2022 e esperavam que a gente não fosse perceber. Quando não havia estações de jogos, estavam stands para fazer compras com promoções duvidosas.
Haviam palcos em diversos stands para a presença de influencers e jogadores de e-sports, que inflavam ainda mais o evento dependendo do dia e da hora. Para quem gosta de jogar, participar de ativações e fazer comprinhas simples, o evento deste ano pecou em criatividade.
Brindes fracos
Eu sei que muitas pessoas vão para eventos por conta dos brindes (eu sou uma delas). Gosto de participar de ativações, brincadeiras e tudo mais que a empresa se propõe a me entregar em um evento gigantesco como a Brasil Game Show 2023.
No entanto, esse ano percebi que as coisas estavam mais fracas. A Nintendo fez muita gente passar horas em filas de jogos para receber um mísero chaveiro do Mario. Perdi as contas de quantos bottons eu ganhei nesses cinco dias de BGS. Pôsteres então, nem se fala (muitos são lindos, mas a maioria é bem fraquinha).
Ano passado, para se ter uma ideia, ganhei um Dualshock 4, diversas camisetas e incontáveis copos. Neste ano, os brindes ficaram por conta da cara de pau: você tinha que gritar mais alto que os outros e participar das atividades no palco.
Outro exemplo foi a parceria entre a Ubisoft e a Playstation. Como a Sony não estava na feira, eles levaram uma roleta que estava lá no ano anterior, tamparam com fita crepe os brindes indisponíveis, e tinha um momento Playstation no palco. Ao invés de darem jogos de Playstation 5, como em 2022, esse ano os brindes foram jogos de Playstation 4, como se quisessem fazer uma limpa no estoque. Meio vergonhoso.
A falta de grandes empresas

Em 2023, a Brasil Game Show perdeu uma grande patrocinadora: a Playstation. Como a Xbox já não apareceu no ano passado, imaginei que não estaria esse ano, mas a Sony foi um grande choque. No local onde o stand da Playstation brilhou em 2022, ficou um grande vazio… literalmente. A WB Games e a EA estavam lá com torres de jogos como os lançamentos Mortal Kombat 1 e EA FC 24 e também… The Sims 4. Como dito, faltou criatividade para preencher esse espaço da feira.
Outras duas empresas que não compareceram na edição deste ano foram a Twitch e o YouTube. A Twitch teve uma grande presença no BIG Festival, mas resolveu não aparecer para a Brasil Game Show 2023. Em 2022, ambas as empresas tiveram stands gigantescos e ofereceram uma plataforma para encontrar influencers e streamers.
A Capcom também não esteve presente este ano e, mesmo tendo apenas um pequeno stand em 2022, ainda trouxeram Street Fighter VI para jogarmos antes do lançamento. Enfim, são marcas importantes para a indústria e, sem elas, a BGS 2023 perdeu um pouco seu brilho.
Balanço final

Adoro eventos como a Brasil Game Show e a CCXP. Para mim, são o ápice do meu momento enquanto fã, redatora e produtora de conteúdo. Gosto de me divertir com os stands, com as pessoas e os cosplayers. Apesar de tudo, gosto também do caos e da confusão que é passar cinco dias acordando cedo, indo dormir tarde e presenciando tudo o que amo em um único lugar.
Dessa forma, acredito que a Brasil Game Show 2023 foi um bom evento. Deu para me divertir, conversar com gente legal, ganhar brindes legais (a Ubisoft me deu uma tatuagem de verdade, sabe) e, obviamente, jogar muitos jogos.
No entanto, sinto também que a feira está caminhando para algo que talvez muitas pessoas não gostem. Ao lado da sala de imprensa, por exemplo, havia uma sala de descanso apenas para pessoas com mais de 1 milhão de seguidores em uma única rede. Muitos dos influenciadores não tinham esse número. E, passando por lá todos os dias, pude perceber um ar de superioridade daqueles ali.
Talvez a organização pudesse olhar para o que realmente torna a Brasil Game Show o maior evento de games da América Latina: os jogos. Sem eles, não tem como chamar atenção da galera, muito menos trazer esses grandes influenciadores que eles tanto queriam deixar confortáveis.