Introdução
Gungrave G.OR.E é um game em terceira pessoa que promete entregar muita ação e uma história emocionante. Os jogadores assumem o papel de Grave, um anti-herói cujo objetivo é buscar vingança contra seus inimigos. Embora o jogo tenha a promessa de entregar uma narrativa comovente, a obra acaba caindo no mais do mesmo e entregando uma história vazia e com personagens que não cativam.
Entretanto, o grande apelo do jogo desde os trailers é a sua jogabilidade. Pois, embora seja em terceira pessoa, o game se assemelha bastante aos boomers shooters, como Doom, em que devemos avançar por um cenário, atirar em uma série de inimigos e depois enfrentar um chefe. Assim sendo, será que Gungrave G.OR.E consegue entregar uma experiência satisfatória? Confira agora em mais uma análise do Garota no Controle.
O título foi desenvolvido pela Iggymob Co.,Ltd e lançado no dia 22 de novembro de 2022 para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam, e ainda está disponível no Game Pass.
Uma jornada de vingança nem um pouco cativante
Histórias de vingança não são nada novo no mundo dos jogos. Vários títulos já tentaram esta abordagem em suas narrativas e algumas funcionaram muito bem, como The Last of Us: Part 2. O grande aspecto deste estilo de storytelling, é que para uma narrativa neste formato funcionar, é preciso que a história desenvolva muito bem os personagens e as suas motivações. Infelizmente, este é um fator que o game deixa muito a desejar.
Portanto, no jogo controlamos um anti-herói chamado Beyond the Grave cujo objetivo é vingar a morte de um amigo próximo. Entretanto, o game não se esforça em nenhum momento para desenvolver esta narrativa, sendo que na maior parte da campanha ela segue uma linha de irmos de um lugar para o outro, matarmos alguns inimigos e depois prosseguirmos. O título até se esforça em manter a coerência nos acontecimentos, entretanto, pela falta de carisma dos personagens e do desenvolvimento, a trama fica vazia e até sem sentido.
Além disso, Gungrave G.OR.E tenta entregar reviravoltas ao decorrer da campanha, ao apresentar o retorno de personagens inesperados do game anterior, Gungrave: Overdose. Porém, por depender de um conhecimento prévio deste universo, a maioria dos acontecimentos acaba sendo pouco aprofundado e de forma geral, a história não foge da clássica narrativa de vingança com violência apenas por violência.
Um protagonista calado e que não chega a lugar nenhum
Outro problema em Gungrave G.OR.E é o protagonista. O game apresenta o personagem como aquele clássico anti-herói que faz cara de mal-amado e não se envolve emocionalmente com ninguém. Ele tem uma missão e seu objetivo é apenas isso. E bom… neste game realmente é apenas isto. Pois, o personagem não apresenta um arco narrativo durante a história e não cresce. Isto faz com que os jogadores se desapeguem totalmente dele e, no meu caso, até me senti cansado de jogar com um personagem que não faz nada além de atirar e usar ataques corpo-a-corpo. E não, o problema não é o estilo de protagonista, pois, em Doom, por exemplo, temos um cara neste mesmo estilo e lá ele funciona.
Logo, o que torna o anti-herói de Gungrave G.OR.E tão desinteressante é que o game apresenta uma história que tinha tudo para criar uma evolução para o personagem. Quando isto não acontece, causa frustração, tornando a jornada pelo título pouco interessante.
Uma jogabilidade que não foge do básico
Como foi dito anteriormente, Gungrave G.OR.E segue bastante a linha de boomer shooters, mas em terceira pessoa. Assim sendo, o protagonista pode andar, correr, atirar com várias armas de fogo, incluindo pistolas e fazer vários ataques corpo-a-corpo. Alguns destes ataques incluem golpes especiais que podem ser desbloqueados em uma árvore de upgrades. Portanto, no jogo teremos que avançar em várias fases matando inimigos e acumulando pontos, sendo que no final de cenário enfrentaremos um chefe.
Durante a minha experiência, toda a jornada pelo cenário se mostrou muito repetitiva na maior parte do tempo. Andamos para frente, matamos inimigos, executamos alguns golpes especiais e mais nada além disso. Entretanto, nas batalhas contra chefes o game consegue se destacar um pouco, ao entregar vilões variados, que exigem que os jogadores usem muito bem as habilidades em combate.
Trilha sonora
Gungrave G.OR.E apresenta uma trilha sonora extremamente repetitiva. Após a segunda fase, as trilhas se tornam bem incomodas e mais atrapalham na imersão do que realmente ajudam. Além disso, o design geral de som do game é básico demais, sendo que as armas, falas e até cinemáticas deixam a desejar no quesito sonoro.
Gráficos e desempenho
O game apresenta gráficos medianos, sendo que o grande destaque é a variação de biomas. Temos fases em fábricas, cidades, florestas e até mesmo a bordo de um trem. Mesmo com estáa variedade, o título deixa a desejar por não entregar locais detalhados. Logo, apesar de passarem a impressão de lugares variados, acabam sendo apenas um pano de fundo para colocar os inimigos que devemos derrotar.
Em relação ao desempenho, Gungrave G.OR.E apresenta um modo visual e performance. O modo visual entrega 4K com ray tracing em 30 FPS. Logo, o modo performance apresenta a resolução 4K dinâmico e 60 FPS. Durante a minha experiência priorizei o modo desempenho para uma maior fluidez. Entretanto, o título não manteve uma boa performance ao decorrer da jogatina, apresenta quedas bruscas de framerate constantes que atrapalhavam a campanha. Além disso, o game apresenta vários bugs, como inimigos entrando em objetos, chefes não aparecendo e até mesmo um problema estranho em que o protagonista simplesmente para de atirar e a única forma de resolver isto é reiniciando o jogo.
Conclusão
Gungrave G.OR.E apresenta uma experiência fraca e pouco memorável. A história deixa a desejar e não entrega uma jornada boa, nem personagens cativantes, sendo que falha até mesmo em fazer o básico em tornar o protagonista interessante. Além disso, a jogabilidade em sua maior parte é muito repetitiva, salva apenas por alguns pequenos trechos em que temos chefes minimamente interessantes. O game também apresenta vários problemas com bugs, sendo que alguns deles podem prejudicar o progresso na campanha.
Portanto, Gungrave G.OR.E é um jogo que recomendo apenas para os fãs de carteirinha da obra anterior e isto se estiverem dispostos a passar por cima de todos os problemas citados. Para o público geral, fica difícil recomendar, exceto em uma boa promoção, ou pelo Game Pass.
*Chave cedida para análise no Xbox