| Introdução
Observer é um jogo em primeira pessoa de investigação policial com temática cyberpunk, ou dark cyberpunk, desenvolvido pela Bloober Team e publicado pela Aspyr. O título foi inicialmente lançado em 2017 e novamente em 2020 com o título Observer: System Redux, a versão definitiva do jogo com conteúdos extras e melhorias de performance. O jogo acompanha o observador Daniel Lazarski em uma investigação policial em uma das zonas mais decadentes e miseráveis da sociedade de seu tempo.
| História
O ano é 2084, Polônia. A megacorporação Chiron controla tudo. Uma doença chamada de nanofagia causou extermínio em massa e guerras, e ainda atormenta a população. A sociedade apresenta um sistema de castas sociais estável, quase como as pirâmides sociais da idade média, ou seja, sem perspectiva de ascensão. Neste contexto, o jogo coloca o jogador nos sapatos do observador Daniel Lazarski, que atua como uma espécie de policial ou detetive autorizado a hackear implantes cerebrais de indivíduos, interferir em cenas de crime e solucionar problemas.
O jogo inicia com Daniel em seu carro recebendo uma ligação de sua superiora. Nesse meio tempo, o jogo introduz as mecânicas de interação e locomoção.

De surpresa, a ligação é interrompida por uma ligação clandestina do filho de Lazarski, Adam. Ele fala que estava com problemas e logo em seguida a ligação sai do ar.

Preocupado com o filho, que não vê há anos e com quem não se entende, Daniel decide investigar a origem da ligação e o que aconteceu com seu filho. A partir daí, Lazarski chega em um prédio de classe C, a mais baixa da sociedade de 2084. O prédio é infestado por drogados, contrabandistas, assasinos, e, bem…. malucos…
Ao investigar o prédio, Lazarski descobre o corpo decapitado de um jovem que pode ser seu filho. Chocado com a possível morte de Adam, Daniel sai em busca de pistas pelo prédio a fim de descobrir quem era o jovem morto, e o que aconteceu.

Nesse meio tempo, um confinamento tem início no prédio, impedindo qualquer um ou qualquer coisa (até mesmo sinais de telefone) de entrar ou sair do prédio. Conforme Daniel interage com os inquilinos do prédio, o jogador descobre novas informações sobre o contexto da sociedade de 2084 e também tem acesso a missões secundárias que também envolve muita investigação policial e solução de enigmas.
Apesar da história ser excelente e bem desenvolvida, fiquei insatisfeita com o final. Ao longo do jogo, ele dá ao jogador a opção de fazer escolhas, que podem ser para o bem ou para o mal. Porém, o final não te dá verdadeiramente uma escolha. Independente do que o jogador escolher, as consequências são desastrosas. Nesse sentido, acredito que o desfecho poderia ter sido melhor elaborado e ter realmente dado o controle da situação para o jogador.
| Jogabilidade
A jogabilidade é bem simples e intuitiva. Para maior imersão, o estúdio optou por uma abordagem em primeira pessoa, o que de longe foi o maior acerto do jogo. Além disso, como Lazarski é um observador (“policial”), ele deve interagir com cenas de crime e encontrar pistas que o ajudem a solucioná-los. Daniel vem equipado com um sistema de hackeamento integrado ao seu braço direito, visão noturna, visão eletromagnética e scanner biológico; tudo para auxiliá-lo a executar sua função como observador.


Ao longo do jogo, além da campanha principal, Daniel pode interagir com outros inquilinos do prédio e descobrir investigações secundárias. Cada investigação é única, e requer diferentes soluções. Em algumas, Lazarski tem que vasculhar o computador das vítimas (ou assassinos…), vasculhar implantes neurais, hackear painéis de controle, decifrar senhas, etc. Os quebra-cabeças são simples, desafiadores e divertidos. Eles fazem com que o jogador realmente se sinta como um investigador criminal. Além disso, é possível interagir com praticamente todos os objetos apertando apenas um botão e utilizando o analógico direito para executar alguns movimentos. O jogo também oferece opções de diálogo e de escolha em determinadas situações.
Como mencionei acima, o maior acerto dos desenvolvedores foi a câmera em primeira pessoa. Como Lazarski na maior parte das vezes tem que se infiltrar nas mentes das pessoas, ele passa por um período de alucinações visuais, em que a sua própria memória muitas vezes se mistura com as de quem ele está investigando. Conforme você caminha pelas memórias é possível sentir nojo, enjoo, tensão, tristeza. Ao mesmo tempo que a personagem descobre as motivações e o passado dos investigados, Lazarski é afetado pelas sensações e cores daquele ambiente digital, passando essa mesma sensação ao jogador. Inclusive, mais para o final do jogo, é possível questionar a sanidade de Daniel, uma vez que ele começa a alucinar fora dos ambientes digitais. Muitas vezes ele já se encontrava no meio digital e nem mesmo se lembrava de ter começado um processo de investigação.
Contudo, alguns elementos não me agradaram. Alguns deles foram o uso de elementos de perseguição em que Lazarski foge de uma “coisa” que não tem uma ligação bem clara com a história. Fora que não era necessário colocar esse tipo de situação para maior imersão. A sensação que me passou é que os desenvolvedores queriam passar as mesmas emoções ao jogador presentes em títulos como Outlast, por exemplo. Outro ponto que não me agradou, como mencionado na parte de “História”, as opções de escolha são inúteis no final do jogo, o que ao meu ver é bem chato para qualquer jogo que foque em escolhas. Ao menos os finais poderiam ser diferentes. No mais, o jogo é bem polido e bem executado.
| Arte
A arte de Observer é fantástica. A paleta de cores utilizadas, o design dos ambientes, a organização espacial de objetos… tudo é lindo, feio, e grotesco ao mesmo tempo. A melhor forma de explicar a arte de Observer é de fato mostrando. Confiram a baixo uma seleção de fotos dos mais diversos ambientes do jogo.

























| Trilha Sonora
A trilha sonora é mais focada em efeitos sonoros do que música. Todos os efeitos e músicas foram orquestrados para combinar perfeitamente com o ambiente e com a situação. Quando Lazarski entra na mente de alguém, sons que lembram glitches e bugs entram em cena. Quando Daniel está sendo perseguido, música de tensão e barulhos altos são ativados. A trilha sonora serve como um apoio perfeito para os efeitos visuais do jogo.
| Inovação
Observer inova na questão da imersão. Em anos, esse foi um dos únicos jogos que de fato me envolveu profundamente no universo. Me senti de fato na pele de Daniel Lazarski. Enfrentando com ele todas as alucinações e seus medos internos. A união da imersão junto com a temática policial e terror psicológico foram as melhores jogadas da desenvolvedora.
| Conclusão
Observer: System Redux é um jogo imersivo em primeira pessoa focado na investigação policial e no terror psicológico baseado em um universo cyberpunk. O título entrega uma história imersiva e interessante, que intriga o jogador conforme progride e o incentiva a investigar e descobrir mais de seu universo e personagens. Observer apenas peca nas escolhas finais da história, em que ao mesmo tempo que deixa o jogador escolher, também torna suas escolhas inúteis.