Introdução
Ghostrunner 2 é uma sequência que tanta inovar em cima de uma base que funcionou muito bem no jogo anterior. Sou fã de carteirinha do primeiro game e gosto bastante da forma que a obra original consegue balancear cenários bonitos, uma jogabilidade desafiadora e acelerada, e ainda oferece puzzles criativos ao decorrer do caminho. Portanto, quando a sequência foi anunciada, fiquei animado para ver as várias novidades que chegariam ao jogo para tornar a experiência ainda mais impactante. Entretanto, quando testei a demo da Steam, fiquei preocupado em como mudanças na jogabilidade mudaram totalmente o feeling do jogo.
No título, assumimos o controle de um ninja chamado Jack e devemos avançar por cenários enfrentando inimigos com nossa espada e fazendo vários movimentos de parkour. Na tentativa de melhorar a fórmula, o novo título introduz mecânicas que não agregam muita coisa, mas acabam prejudicando a experiência dos jogadores que gostaram do Ghostrunner original. Claro, existem novidades realmente interessantes, mas até que ponto vale a pena comprometer aspectos de gameplay que já funcionam na tentativa de inovação? Para conferir a resposta, venha comigo em mais uma análise do Garota no Controle.
Ghostrunner 2 foi desenvolvido pela One More Level e lançado no dia 26 de outubro para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store.
O retorno do cyberninja Jack
Ghostrunner 2 apresenta a continuação da história do ninja Jack. Após os eventos do primeiro game e a queda da tirana Keymaster, o ninja cibernético e sua equipe devem agora lutar contra uma ameaçadora seita de IA que ameaça o futuro da humanidade.
Em relação à narrativa, o game apresenta uma melhora no desenvolvimento do protagonista e dos personagens que interagimos no quartel-general durante as missões.

Ao fim de cada fase, visitamos um local em que podemos realizar melhorias no personagem principal e conversar com alguns NPCs para conhecermos mais sobre o mundo ao nosso redor. Este aspecto funciona de maneira bem básica e os diálogos são bem simples, servindo apenas para contextualizar as missões que realizamos no jogo. Portanto, não espere grandes desenvolvimentos dramáticos e emocionantes aqui. Entretanto, este fator acaba não fazendo tanta falta, já que a parte mais interessante de Ghostrunner 2 é a gameplay.
A jogabilidade está mais desafiadora do que nunca
Um dos grandes acertos do primeiro jogo foi estabelecer uma aventura extremamente desafiadora. Este fator felizmente continua presente nesta sequência. Temos uma perspectiva em primeira pessoa e o protagonista pode andar, correr, executar pulo duplo, parkour, andar na parede e até mesmo usar uma corda para alcançar lugares mais distantes. Os cenários do jogo são projetados de uma maneira bem competente para os jogadores fazerem uso das skills durante a locomoção nas fases. Em relação ao combate, o protagonista pode atacar usando sua espada, lançar shurikens e até mesmo realizar golpes usando o cenário.

As fases de Ghostrunner 2 funcionam da seguinte maneira: Jack deve avançar pelos cenários utilizando suas habilidades de parkour e matando inimigos. Porém, é preciso cuidado, pois o personagem principal é derrotado com apenas um golpe. Logo, os jogadores precisam dominar as habilidades do protogonista para sobreviver a avançar pelos cenários cyberpunk do game. Infelizmente, nem tudo são flores neste aspecto. Pois, diferente do primeiro jogo que apresentava um bom balanceamento entre as formas criativas de avançar pelos locais e o combate, aqui o título acaba focando mais nos confrontos e este aspecto não funciona tão bem. Pois, em Ghostrunner 2, Jack está mais lento, e cada golpe da espada tem um grande delay para atacarmos novamente, tornando os confrontos menos fluidos e até mesmo pouco responsivo.
Fica claro durante o jogo que esta escolha foi feita para os players explorarem mais os cenários em busca de formas criativas de progredir. De certa forma, isto funciona, pois, em cada cenário temos caixas, passarelas e até mesmo um sistema de contra ataque que podemos usar para derrotar nossos inimigos de diferentes formas. Porém, é frustrante que o título ofereça tantas maneiras de avançar e no fim, o personagem acabe morrendo porque o sistema de ataque não funcionou como deveria, forçando o jogador a passar todo aquele trecho da missão novamente. Além disso, outro aspecto negativo é que desta vez, Ghostrunner 2 retirou quase que totalmente os puzzles desafiadores presente no game anterior. Em vez disso, temos quebra-cabeças simplificados demais, que apenas envolvem usarmos shuriken para abrir alguma porta ou irmos até um local específico para puxarmos uma alavanca.
Novidades no gameplay e personalização de personagem
Uma das grandes novidades do game são os cenários em que controlamos uma moto. Embora pareça ser uma boa ideia inicialmente, as fases que envolvem esta mecânica não funcionam muito bem, pois o controle da moto é pesado e não responde como deveria, tornando estas fases mais desafiadoras do que elas realmente deveriam ser. Além disso, as missões são repetitivas demais, sempre envolvendo desviar de obstáculos e ocasionalmente lutarmos contra inimigos.

