Introdução
Wallachia Reign of Dracula soa familiar tanto pelo nome quanto pelas primeiras impressões ao ver imagens e vídeos. O jogo é até tachado de mais um metroidvania, mas não é.
Com um gameplay dificílimo e boas inspirações, Wallachia se destaca justamente por não ser mais um metroidvania. Podemos chamar esse jogo de um “contravania” e te explico o porquê.
Wallachia Reign of Dracula foi lançado para PC e Nintendo Switch em 28 de Fevereiro de 2020. Um ponto que já destaco como positivo é o jogo estar disponível com textos em português brasileiro.
História do Reinado de Drácula
Nesse jogo acompanhamos a história da camponesa Elcin, que perdeu a família e teve seu irmão raptado por Vlad Drácula. Primeiramente esse Drácula não é o mesmo presente em Castlevania. Vlad Drácula era um príncipe de Wallachia (ou Valáquia em português), região da Romênia que dá nome ao jogo.
Vlad governou com requintes de crueldade durante os séculos XV e XVI. Soldados inimigos capturados eram torturados, brutalmente assassinados e por vezes empalados. Histórias da época contam que Vlad bebia o sangue de seus inimigos e foi daí que surgiu a lenda do vampiro. Wallachia Reign of Dracula se mantém bem fiel a essa origem de Vlad, mostrando o terror dos habitantes e os cenários de destruição causados pelas invasões.
Elcin decide se vingar do tirano ao lado de seus parceiros Silviu, um lobo branco, e Christian, um ancião e dono do canídeo. Os desenvolvedores tiveram um certo cuidado com a história que se prova bem elaborada com reviravoltas interessantes.
Pular, atirar e morrer
Pular é a melhor defesa em Wallachia. Em vários momentos, em especial à partir do meio da jornada, você será rodeado de projéteis inimigos. Correr não é a solução e se você o fizer certamente não conseguirá passar pelos inimigos facilmente. O pulo é muito importante para realizar essa abordagem mais estratégica.
Atirar é satisfatório no jogo. Há variações dos tiros como flecha tripla ou flecha com bomba. Durante as fases também é possível adquirir um power up que aumenta o dano causado pelas flechas. É permitido ao jogador atirar em oito direções diferentes (cima, baixo, esquerda, direita e o intermediário dessas).
Morrer é algo que vai definir e muito a jogatina. Por vezes será frustrante, porém com o passar do tempo, você descobrirá as melhores maneiras de se manter vivo. Em um dos chefes eu persisti por horas até entender qual a melhor estratégia para derrotá-lo e enfim conseguir.
Outras habilidades
Antes de falar sobre mais variações ofensivas, temos também os coletáveis durante as fases. O orbe vermelho permite usar as habilidades mágicas como aumentar nível da arma ou te tornar invencível. Além disso, há os diferentes tipos de munição para as flechas como dito anteriormente. Bem como um que dá ao jogador uma vida extra e outro que o deixa invencível por um pequeno período.
Você terá a possibilidade de dar rasteira pelo cenário segurando o direcional para baixo e executando o pulo. Esse movimento requer prática e certamente você vai dar a rasteira para cima de um projétil ou inimigo sem querer. Após dominar essa técnica a jogatina ficará mais justa.
Outra possibilidade de ataque é usando a espada para ferir inimigos próximos ou destruir objetos. Nas passagens pelos cenários também é possível coletar power up para aumentar o ataque da espada. Não existem variações de ataques como, por exemplo, as diferentes flechas para o arco.
Além disso, ao pressionar o ZR no Switch o jogador irá circular entre as assistências disponíveis. Elas se relacionam em habilidades dos personagens secundários. O lobo Silviu é projetado na tela causando um alto dano nos inimigos à frente. O ancião Christian te concede invencibilidade por um certo tempo. Cada uma dessas assistências consome o orbe vermelho que é coletado ao abrir caixas ou derrotar inimigos.
O gênero “Contravania”
No início dessa análise eu disse que Wallachia é um “contravania”. O jogo possui uma jogabilidade um pouco mais completa, mas que se inspira basicamente em Contra.
A dinâmica run-and-gun tem o mesmo sentimento do jogo de NES lançado em 1988. Assim como a alta dificuldade e necessidade de precisão nos movimentos também são heranças claras do jogo da Konami.
O jogo te permite alterar a dificuldade entre fácil, normal ou difícil. No fácil haverá menos inimigos na tela, porém as conquistas estarão bloqueadas. O modo difícil por sua vez dá ao jogador algumas conquistas exclusivas e o desbloqueio de outros modos extras no jogo. A saber que jogar no difícil dá aos inimigos mais velocidade e maior agilidade.
Arte de Wallachia
Já as heranças de Castlevania estão mais no visual e construção de mundo. A época que se passa o jogo é no século XV e o design geral deixa isso muito claro. Construções, armas e personagens são muito bem trabalhados em sua parte artística.
Design de personagens principais e alguns bosses têm clara inspiração nos jogos da saga Castlevania. O estilo 16bits dos gráficos me fez ter momentos nostálgicos e parecia que eu estava jogando no MegaDrive.
Se eu não soubesse que o lançamento foi em 2020, diria com certeza que se trata de um jogo plataforma de um console antigo.
Tudo é muito bem feito e bem desenhado, a arte num geral presta uma bela homenagem ao gênero plataforma dos anos 90.
Sons e dublagem
A parte sonora do jogo também merece elogios. Os menus do jogo têm sons inconfundíveis no melhor estilo de um jogo de SNES. Usar mixagens em 16bits é mais um acerto dos desenvolvedores.
Inimigos morrendo, sons de explosões e de tudo mais presente nos cenários agradam aos ouvidos do jogador. Isso mostra a dedicação e cuidado do estúdio com o jogo de modo geral.
Bem como é de se elogiar também a dublagem inserida em cutscenes. É um trabalho sólido que convence o jogador. Uma pena não ter a localização das vozes em português brasileiro.
Completando Wallachia Reign of Dracula
O conteúdo extra do jogo é de certa forma na medida. Temos desafios e um contador de tempo de todas as fases presentes no game. Esse contador é para aquele tipo de jogador que gosta de completar as fases no menor tempo possível e por esse menu é possível saber quanto tempo foi gasto em determinada fase.
Temos acesso também acesso aos troféus do game, que não são muitos. Alguns deles nem me atrevi a tentar desbloquear, por exemplo, terminar o jogo no nível difícil.
Conclusão
Wallachia Reign of Dracula é mais que uma inspiração, é também uma bela homenagem. Para os mais antigos, como eu, o jogo fará recordar das altas doses da época do Mega Drive. Além disso, tudo nesse game é nostálgico: a história, os gráficos, os efeitos sonoros e a jogabilidade. E em especial, a dificuldade vai te fazer lembrar das tardes de frustração em Contra ou outros run-and-gun semelhantes.
Ao mesmo tempo, essa dificuldade pode afastar alguns jogadores e isso não é um problema. Certamente esse não é um jogo para todo mundo se aventurar, embora valha a pena dar uma chance e ter um pouco de paciência.
Surpreendentemente Wallachia é uma excelente experiência nesse mar de jogos indies que vemos no cenário atual. Em suma o jogo é passagem obrigatória para fãs desse estilo e para quem sente falta dos plataformas dos anos 90.
*Chave cedida para análise no Nintendo Switch