Introdução
Jogos cujo foco é a história sempre me pegam de jeito. É sempre bom se aventurar em novos mundos, histórias e personagens. Ao entrar em Saltsea Chronicles, senti que teria uma experiência diferente. Do mesmo modo, foi uma experiência que me cativou do início ao fim. Nesta análise, pretendo dissecar esse jogo que chamou tanto minha atenção ao longo das últimas semanas.
Saltsea Chronicles está disponível no Nintendo Switch, Playstation 5 e PC (Steam). O jogo é desenvolvido e publicado pela Die Gute Fabrik, estúdio dinamarquês e britânico.
História
Antes de mais nada, Saltsea Chronicles conta a história de uma tripulação de um navio em um mundo pós-apocalíptico conhecido como, obviamente, Saltsea. Neste navio, a equipe desajustada tenta se entender e encontrar a Capitã Maja, que desapareceu após uma noite de alegrias em terra. Seu objetivo, em outras palavras, é encontrar a Capitã e descobrir seus segredos, além de explorar o universo do jogo através de conversas, relacionamentos com os personagens e investigando os locais.
Ao longo dos diversos capítulos do jogo, entendemos mais sobre o universo de Saltsea. Muitos anos antes, por exemplo, uma Inundação encheu o mundo de água, cobrindo quase todos os continentes do planeta. Assim, a única forma de sobreviver em Saltsea é em pequenas ilhas, com comunidades diversas e interessantes, e em navios, como o da Capitã Maja.
Talvez o que mais me chamou a atenção na história de Saltsea Chronicles foi exatamente o modo como o mundo tornou-se assim. Em um mundo com problemas insustentáveis relacionados ao aquecimento global (ou ebulição global), me assusta a possibilidade de, não muito em breve, vivermos em Saltsea. Achei interessante como os desenvolvedores conseguiram englobar esses problemas de maneira sincera e pouco preocupante.
É uma história cativante, com momentos bons e personagens que me chamaram a atenção.
Personagens
Nenhum jogo fortemente baseado em história consegue se sustentar apenas com uma boa ideia. É preciso que seus personagens sejam tão interessantes quanto sua construção de mundo. Saltsea acerto nos dois requisitos. Aqui, temos inicialmente 4 tripulantes no navio após o sumiço da Capitã Maja e todos eles são cativantes em sua própria maneira.
O elenco é muito diverso. Há uma mãe com um bebê muito fofo, sofrendo pelo desaparecimento da mulher, além de uma pessoa não-binária, aficionada por rádios e equipamentos eletrônicos. Existe uma cozinheira chamada Stew que entende muito sobre o mundo. Conforme avançamos nos capítulos, outras pessoas chegam à nossa tripulação, como um senhor apaixonado por aves e uma hostess viciada em dançar.
Não jogamos só com um personagem, mas sim com toda a tripulação. Através dos diálogos, escolhemos qual é a melhor opção de fala para o momento. Em contrapartida, essas escolhas não fazem tanta diferença ao longo da história, sendo apenas uma forma de se sentir como o personagem.
Acima de tudo, Saltsea possui personagens interessantes, com histórias próprias e mistérios para resolver. Acabei me afeiçoando muito a eles, sentindo a importância de cada um deles dentro da minha tripulação.
Jogabilidade
Não tem segredo: Saltsea Chronicles é como uma visual novel. Ou seja, você lê os diálogos, escolhe algumas opções de diálogo que mais encaixam ali e segue sua história. É um jogo para jogar antes de dormir, quando você está deitado e pronto para não pensar em muita coisa. Se você não gosta de jogos “parados”, então pode passar longe dele.
Como dito, você escolhe como vai jogando através dos capítulos. É possível decidir, sempre ao final de um capítulo, para qual ilha você vai em seguida. Isso deixa essas decisões mais na sua mão do que os diálogos, por exemplo. É importante dizer que o jogo não possui localização em português brasileiro, o que pode afastar alguns jogadores.
Ah, não posso deixar de mencionar o Spoils. É um jogo de cartas criado pelos desenvolvedores e que os moradores de Saltsea jogam constantemente. Em diversas ilhas, é possível encontrar mesas com jogadores. Não experimentei muito do Spoils, mas me parece interessante e bem desenvolvido. Algumas ilhas, por exemplo, têm até regras próprias.
Arte e trilha sonora
Saltsea Chronicles é um jogo muito bonito. O estilo artístico é inspirado em ilustrações de livros de histórias infantis que eu tanto leio enquanto professora e adorava ler quando criança. As animações são muito boas e, apesar de não haver muitas diferenças entre os sprites dos personagens, eles ainda são diversos e belos a sua própria maneira.
É um estilo que chama sua atenção desde o início. Não é difícil ficar encantada com a forma que a história é contada pelas imagens. Todos os cenários são muito bem construídos, com locais que lembram o mundo antigo – o nosso mundo, diga-se de passagem – e me deixaram curiosa para saber mais sobre a história desse universo.
A trilha sonora também é bastante tocante, acertando em diversos momentos. Eli Rainsberry é a pessoa responsável pelas músicas do jogo, e elu já trabalhou também em jogos como No Longer Home e A Monster’s Expedition. É uma trilha híbrida guiada pelos locais e personagens do jogo.
Análise de Assassin’s Creed Mirage
Vale a pena?
Saltsea Chronicles, assim como todas as visual novels sem localização PT-BR, é difícil de recomendar. Você precisa gostar muito de jogos nesse estilo, mais calmos, para realmente aproveitar esse aqui. Se nada desse estilo te agrada, então é melhor passar longe.
No entanto, se jogos com histórias interessantes, um mundo pós-apocalíptico que te deixa preocupado pelo futuro, e personagens diversos chamam sua atenção, logo Saltsea Chronicles é para você. Me emocionei ao ver personagens com quem me conectei de forma sincera, e acredito que poucas pessoas devem se sentir assim. Isso me lembra o quão importante é ter jogos com tamanha representatividade como em Saltsea.
*Chave cedida pela desenvolvedora.