| Introdução
The Falconeer é um jogo de “navinha” diferente do normal. Lançado no dia 10 de novembro para PC e Xbox Series X, é um jogo desenvolvido primariamente por um único desenvolvedor. Saber disso, torna até impressionante que o resultado final tenha ficado de uma boa qualidade, mas também pode explicar sobre as falhas do jogo.
| Domando os céus
A premissa de The Falconeer é de que você controlará um piloto de Falcão, uma ave gigante com uma envergadura de 10 metros e que é usada primariamente como montaria para guerra. O jogo é dividido em 4 capítulos, cada um seguindo a história de um piloto diferente, pertencente a um reino diferente deste mundo. É um mundo quase que inteiramente coberto de água, e as poucas ilhas espalhadas por esse oceano, chamado de “The Ursee”, são todas disputadas por diferentes casas, que estão em guerras constantes, e cujas alianças são feitas e desfeitas com a mesma frequência com a mudança das marés. Para lutar em suas guerras, eles empregam navios e Zepelins de batalha, mas também os Falconeers, a força principal de combate nesse mundo.
Voar por esse mundo é a principal atividade que você realizará. Os controles de voo são bem intuitivos e fáceis de se acostumar, e não são muito complexos tendo apenas que controlar a direção da ave, um botão para uma parada brusca e outro para acelerar/esquivar. O seu piloto é equipado com uma arma de raios que dispara projéteis onde você estiver mirando. Durante o combate, você pode travar a mira em um alvo para poder acompanhá-lo e para que informações sobre ele, como a quantidade de vida restante, apareçam na interface, porém isso não ajuda com a mira dos tiros, então é seu trabalho mirar e atingi-los. Se o inimigo for um navio ou Zepelin, alvos lentos, é fácil de se fazer a mira, mas você também enfrentará outros Falconeers, que são muito mais ágeis. O combate contra eles é bastante ágil, já que vocês entram em uma complexa dança no ar, com você tentando escapar de seus tiros, enquanto tenta se posicionar para acertá-los.

Sua ave vai pegando level com o tempo, conforme você abate inimigos e realiza missões, e cada level deixa ela mais forte. Com o dinheiro ganho nas missões, você pode comprar mutagênicos para equipar na ave e melhorar alguns status, e também pode comprar novas armas para seu piloto e deixar os tiros mais potentes. A evolução aqui é um tanto confusa, pois o jogo não deixa muito claro o quanto falta para você evoluir, nem a diferença que faz a evolução. Há uma barrinha de experiência, mas o jogo não te conta quantos pontos você ganha durante o jogo, nem quanto falta para evoluir, então não é muito empolgante.
Ao longo de cada campanha, você se envolverá em intrigas políticas, realizando tarefas moralmente ambíguas em nome do seu reino. Em uma das missões, era meu dever proteger uma ilha vizinha, grande produtora de madeira para todos os reinos e um centro comercial, de um ataque pirata, mas as ordens eram de aguardar até que a ilha tivesse suas defesas destruídas antes de ajudar, para que depois da batalha meu reino tomasse controle da ilha em nome da reconstrução e segurança da mesma.
Um plano para que aos olhos públicos saíssemos como os heróis que vieram ao seu socorro, mas o resultado final favorece apenas o meu reino. A história faz um bom trabalho em criar essas tramas políticas espertas, e a dar uma certa vida ao mundo do jogo. O que atrapalha é a dublagem dos narradores, que na maior parte do tempo é de passável para ruim. Toda a história é narrada por personagens com sotaques muito forçados, ou com vozes irritantes.
| Bom para um dev solo, mas…
O estilo de arte do jogo é bem bonito, sendo uma mistura de modelos “low-poly” com um jogo de luzes muito belo. É uma arte que fica muito legal, especialmente quando admiramos o céu estrelado ou o nascer e pôr-do-sol. O movimento das águas do mar também é bom, e ocasionalmente podemos ver baleias e peixes pulando da superfície. Mas o grande problema do jogo também é o seu mar. Não adianta ter uma arte linda, se não tem quase nada para ver. 80% do tempo do jogo é gasto voando para uma missão, ou voltando dela, e nessa viagem você encontrará muitos nadas. São poucas as ilhas habitadas com cidades, mas você não pode explorar nenhuma de perto, e elas são separadas por grandes quantidades de água. Existem vários pontos de interesse para você descobrir pelo mundo, como templos escondidos, mas não são empolgantes de se descobrir.

O esquema de missões é bastante repetitivo. Há basicamente 3 tipos de missões: derrote os inimigos em uma área, leve um item de uma cidade a outra, proteja um navio indo de uma cidade a outra. As missões principais pelo menos ainda dão motivações interessantes por trás de cada uma com sua história, mas as secundárias nem tentam te dar uma motivação, é apenas uma opção no menu que ativa a missão, e no final você ganha dinheiro. Aliar essa estrutura repetitiva às grandes distâncias que você terá que viajar, torna o jogo bastante cansativo. O que ameniza um pouco as coisas é a trilha sonora, o ponto mais forte do jogo. Fora de combate, nosso voo é embalado por uma trilha sonora que inclui Canto Gutural Mongol, o que foi surpresa para mim que nunca ouvi nada assim em jogos. Durante o combate, já temos uma música bem mais animada.
The Falconeer é um jogo que acho difícil de descrever se recomendo ou não. Por um lado, é um jogo bonito, com uma trilha sonora excelente, uma história ok e interessante, e com um combate divertido. De outro, é também um jogo cheio de probleminhas de interface, com uma dublagem que me incomodou bastante e um mundo extremamente vazio e desinteressante de explorar. Por ser desenvolvido por uma pessoa só, o resultado é impressionante, pois a performance do jogo é constante e extremamente fluida, não encontrei nenhum bug, mas a falta de variedade de missões e inimigos torna o game repetitivo. Então, é um jogo que recomendo experimentar, mas só quando entrar com um bom desconto.

| Conclusão
The Falconeer é um jogo com uma bela apresentação, uma trilha sonora interessante e um combate aéreo divertido, mas seu mundo vazio e suas missões repetitivas deterioram rapidamente a boa primeira impressão que o jogo dá. A falta do que ver e descobrir acabam tornando as viagens de falcão longas e tediosas, e estas são constantes no jogo.