Iris.Fall é um jogo de puzzle e aventura com a temática de luz e sombras desenvolvido e publicado pela NExT Studios. Foi lançado inicialmente para PC em 2018 e agora em 2021 tem oficialmente a sua versão lançada para os consoles.
Entrando no mundo de Iris
Em Iris.Fall, o jogador controla Iris, uma menina que acorda de um pesadelo e decide seguir um gato preto até um teatro no fim da rua. Nele, ela terá que superar desafios em formato de puzzles e brincar com a luz enquanto tenta alcançar o animal. Mas, conforme avançamos dentro do lugar, Iris começa a perceber que ela talvez tenha uma conexão com tudo isso.
Logo de cara, Iris.Fall traz uma atmosfera digna de autores como Neil Gaiman (Coraline) ou CS Lewis (Alice no País das Maravilhas). Uma criança perdida em um mundo de fantasia com um mistério que talvez fosse melhor nunca ser resolvido.
A história em si é bem simples, mas possui detalhes interessantes e que chegam até a ser um pouco macabros. Quanto mais fundo Iris avança no teatro, mais o jogador vai aprendendo da mulher que morava ali e também das crianças que já frequentaram o lugar.
O jogo também usa diversos jeitos para contar a história, temos pedaços espalhados pelo cenário, pelos puzzles que o jogador precisa solucionar e também através de animatics.
Mesmo que seja curtinha, ela está em sincronia com os puzzles, trazendo sentido para a gameplay.

Onde tudo se encaixa
Iris.Fall é um jogo de puzzles, portanto… o que não falta são puzzles! Para que o jogador possa avançar nos mapas ele precisa resolve-los em cada andar do teatro.
No começo, eles são bem simples: encaixar peças e figuras ou procurar objetos pelo que desbloqueiam novas opções.
Mas, quanto mais você avança, mais complexos eles ficam. E isso não significa necessariamente mais difíceis.
O único momento em que é visível a mudança de dificuldade são os puzzles que possuem ‘níveis’: você soluciona um e logo em seguida o mesmo puzzle se abre só que dessa vez ele tem mais peças com que o jogador precisa trabalhar. Uma mecânica muito encontrada em jogos desse gênero.
As peças aumentam, mas o jeito de solucionar continua o mesmo. Particularmente o que mais gostei desse tipo de puzzle foi o do cubo mágico, onde você precisa rearranjar o cubo para que ele ilumine as portas que vão abrir o caminho para o próximo puzzle. Ele possui três níveis e foi de longe o mais divertido que o jogo me apresentou.
Uma característica que deixa os puzzles ainda mais interessante é a premissa de luz e sombras: Iris encontra diversos livros espalhados pelo chão do mapa e aprende com o gato que se interagir com eles, ela pode ir para o ‘mundo das sombras’.
Muitos puzzles vão envolver esse aspecto, desafiando o jogador a olhar além dos objetos: para as sombras que eles fazem. Isso traz até um novo estilo de gameplay, quando Iris está no mundo das sombras a interação fica em estilo 2D.
Boa parte dos puzzles são bem simples de entender a proposta, mas como qualquer jogo de puzzles se você travou em algum (assim como eu) é sempre bom dar um tempo antes de retomar.
Com a cabeça renovada, novas possibilidades se mostram e você pode abordar o desafio de outra maneira e sem mais frustrações.

Trilha Sonora
Uma das coisas que chamam a atenção na trilha sonora é justamente a falta dela.
As músicas ainda estão presente sim, mas só quando você termina um mapa e vai para o próximo, onde você assiste uma cutscene que mostra a porta se abrindo.
Por mais que sejam curtas, elas dão um pouco de noção da ambientação. Você sabe que o jogo poderia facilmente se passar no começo dos anos 1900 não apenas pelo visual, mas pelas músicas que lembram muito a época.
Já durante a exploração e os puzzles, tudo o que se ouve são os sons ambientes: os passos de Iris, os miados do gato, barulho de chuva e de objetos, o movimento dos aparelhos que você interage.
Por ser um jogo silencioso, o jogador tem a sensação de estar realmente perdido e sozinho enquanto precisa vencer obstáculos, mas isso também pode tirar um pouco da concentração que alguns puzzles exigem.

Arte
Se Iris.Fall não tem lá muita trilha sonora, ele compensa com seu visual. E que visual!
Todo o jogo possui uma paleta de cores que lembram muito fotos antigas no tom de sépia. Essa é a característica que marca toda a atmosfera do jogo.
Além de ser desse jeito, ele tem ambientes bem escuros que servem para a mecânica de luz e sombras. Os objetos que recebem maior iluminação são aqueles com maior importância.
Mas não se preocupe, dá pra enxergar tudo certinho!
Mas, além da arte da gameplay, Iris.Fall possui seu próprio jeito de contar a sua história: usando animatics.
Animatic é um estilo de animação simplificado usado em mídias audiovisuais. Com ele, os roteiristas têm uma noção de ângulos, posicionamento e iluminação das cenas.
Em Iris.Fall, este recurso é utilizado como cutscenes. Por ser um jeito simplificado de animar, quem faz o jogo tem menos trabalho na hora da animação e a mensagem que você quer passar continua a mesma.
Até o próprio traço desses animatics lembram algo feito à mão. Uma solução simples e que ainda acrescenta mais essência ao jogo.

Luz e Sombras
A mecânica de luz e sombras é o principal diferencial de Iris.Fall. Ao fazer o jogador considerar não apenas os objetos do cenário como também as sombras que eles fazem, deixa o jogo mais desafiador.
Descobrir caminhos através das sombras e iluminar objetos para que eles abrissem mais caminhos é, com certeza, uma das melhores mecânicas do jogo.
Isso consequentemente reflete nos puzzles do jogo. Encaixar peças ou descobrir a ordem certa de objetos são alguns que interagem diretamente com o cenário, trazendo um novo jeito de encarar puzzles desse tipo.

Quebre a cabeça!
Com mais ou menos três horas de duração, Iris.Fall oferece diversão tanto aos amantes de puzzles quanto aos amantes de histórias misteriosas.
A aventura de Iris é curta e simples, mas oferece o sentimento recompensador depois de ter seus puzzles solucionados.
* Chave cedida para análise.