Introdução
Finalmente temos um novo The Legend of Z… Não pera (risos). Assim temos Ocean’s Heart, um jogo indie muito simpático e bem colorido, de gênero action-RPG estilo zeldalike. O desenvolvimento do jogo ficou por conta de Max Mraz (Yarntown) e o estúdio Nordcurrent.
O jogo tem referências fortíssimas à Zelda, como se fosse um novo título da franquia, mas com outro nome e personagens. Porém, apesar das muitas semelhanças, ele sai em busca de uma identidade própria.
O jogo já está disponível para PC, tendo sido lançado em 21 de Janeiro de 2020.
Enredo
Em suma, Tilia é nossa protagonista. Filha de um marinheiro caçador de piratas, ela vive em uma humilde casa afastada dos demais vilarejos da região. Mas, após o desaparecimento de seu pai, parte em uma grande aventura para encontrá-lo.
Sua jornada a leva ao arquipélago das terras submersas, uma região cujo surgimento está envolto em mistérios.
Apesar de todos os perigos e inimigos que ela encontrará no arquipélago onde nasceu, nossa heroína está preparada para o desafio, pois foi treinada para fazer parte da marinha como seu pai.
Portanto, Tilia conhecerá os habitantes de vilarejos portuários e cidades. Resolverá missões que incluem derrotar criaturas que impedem moradores de trabalhar no campo, ou dissolver tramas políticas de governantes dos lugares onde passa.
Frequentemente Tilia se desviará da busca por seu pai, à medida que desbrava masmorras e cavernas que surgem em seu caminho.

Em outras palavras, a história não exige muito do jogador. Toda a narrativa se desenvolve de uma maneira simples, sem alegorias, muito menos linguajar complexo ou pesado.
Temos uma personagem empunhando uma espada, temos vilarejos, temos terras e dungeons para explorar e inimigos para enfrentar. O que mais um jogador pode querer?
Os diálogos se resumem a poucas argumentações, bem precisas, sempre indo direto ao assunto. O motivo dessa menção, é a aparente preocupação de não cansar o jogador com textos gigantes, característica presente em muitos outros RPGs.
Em resumo, interaja o suficiente para saber seu caminho e LET’S GO ON AN ADVENTURE!
Jogabilidade – Mecânicas
Em primeiro lugar falaremos da movimentação. Ela funciona em 360º que somado ao comando de rolamentos permite fugir de ataques de inimigos, armadilhas e explosões. Em segundo, sua arma principal é uma espada adquirida logo no início do jogo, com um comando próprio para ataques simples. Há outros dois comandos que servem para utilizar os itens equipados em combate.
Ainda sobre a espada, o jogador pode aprimorar recolhendo coral dusts e pagando ferreiros para o trabalho. O especialista em vestimentas aprimora a armadura no mesmo local.
Em se tratando do mapa do mundo que exploraremos, ele é simples e sinaliza o local onde o jogador se encontra. A ilha inicial já fica disponível no mapa, porém os demais lugares são revelados com o avanço do jogo.
Além disso, Tilia carrega um inventário para itens com um número razoável de espaços. Este possui dois segmentos para itens adquiridos durante o gameplay.
O primeiro segmento mostra os itens que se pode usar a qualquer momento. A lista inclui cerejas e maçãs que recuperam vida, além de magias e armas adicionais como arco e flecha, bumerangue e bombas. Já o outro segmento guarda os itens coletáveis, que você pode usar como ingredientes para poções, ou simplesmente vender.


