Resident Evil 2 é um survivor horror em terceira pessoa que foi desenvolvido pela Capcom e apresenta a premissa de ser uma reimaginação do clássico de 1998. Embora o game consiga acertar em quase todos os pontos e se tornar o favorito de muitos jogadores, algumas escolhas criativas em relação a narrativa acabam não funcionando. O título foi lançado no dia 25 de janeiro de 2019 para Xbox One, Playstation 4 e PC, via Steam.
Claire Redfield e Leon Scott Kennedy
Antes do jogo começar, devemos escolher quem será o personagem que iremos jogar. Primeiramente, temos Claire Redfield, uma universitária que vai para a Raccoon City em busca de seu irmão.
Já o segundo protagonista é Leon Scott Kennedy. Ele é um recém formado policial que está indo para o seu primeiro dia de trabalho na departamento de policia da cidade.
No geral, a diferença da campanha não muda tanto em relação a escolha dos protagonistas. Assim sendo, a maior mudança são as armas que os sobreviventes usam e momentos chaves em que encontramos personagens secundários diferentes.
O começo do terror
Após escolhermos o protagonista que iremos jogar uma cena com um caminhoneiro dirigindo é apresentada. Ele está escutando o rádio enquanto dirige e degustando de um sanduiche aparentemente muito gostoso. Entretanto após um momento de distração, o personagem acaba atropelando uma mulher na estrada. Ao sair do veiculo para ver se estava tudo bem, ela levanta de forma assustadora atrás dele, se mostrando um zumbi.
Logo depois disso, a cena corta para o protagonista que escolhemos parando em um posto de gasolina. Ao entrarmos lá, o jogador se depara com um clima assustador e muitos barulhos estranhos. Quando avançamos mais no local, encontramos ele, o famoso primeiro zumbi, que nesse caso está rasgando o pescoço de um policial, o que já destaca o grande nível de gore que o game apresenta.
Quando o inimigo avista o protagonista, ele começa a vir imediatamente em nossa direção. Devemos então atirar no zumbi até derruba-lo. Entretanto, ele não irá morrer, e logo que pegarmos o item para avançar o morto vivo tentará atacar novamente.
Na saída do posto de gasolina nos deparamos com uma cena aterrorizante de vários zumbis cercando o local. Ao chegarmos na porta, encontramos com o segundo protagonista. Nessa cena, o Leon diz para Claire se abaixar para ele atirar em um zumbi. Aqui eu já destaco uma coisa que irá se repetir por toda a campanha do game. Independendo do sobrevivente escolhido, grande parte dos objetivos e ações serão iguais, mudando apenas a perspectiva como na cena citada acima.
Bem vindo a Raccoon City
Após saírem do posto de gasolina, os dois entram em um carro e partem em direção a cidade. Chegando lá são surpreendidos novamente pelo motorista de caminhão, que perdeu o controle do veiculo ao ser mordido por um zumbi. Então uma explosão acontece separando os dois, que combinam de se encontrar na RPD, departamento de policia de Raccoon City. Então o objetivo principal começa, devemos ir até a delegacia, encontrar com Leon e sobreviver ao terror que ronda em cada esquina.
Mudanças em relação ao clássico
Resident Evil 2 Remake apresenta uma história direto ao ponto. Então aqui não temos diálogos profundos entre personagens e muito menos cenas com frases marcantes de reflexão. Isso não é um problema, pois na franquia de games sempre tivemos narrativas assim, com a maior parte do lore sendo apresentada em documentos.
Entretanto, aqui temos uma simplificação do background de alguns personagens em comparação com a versão de 1998. Para exemplificar, vou citar dois exemplos. O primeiro deles é a busca de Claire por seu irmão. Enquanto no clássico temos diversos diálogos com outros personagens sobre o assunto, em um sentimento que ela realmente está em busca de Chris, no Remake temos apenas um dialogo curto no começo do jogo. Depois disso, ela só irá comentar novamente sobre o irmão quando encontrarmos uma carta na sala dos STARS.
