Introdução
Colossus Down é um jogo de Beat’em Up com estilo de desenho animado, cheio de referências a filmes, jogos e músicas, com uma boa dose de humor absurdo e bastante “dark”. Foi desenvolvido pelo estúdio espanhol Mango Protocol e lançado em 16 de dezembro de 2020 para Switch, Playstation, Xbox e PC.
Açúcar, Tempero e Tudo o que há de Ódio
Em Colossus Down, seguiremos a história de duas garotinhas, Nika e Agatha, em uma missão para destruir tudo o que é chato e sem graça no mundo. Nika tem apenas 7 anos de idade e já é uma “Gênia do Mal”. Sozinha em sua oficina, ela construiu um Mecha, o MechaNika, armado com armas de choque, uma serra elétrica e um canhão que atira cabeças de boneca explosivas.
Sua motivação para isso é o fato do mundo estar cheio de coisas que ela não gosta: matérias inúteis na escola, vídeo games sem criatividade e repetitivos, e aparelhos eletrônicos com obsolência programada, que quebram assim que acaba a garantia. Sua solução para esses problemas, é destruir tudo e recomeçar do zero.

Agatha é amiga de Nika, e uma garota bastante estranha. Ela é uma garota que ama todos os animais do mundo e faria de tudo para protegê-los. Mas ela também é uma carnívora voraz, e a alta sacerdotisa da religião do Carnivorismo, que prega a salvação e felicidade eterna para os animais que são sacrificados para alimentar os humanos. Ela prega sua religião para os animais confinados no açougue da sua família, onde eles cultuam o Grande Porco Ensanguentado enquanto aguardam o abate.
Então as duas se unem para partir em uma jornada de destruição pela cidade, Nika com seu mecha armado até os dentes e quase indestrutível, e Agatha utilizando os poderes do Grande Porco Ensanguentado para invocar animais explosivos e magia de sangue, além de um cutelo super afiado.
A história que acompanha essa jogatina é cheia de momentos para te fazer dar risada, às vezes só pelo nível de absurdo do que está acontecendo na tela. A narrativa não é muito elaborada, servindo mais de plano de fundo para elas pularem entre as diferentes fases, mas há bastante diálogo entre as meninas e os vilões de cada fase, e muitas vezes esses diálogos se estendem mais do que deveriam.
As motivações de Nika até são “justificadas”. Ela quer destruir a escola, pois tudo o que ela aprendeu de útil foi fora dali, então visitar a escola todo dia é perda de tempo. Querer destruir a empresa que faz todos os componentes eletrônicos ruins do mundo também é para melhorar a qualidade de tudo. E acabar com as empresas que fazem jogos, filmes, séries e músicas repetitivas e ruins é um comentário sobre o estado atual dessas mídias.

Então o jogo até se propõe a discutir alguns temas pertinentes, mas é usado apenas para um humor bastante dark. O fato das protagonistas terem 7 anos, de a Nika ser alcoólatra, e de elas saírem matando centenas de pessoas na rua, causa um certo desconforto, especialmente na primeira fase em que ela invade a escola e acaba por matar a professora que ela não gosta. Violência em jogos não é novidade, e não é algo que incomoda, mas às vezes uma temática fica mais pesada que o normal, como é o caso.
Destruindo tudo
Em jogabilidade, Colossus Down entrega um Beat ’em Up bastante competente. Até dois jogadores podem se unir para atravessar as fases derrotando várias hordas de inimigos, cada um controlando uma das meninas, e eventualmente enfrentar um boss. Você tem à sua disposição um golpe normal, um tiro de distância e um ataque que atordoa os inimigos. Os inimigos soltam itens de cura e metal, que é usado para carregar o poder das personagens e liberar ataques especiais.
A forma como a cura é tratada neste jogo é um pouco diferente de outros jogos do gênero. Em jogos como Streets of Rage e Battletoads, você só pode recuperar vida quando encontra itens de cura soltos por inimigos mortos ou objetos destruídos. Em Colossus Down, esses itens, na verdade são acumulados no medidor de cura, e você pode usar esse medidor quando quiser para se recuperar. Lógico que existe um limite máximo, e se você apanhar constantemente não conseguirá mais se curar, mas pelo menos é uma forma diferente e mais estratégica de lidar com essa questão.
Você pode liberar até quatro ataques especiais, na ordem que desejar. Porém, em certo ponto da história você terá que escolher entre liberar todos os quatro, ou ter a habilidade de reviver em caso de morte. Basicamente, se você escolher o modo Permadeath, pode ter todos os especiais, senão estará limitado a apenas três. Considerando a dificuldade do jogo, escolher Permadeath é uma decisão arriscada, mas necessária para conseguir todos os achievements.
Mas o jogo não fica apenas na porradaria. Seguindo uma filosofia próxima à do novo Battletoads, que já fizemos uma análise, o jogo também te apresenta fases com objetivos diferentes de apenas matar tudo o que tem pela frente. Há diversos puzzles para se resolver, até durante os chefões, e fases com jogabilidade diferente. Por exemplo, em uma delas temos que controlar as meninas enquanto elas voam para o topo de uma torre, e devemos destruir os robôs inimigos e obstáculos que aparecem no caminho, com a fase se torna um jogo de navinha.

Os cenários e inimigos também variam bastante de uma fase para outra. Em um momento, você está nos estúdios de cinema da cidade, enfrentando personagens de diversas franquias, como Power Rangers, Zumbis, o Master Chief. Em outro, você está no Reino Doce em combate com a guarda real da Ditadora do Sorriso, composta de bonecas assassinas e gatinhos armados com porretes de pirulito. E você ainda passará pelo mundo pixelado dos vídeo games, e por dentro do mundo do editor de games, tendo que usar as janelas de código como plataforma.
Variação não é algo que pode-se reclamar deste jogo, pois ele não se demora demais em um único cenário, e está sempre te apresentando situações diferentes, o que é de impressionar, sendo que o jogo não é longo, tendo em torno de 5 horas de duração.
Conclusão
Colossus Down é um divertido jogo de Beat ’em Up, com um visual ao mesmo tempo cartunesco, mas sangrento. Sua história está cheia de humor dark, com algumas temáticas bastante pesadas para protagonistas que são crianças, o que pode causar certo incômodo. Em termos de jogabilidade, no entanto, apresenta uma ação bastante desafiadora, com muitas opções de combate. Consegue variar bastante a jogabilidade, com puzzles e mudança completa do gênero jogável em algumas fases, o que torna o jogo divertido até o final, evitando de ficar cansativo.
* Chave cedida para análise em um Xbox Series S