Pouca repercussão
RICO: London me chamou atenção, inicialmente, pelo seu estilo gráfico e por aparentar uma boa variedade de armas. Mas, será que o jogo traz mais do que isso? Ele chegou no final de 2021 e fez pouco barulho. A questão é: por quê?
Lançado em 09/09/21 para PC e depois no dia 09/12 para as demais plataformas, sendo desenvolvido pela Ground Shatter e publicado pela Aksys Games juntamente com a Numskull Games, para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e Pc. Tratando-se de um jogo de ação, com tiro em primeira pessoa.
Direto ao ponto
RICO: London começa bem rápido. Somos apresentados a policial RedFern que fazia parte de um grupo antiterrorismo, mas que agora ocupa um lugar na policia civil. Ela é mandada para investigar uma denúncia suspeita, juntamente com o seu parceiro.
Chegando lá, eles percebem que se trata de uma gangue de bandidos e decidem invadir o local, e é dessa forma que o jogo começa.
Aquela câmera lenta legal (no começo)
Primeiramente, vamos passar pelo combate. RICO: London não traz nada de realmente novo. Portanto, tudo que você já viu em um jogo de tiro, está presente aqui: mirar, atirar, correr, arremessar itens (como facas, por exemplo), dar coronhada, agachar, tudo bem familiar.
Mas, eles tentaram adicionar algo para dar uma característica única ao jogo, o slow motion. Sempre que vemos uma porta, nós a arrombamos e então tudo fica em câmera lenta e temos alguns segundos para liquidar com todos os inimigos na sala (é legal nas três primeiras vezes, mas depois…).
Porém, o jogo sofre com a qualidade da execução. Por exemplo, para podermos agachar aqui, é preciso manter o botão pressionado (no Switch é o A), e isso incomoda bastante, porque o normal é você apertar o botão e o personagem agachar de forma ‘’permanente’’. Então, quando queremos levantar, temos que pressionar novamente. O ato de manter pressionado é muito incômodo, de verdade.
Além disso, o ataque físico com a coronhada, inexplicavelmente não funciona. O inimigo pode estar a um palmo, que você ainda consegue errar, é extremamente frustrante. Do mesmo modo, os controles de tiro também não funcionam muito bem, são duros e pouco responsivos. Realmente não é agradável executar nenhuma das ações.
Várias skins pelo caminho
Juntamente com o combate, vale ressaltar algumas coisas. RICO: London possui uma variedade de armas bem legal. Muitas vezes, elas só mudam de skin, mas a maioria é bonita e tem várias opções. Nós temos armas bem coloridas, com desenhos diferentes. Sempre da vontade de ficar trocando.
Porém, os inimigos não seguem a mesma inspiração das armas. Enfrentamos os mesmos capangas genéricos do início ao fim, e nenhum deles tem um design interessante (nem os que são considerados ‘’chefões’’). É algo bem cansativo.
Repete e repete
Agora, gostaria de comentar sobre os mapas de RICO: London. E nesse ponto, é onde o jogo desanda totalmente. A progressão funciona da seguinte forma: chegamos em um mapa, andamos por ele chutando portas até encontrarmos uma que nos leve a saída, então, subimos uma escada e caímos em outra parte do mesmo mapa que possui exatamente as mesmas salas (sem brincadeira) e vamos repetindo esse processo, até encontrar a saída definitiva que nos leva ao nível seguinte, e então fazemos tudo de novo.
Logo depois que terminamos um nível, nós ganhamos algumas medalhas, e com elas podemos comprar coisas, como munição, item de cura, e novas armas (quem jogou Counter Strike sabe bem como funciona).
Eu vou confessar que, com dez minutos, eu já estava totalmente cansado dessa progressão. Na verdade, eu não me recordo de já ter jogado algo tão repetitivo. Por mais que o jogo seja curto (é possível finalizá-lo em 1 hora), ele não consegue fugir da repetição, e da uma sensação de que nem se esforça para isso.
Visualmente, os cenários não são nada demais. O primeiro é totalmente sem graça, mas vai melhorando (mesmo que nunca chegue a impressionar). Ou seja, você junta uma gameplay travada e repetitiva, com inimigos genéricos e níveis com salas iguais. Esses são os ingredientes essenciais para a receita do sofrimento gamer.
O pano de fundo
Mas e a história? Bom, vou responder a essa pergunta, com outra: O que vocês acham?
Quem respondeu ‘’genérica’’ acertou. O enredo é um pano de fundo para o tiroteio. Basicamente, RedFern vai descobrindo algumas verdades sobre pessoas que trabalham com ela, bem no estilo policiais corruptos. Porém, nada é interessante. Tanto que, a história é contada no entre fases através de falas no rádio que nós, inclusive, podemos pular. RICO: London realmente não se importa em contar a história, pois sabe da qualidade que ela traz.
Terminei sem ligar, nem um pouco, tanto para protagonista, quanto para qualquer outro personagem.
”Charmosinho”
Em seguida, o lado técnico. RICO: London traz um estilo artístico que me agradou a primeira vista. Os gráficos não são primorosos, mas tem certo charme, já que, aparecem palavras do tipo ‘’tiro na cabeça’’ quando você derrota um inimigo. É charmosinho.
Já a trilha sonora, não é algo que vai te marcar para o resto da vida, mas é agradável. Condiz com o clima de ação que o jogo entrega, então nisso eles acertaram.
Agora, sobre a performance, eu não tive nenhum problema no Nintendo Switch. O jogo transcorreu de forma tranquila.
Morrendo de vez
O jogo possui um modo co-op onde o segundo jogador controla o parceiro da RedFern, mas, nem assim, o jogo consegue ficar divertido. Claro que, jogar com amigos localmente é bem legal e engraçado. Mas, nesse caso, você só vai ter alguém para compartilhar da sua frustração.
Por fim, gostaria de fazer uma observação. RICO: London vem com o modo fácil e o normal, porém no modo normal o jogo vem com morte permanente, e eu realmente não entendi essa ideia. Fui obrigado a jogar no fácil (que não é fácil por causa dos controles), para não arriscar perder progresso. Em minha humilde opinião, esse modo devia poder ser desabilitado.
Conclusão
Em síntese, RICO: London entrega uma experiência totalmente esquecível, seja em termos de gameplay, ou de enredo. Sendo assustadoramente repetitivo, qualquer um que finalize esse jogo, merece um prêmio. Mesmo com alguns pontos positivos, os negativos se destacam de forma impressionante. É complicado recomendar até para o maior fã de FPS.
* Chave cedida para análise