O segundo exemplo é em relação ao Irons, chefe de policia na RPD. No clássico ele apresenta um papel importante de antagonista, tendo até mesmo certa profundidade em relação ao motivo de suas ações. Entretanto aqui, ele só sequestra uma criança porque……. sim. É importante dizer que essas mudanças não irão incomodar quem não jogou o clássico, entretanto o meu ponto não é só esse.
O grande problema dessas mudanças é que elas apresentaram uma tendência de simplificação na história que se passar do ponto, pode estragar a experiência para os amantes do clássico. É eu sei, isso é saudosista da minha parte, entretanto meu ponto foi provado com o lançamento de RE3R, em que a simplificação se tornou cortes de conteúdo. Assim sendo, esse fator é um ponto negativo bem alarmante na minha opinião.
Relações entre personagens
Além da simplificação no lore, outra questão presente aqui é a relação rasa entre os personagens. Porém, diferente do tópico anterior essa questão não incomoda. Inclusive existe uma cena no jogo, que eu dei muita risada, em que o Leon e Claire do nada param pra conversar em uma cerca, com zumbis “mortos” no chão, e começam a flertar. É…… fica a dica caros leitores, um apocalipse zumbi e a possível morte iminente são sempre as melhores situações para se conquistar corações.
Em relação aos protagonistas temos dois grandes núcleos de relações, sendo eles, Claire e Sherry e Leon e Ada. As dinâmicas desses sobreviventes são muito bem representadas, e ao contrario do que aconteceu com outros personagens, aqui eles conseguiram ser mais profundos que no clássico. Pois, as motivações deles ficam claras logo de inicio, e eles são bem carismáticos.
Um gameplay inovador
Resident Evil 2 Remake faz o incrível trabalho de juntar todas as mecânicas que funcionaram na franquia e ao mesmo tempo aprimorar elas. Um dos destaques pra mim é a opção de se mover enquanto mira e atira, mecânica esta que foi adicionada em RE6, porém aqui ela funciona muito melhor e de forma mais fluida.
Outra coisa que mudou, é a mira do jogo. Ela voltou a ser mais pesada e difícil de controlar, o que faz com que a simples ação de atirar em um zumbi se torne um desafio em momentos de desespero. Eu achei isso muito bom, pois gosto dessa sensação desesperadora o gênero survival horror consegue passar.
Em relação a movimentação do personagem, é algo sensacional, pois ao mesmo tempo que temos uma jogabilidade em terceira pessoa, pra mim que joguei o clássico, em diversos momentos consigo sentir a pegada do antigo.
Gerenciamento de inventário
Um dos fatores que mais se destaca na velha guarda de Resident Evil é o gerenciamento de inventário. Pois, o jogador passa grande parte da jornada com poucos itens e tendo que escolher a hora certa de usar cada um deles. No Remake de RE2 isso acontece em partes. Para fazer a análise eu joguei na dificuldade padrão e não tive dificuldades em questão de recursos em nenhum momento. Porém eu sou o doido dos itens, não avanço até ter pegado tudo que está no local, o que acaba sendo fácil, pois o mapa do game marca em vermelho áreas que ainda tem recursos.
Além disso, quando o inventário começar a lotar, podemos guardar os itens no baú, item box este que sempre está em salas seguras, locais em que os inimigos não entram. Também é importante dizer que o jogo tem salvamento automático, porém se o player quiser uma experiência mais clássica, na dificuldade intensa o sistema de save é da maneira clássica, com tinta e a máquina de escrever.
Os zumbis
Eles são os inimigos mais comuns que iremos enfrentar durante o gameplay. Entretanto, isso não significa eles são fáceis de lidar. Pois toda uma atmosfera é criada para eles serem assustadores, sempre surpreendendo os jogadores e rendendo bom sustos. Além disso, atirar na cabeça e derruba-los não os mata, sendo o mais recomendado atirar na perna até ela ser decepada e então eliminar o zumbi na faca. Porém atenção, a faca é um item que se desgasta com o tempo, então use com sabedoria.
MR X
Obviamente não poderíamos deixar de falar dele. O queridão do perseguidor, Mr X, antagonista este que irá nos perseguir durante um seguimento da campanha. Ao enfrentarmos ele, não adianta atirar ou tentar lutar, pois o vilão não morre, apenas é atordoado, e para isso acontecer é preciso gastar muita munição. Assim sendo, o mais recomendado é correr ou se esquivar sempre que possível.