Jogabilidade – Quão desafiadores são os monstros?
Todas as mecânicas fazem com que o jogador se divirta com o jogo sem que perca a noção de desafio. O grau de dificuldade é razoável, onde até os monstros mais simples podem causar uma dor de cabeça.
Referente aos monstros mais comuns nenhum deles demonstra profundidade. Mesmo soldados humanos não são diferentes dos demais inimigos.
Já em relação aos chefes de masmorras, seu combate exige mais estratégia por parte do jogador. Isso é positivo, pois quebra o excesso de hack’n slash e força o jogador a sair da zona de conforto para econtrar um jeito de derrotar o inimigo.
O chefe do santuário em ruínas em Spruce Head é um bom exemplo. Não apenas o jogador deve evitar atacá-lo diretamente, como também deve se afastar sem se aproximar das lâminas laterais enquanto rebate seus projéteis de volta para vencê-lo.
Embora a variabilidade de inimigos esteja dentro do esperado em um zeldalike retrô como esse, alguns encontros com certos monstros se tornam repetitivos.
Os mesmos inimigos aparecem em vários lugares de forma despropositada, como se estivessem apenas preenchendo lacunas. Monstros diferentes e mais desafiadores demoram a surgir, como se houvesse a necessidade de economizar com o número de inimigos distintos.
Viagem pelas Terras Submersas e seus puzzles
Sobre viajar nas terras submersas, é gratificante todo o ambiente litorâneo por onde o jogador passa. As cores vivas e cenários bem montados, passam uma sensação real de se estar no ambiente apesar da aparência cartunesca.
Em Ocean’s Heart, uma coisa que não economizaram foi na quantidade de localidades a se visitar e sua variedade. Você pode caminhar desde o vilarejo de Goatshead, até chegar na mata inundada de Forest of Tides. Visitar a vila de pescadores de Crabhook, e depois atravessar as águas rasas de Lotus Shoal.
Como era de se esperar do gênero, os puzzles característicos são numerosos, mas nenhum deles se apresentam como absurdos. Todos são intuitivos e podem ser resolvidos com alguns minutos de atenção.
Alguns dos exemplos consistem em encontrar chaves escondidas para portas trancadas em caminhos que se abrem pressionando botões. Ativar vários dispositivos ao mesmo tempo, para se livrar de barreiras que seu avanço, ou protegem um baú com tesouros.
Uma estrutura bastante familiar a quem é fã de Zelda, e nesse ponto, Ocean’s Heart fez muito bem.


Trilha Sonora
No geral, são trilhas que oscilam reforçando ambientes movimentados ou mais pacíficos. Ainda que o ambiente seja de masmorras e locais de perigo, as melodias não perdem o caráter de aventura e diversão.
Apesar de boas composições, nenhuma delas se mostram marcantes, causam impacto ou valem mencionar em específico. É uma boa trilha sonora para embalar o momento, mas só.
Semelhanças e homenagens
Sem dúvida, o desenvolvedor Max Mraz em Ocean’s Heart fez uma boa homenagem à franquia Zelda, da mesma forma como fez em sua obra anterior, Yarntown, muito inspirado em Bloodborne.
Não apenas a aparência dos personagens, como também quase todo o bestiário e suas formas de combate, foram criados com base na franquia da Nintendo.
Além dos balões de diálogo, temos também efeitos visuais e animações com referências. Em seguida, os mapas remetem a The Legend of Zelda, mais especificamente aos jogos A Link to the Past e The Minish Cap, e isso não é coincidência, conforme um tweet do próprio desenvolvedor.
Concluindo
No geral, o jogo se mostra bem estruturado. Como resultado, não há dificuldades em dominar os comandos de jogo para quem nunca experimentou o gênero. Mas para quem já conhece, é uma bela revisita a um estilo de RPG de ação bem gratificante.
Apesar disso, Ocean’s Heart peca na falta de originalidade, pois outros jogos já utilizam das mesmas mecânicas e a não apresentação de elementos novos poderá atrapalhar o jogo em se destacar da concorrência.
Concluímos que as aventuras de Tilia em Ocean’s Heart se apresentam como uma bela aventura por terras desconhecidas e perigosas, que com certeza trará diversão a quem jogar. Decerto que a carga nostálgica presente no jogo é um prato cheio para os saudosos, porém pode ser uma boa pedida para novos fãs do estilo também.
*Chave cedida para análise