Outra novidade que chegou em Ghostrunner 2 é a personalização de personagem e os upgrades de habilidades. Portanto, entre as missões, quando o protagonista está no quartel-general, é possível gastarmos pontos para personalizar o visual da nossa espada e até mesmo adicionar melhorias em várias skills do personagem. Infelizmente, as habilidades acabam não transmitindo um real sentimento de progressão. Pois, os principais aspectos da jogabilidade envolvendo a movimentação e o timing dos ataques acaba não sendo aprimorado na medida que desbloqueamos novas skills. Logo, elas fornecem novos golpes, mas falham ao aperfeiçoar o conjunto de habilidades do protagonista.
Os chefes oferecem uma variedade de lutas desafiadoras
Um aspecto que Ghostrunner 2 se destaca são as lutas contra chefes. Pois, elas apresentam um real desafio aos jogadores, ainda mais considerando que se Jake levar um golpe sequer, é game over. Assim sendo, durante estes confrontos, o domínio dos players em relação aos golpes do protagonista são colocadas a prova. Logo, é necessário fazer uso de vários ataques, entender os padrões de golpes do inimigo e usar até mesmo o cenário ao nosso favor. Como um grande fã de souls like, gostei bastante do desafio proporcionado durante estes combates, sendo que acredito que poderiam ter adicionado ainda mais destes embates no título.
Uma excelente trilha sonora
Um dos grandes destaques de Ghostrunner, desde o jogo original, é a trilha sonora. O jogo apresenta várias faixas voltadas para o rock e o metal que tornam os confrontos e a movimentação pelos cenários ainda mais imersivo. Além disso, o game faz um bom trabalho no aspecto sonoro da movimentação do personagem e do som dos golpes executados pela espada. Isto torna movimentos como esquiva, defesa e até mesmo ataques bem sucedidos, algo bem satisfatório.
Gráficos e desempenho
Visualmente, Ghostrunner 2 impressiona bastante. O título apresenta de uma forma incrível locais com uma atmosfera cyberpunk pós-apocalíptica, enfatizando bastante o declínio da humanidade naquele mundo e a predominância da tecnologia apesar de tudo. O jogo também apresenta excelentes designs de chefes e personagens, embora deixa um pouco a desejar nas expressões faciais nos segmentos que precisamos conversas com alguns NPCs.

Minha experiência foi no PlayStation 5. O game rodou de forma fluida durante toda a aventura e não tive problemas com bugs e nem travamentos. Além disso, o título apresenta três modos de jogo: qualidade, desempenho e ultra desempenho. No modo Qualidade, temos uma alta resolução, mas uma taxa de quadros que apresentou muitas quedas durante a minha jogatina. Já no desempenho, tive uma experiência fluida travada a 60 FPS, sem quedas. Por fim, o modo ultra desempenho tem a proposta de apresentar taxas de quadros ainda mais altas para aumentar a fluidez. Nesta modalidade, no entanto, a qualidade gráfica é reduzida, e a queda da resolução torna-se bastante perceptível.
Conclusão
Ghostrunner 2 tenta apresentar várias inovações em comparação com o jogo original. Entretanto, na tentativa de introduzir coisas novas, o game acaba se perdendo e cortando aspectos que tornavam a experiência de Ghostrunner única. Por exemplo, os puzzles desafiadores e um combate mais tático. Em vez disso, esta sequência prefere focar mais na ação e em combates mais frenéticos. Embora tenham seus momentos impressionantes, como as lutas contra chefes, na maior parte do tempo acabam entregando uma aventura frustrante por culpa do delay dos comandos e de adições que não desafiam o jogador de formas criativas. Assim sendo, embora tenha seus pontos fortes, Ghostrunner 2 é uma sequência que decepciona.
*Chave cedida para análise no PlayStation 5