O antagonista é de longe o personagem que mais transmite medo ao jogador. Pois, podemos ouvir o som de seus pesados passos na delegacia, mesmo ele estando distante, e ouvir esse barulho passa um sentimento de tensão a todo momento.
Batalhas contra chefes
Durante a campanha teremos que lidar com algumas batalhas de chefes. Estes são os momentos em que o jogo abandona o survival horror e parte mais pra ação. Felizmente, isso acontece apenas algumas vezes durante a jornada, e se torna mais frequente apenas na reta final.
Isso acaba dando um ótimo ritmo para Resident Evil 2 Remake, pois o jogador sente que seu personagem está evoluindo e se tornando mais forte ao decorrer da campanha. Outro destaque também, é que cada batalha contra esses inimigos mais poderosos é única, sendo necessário sempre usar estratégias diferentes contra eles.
Trilha Sonora
O título foca sua maior parte do tempo nos sons ambientes. Pois, os elementos do cenário, como a chuva, janelas batendo, e até mesmo o som dos zumbis, ajudam a construir uma atmosfera de terror. Entretanto, em cenários que o MR X aparece e em batalhas contra chefes, uma trilha pesada toca para aumentar a tensão. Porém, ela não é perfeita, e em alguns momentos ela poderia ser mais presente, por exemplo, na sala segura.
Além disso, os jogadores podem jogar Resident Evil 2 Remake com a trilha sonora clássica, minha preferência inclusive, mas infelizmente essa opção só está disponível para quem possui a versão deluxe do game.
Um visual verdadeiramente imersivo e assustador
O título apresenta um visual que consegue criar uma atmosfera aterrorizante. Temos locais escuros, situações em que devemos atravessar ambientes cheios de zumbis apenas com uma lanterna e a pistola com munição escassa, o que torna tudo mais amedrontador.
Durante a campanha o protagonista irá passar por diversos locais, sendo alguns deles a delegacia, orfanato, esgotos e até mesmo um laboratório. Enquanto a delegacia passa um sentimento de sufoco e de tensão constante, os esgotos por exemplo apresentam um ambiente sujo, aberto e confuso, sendo necessário que o jogador se atente para os caminhos que segue. Na minha experiência esse é o local que eu menos gosto, pois mesmo já tendo finalizado o título diversas vezes, ainda consigo me perder ali.
Um desempenho satisfatório
Eu joguei o game em um Xbox Series S, entretanto o game não é otimizado para a nova geração, rodando assim a versão do Xbox One em retrocompatibilidade. Assim sendo, o visual acaba sendo prejudicado pelo borrão da baixa resolução em alguns momentos, além de os efeitos de reflexo não funcionarem direito nessa versão, causando até mesmo algumas quebras de pixels. Entretanto, o game possui framerate desbloqueado, com isso o gameplay roda de maneira fluida em 60 FPS.
Modo extra
Resident Evil 2 Remake possui um modo extra em que jogamos com personagens que aparecem na campanha. Porém este extra perdeu a oportunidade de se aprofundar na narrativa dos sobreviventes secundários.
Entretanto, este modo é um ” e se tal personagem tivesse sobrevivido”. Assim sendo, temos que atravessar um percurso por diversos locais, com itens limitados e inimigos variados nos atacando. Após chegarmos no final, temos uma cena de menos de 1 minuto falando o fim que não existe do personagem, e é isso esse modo extra.
Conclusão
Resident Evil 2 Remake é um ótimo survival horror. Embora ele tenha simplificado demais algumas partes da história em comparação com o clássico de 1998, ele consegue se manter com uma narrativa interessante e personagens secundários cativantes.
O game também apresenta inimigos marcantes e que conseguem ser verdadeiramente assustadores, e isso em conjunto com os sons ambientes e a trilha sonora tocando nos momentos certos, torna a experiência satisfatória.
Por fim, Resident Evil 2 Remake é um ótimo jogo que irá agradar os novatos na franquia, podendo até mesmo ser uma boa porta de entrada no gênero survival horror. Porém, para os players amantes do clássico, a simplificação da história pode incomodar.