Introdução
Curse of the Sea Rats é um título que tenta se destacar em um mar cheio de games excelentes. Metroidvania é um gênero que sempre me cativou com a vasta combinação de exploração, elementos de plataforma e, claro, combates viciantes. Um dos grandes títulos que consagrou este gênero foi Castlevania, game que muitos até hoje pedem novas sequências. Além disso, um bom metroidvania consegue entregar um modo de progressão único durante a jornada, em que os jogadores sentem a evolução do personagem, enquanto evoluem como jogadores com o domínio de todas as habilidades. Ao desbloquear novas habilidade e cenários no game, o player se torna mais confiante e preparado para enfrentar os vastos desafios daquele mundo, sejam eles inimigos mais fortes ou um grande boss.
Em suma, os jogos metroidvanias são tão interessantes por combinarem elementos de exploração, plataforma e combate em um mundo aberto e interconectado, onde o jogador tem liberdade de escolha, sensação de progressão e imersão no ambiente. Esses jogos são capazes de oferecer uma experiência única e desafiadora para os fãs do gênero.
Além disso, para termos uma boa experiência, é preciso que o mundo seja imersivo e consiga fisgar a curiosidade do jogador para ele explorar cada canto dos cenários. Afinal, muitos destes locais costumam esconder segredos, tesouros e até mesmo armas poderosas. Dessa forma, será que Curse of the Sea Rats consegue manter a energia de um bom metroidvania?
Curse of the Sea Rats
Curse of the Sea Rats foi desenvolvido pela Petoons Studio e lançado no dia 6 de abril para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e 5 e PC, via Steam.
Os piratas amaldiçoados
O game começa com uma cinemática introduzindo os personagens principais, Douglas, Buffalo, Akane e Bussa. Eles são piratas que acabaram amaldiçoados por uma bruxa e se transformaram em ratos. Assim sendo, eles são informados que, para retornarem a forma humana, precisam resgatar uma criança que foi escondida em uma ilha misteriosa. Logo, o principal objetivo dos personagens será explorar vários cenários enfrentando inimigos e realizar o resgate para que os protagonistas possam se livrar de uma vez por todas desta maldição.
Embora o game tenha quatro protagonistas, nenhum deles se destaca o suficiente durante a jornada. Temos alguns poucos diálogos com NPCs e inimigos antes das batalhas, mas tudo é apresentando de uma forma vazia, que não adiciona substância na história. Embora fique evidente que o grande foco no jogo não é contar uma narrativa super profunda, o game poderia ter adicionado mais carisma aos personagens, o que tornaria a jornada mais divertida. Felizmente, a dublagem original é um aspecto positivo do jogo. Fica notável que os dubladores fizeram um bom trabalho em tentar transmitir o mínimo de coesão para os personagens. Uma pena que os diálogos não conseguem entregar uma qualidade consistente.
Uma jogabilidade que poderia ser melhor
Curse of the Sea Rats é um game que deixa a desejar no fator que mais deveria se destacar, a jogabilidade, que chega a ser desafiadora, mas pouco balanceada.
O rato que escolhemos para jogar apresenta uma série de golpes padrões e um ataque especial. Embora o jogo pareça fácil demais no começo, com o tempo, ele se torna bastante desafiador de uma forma inexplicada e logo em seguida volta a ser fácil demais. A progressão do game não funciona de uma maneira adequada, sendo que entrega inimigos em níveis diferentes de poder de uma forma desajeitada, o que atrapalha o sentimento que o personagem está se tornando mais forte durante a aventura.
Além disso, o sistema de upgrades no jogo é praticamente inútil considerando este fator. Ao decorrer da exploração, encontramos ouro e adquirimos uma energia espiritual, que pode ser usada para melhorar as skills dos personagens. Entretanto, estas melhorias não adicionam muitas variedades ao gameplay, tornando a experiência monótona. Outro aspecto que deixa a desejar no game é a movimentação dos personagens. Ela não funciona de uma maneira fluida, sendo comum a sensação de possuir um delay nos comandos.
É importante mencionar que Curse of the Sea Rats também possui um modo cooperativo, que apenas agrava os problemas de ritmo do jogo. Pois, o game não foi balanceado de uma forma adequada neste modo, tornando-a difícil demais em segmentos que não fazem sentido. Por exemplo, ao lutarmos contra inimigos comuns no cenário, em um ponto que às vezes é mais complicado lidar com vilões comuns do que os chefes.
Batalhas contra chefes que se destacam
Curse of the Sea Rats consegue apresentar um número impressionante de boas batalhas contra chefes. Embora o problema da progressão e dificuldade fique evidente nestas lutas, visualmente falando, o game entrega grandes inimigos com ataques sólidos que farão o jogador colocar as suas habilidades em teste.
Além disso, eles são visualmente únicos, o que acrescenta a sensação de realmente estarmos explorando uma terra cheia de perigos inesperados.
Gráficos minimalistas, mas cativantes
Curse of the Sea Rats acerta ao entregar visuais minimalistas, porém variados, que se encaixam bem na proposta do game. Temos grandes florestas, pedaços de navios quebrados e até mesmo cavernas em que podemos explorar em busca de segredos e missões secretas. Embora os locais sejam visualmente variados, alguns deles poderiam ser mais detalhados e com mais objetos para interagirmos em combates e na exploração. Além disso, senti que algumas texturas do game poderiam ter sido melhor trabalhadas, principalmente as que envolvem objetos de madeira, por apresentarem um visual borrado.
Design de som
O design de som de Curse of the Sea Rats é outro aspecto que deixa a desejar. O game até agrada com algumas músicas mais atmosféricas, que ajudam o jogador a ficar imerso naquele mundo, mas logo percebemos que não existe muita variação e ela acaba se tornando cansativa. Algumas lutas contra chefes até conseguem animar um pouco este aspecto, mais de forma geral, a situação não melhora ao decorrer da aventura.
Desempenho
Minha experiência foi no Xbox Series X. O game rodou de forma satisfatória durante todo o gameplay e não tive problemas com bugs e nem travamentos. Além disso, os tempos de carregamentos são rápidos e pouco frequentes durante a campanha.
Conclusão
Curse of the Sea Rats é um metroidvania com uma premissa interessante, mas não consegue fazer nada de muito especial. O título entrega um visual atraente e batalhas contra chefes interessantes. Entretanto, o game peca por não saber balancear a dificuldade do game, tornando o sentimento de progressão inexistente. Isto torna a jogabilidade monótona rápido demais. Além disso, embora o coop seja divertido, este aspecto do game acaba sendo atrapalhado pelo mesmo problema citado acima.
Felizmente, mesmo com estes problemas, consegui me divertir no game nos segmentos em que ele acerta. Os cenários do jogo são bem feitos e consegui ficar imerso na experiência que o título buscava entregar. Os chefes também são outro aspecto que se destacam, pois, as batalhas são variadas, tanto visualmente quanto no quesito jogabilidade. Por fim, mesmo que Curse of the Sea Rats seja um game que não entregue nada acima do padrão, é uma aventura divertida, principalmente se for jogada em coop.
*Chave cedida para análise no Xbox