Kaze and the wild masks é um jogo plataforma no estilo anos 90. Ou seja, espere dificuldade, mas uma muito bem feita.
O lançamento acontece dia 26 e março de 2021, para as plataformas PC, Switch, Xbox e Playstation.
Estou orgulha de ser responsável pela análise desse jogo brasileiro, desenvolvido pela PixelHive e publicado pela SOEDESCO.
Jogos de plataforma atual x anos 90
Antes de falar sobre Kaze, vou citar alguns problemas que vejo em jogos de plataformas modernos.
Atualmente, podemos esperar uma facilidade muito grande em jogos do gênero de plataforma, pois, ao invés de existirem várias opções de dificuldade, acaba por ter apenas uma única opção: fácil. Isso acontece, pois, boa parte do público prefere jogos assim. Até as próprias crianças atuais estão acostumadas com isso.
Então, para alcançar essa facilidade, geralmente temos fases curtas que aproveitam bem pouco as mecânicas, além de termos numerosas fases, com muitos cenários repetidos, e poucas habilidades para variar a jogabilidade.
Se você parar para pensar, isso é necessário para que o jogo não fique muito curto, justamente pela facilidade do jogador em passar as fases. E, para completar tudo isso, apresentam mecânicas que exigem pouca habilidade do jogador, o que cansa pessoas mais exigentes pelo excesso de repetição.
Com isso, para muitos jogadores o gênero de plataforma virou algo chato. E essa opinião é baseada no que já vivemos, pois, quando criança, as fases eram bastante difíceis de passar. Precisávamos nos esforçar, morríamos várias vezes, mas sempre seguindo adiante até conseguir. Todavia, os tempos mudaram e muitas franquias perderam esta dificuldade e hoje subestimam o jogador.
Logo após todos esses comentários, Kaze é um jogo que se preocupa muito em ser similar aos jogos dos anos 90. Mas isto é uma característica muito positiva, porque evita que ele siga algumas receitas atuais que não são nada gratificante para o jogador.
Uma grande diferença, é que ele te dá uma opção de acessibilidade para jogar na dificuldade que você se sentir mais confortável. Com isso, ele atinge dois públicos, os mais e menos exigentes por desafios.
E com toda a repercussão que Kaze teve, fico feliz de dizer que temos um exemplo brasileiro de jogo de plataforma, sucesso de público e crítica, provando que a dificuldade dos anos 90 pode fazer sucesso novamente.
Donkey Kong Brasileiro?
Vamos lá, a Nintendo Life começa chamando o jogo desta forma, e isso faz muito sentido. Vou dar exemplos abaixo de situações que, quando comecei a jogar, lembrei imediatamente de Donkey Kong.
Aliás, embora tenham similaridades, Kaze tem seu brilho próprio, com diferentes máscaras que adicionam mecânicas bem diferentes e abusando muito mais da dificuldade de chefões.
Abaixo, temos três inimigos de Kaze e quatro de Donkey Kong. Para um jogador atento, percebe-se facilmente que ambos os jogos criam inimigos com caras bravas e muito expressivas, mas com temáticas bem diferentes, sendo que um foca em legumes e frutas, e o outro em animais.

Além disso, Kaze tem como foco máscaras, que dão a ela habilidades com características bem similares ao antigo jogo da Nintendo. Como, por exemplo, a máscara de águia e tubarão, que lembram a mudança de jogabilidade causada por animais em DK:

A jogabilidade
Em Kaze and the Wild Masks, nos aventuramos pelas Crystal Islands para salvar nosso amigo Hogo de uma maldição que espalha caos pelo arquipélago.
Kaze é um coelho, que vai te lembrar personagens clássicos dos anos 90. Na dificuldade recomendada, se coletamos um cristal vermelho, podemos sofrer dano uma única vez sem morrer, caso contrário morremos com qualquer dano.
Como em um jogo de plataforma, Kaze tem alguns comandos básicos, como atacar, pular e voar com suas orelhas. Os controles são bem responsivos, permitindo uma jogabilidade bem prazerosa. Em cada fase, temos diferentes inimigos e plataformas difíceis para passar, mas existem pontos de checkpoint para não voltar desde o começo.
Conforme passamos as fases, as mecânicas vão sendo bem exploradas. Ou seja, há uma grande variação nas formas de usá-las, e isso exige uma evolução das habilidades do jogador.
Um grande ponto positivo, que se relaciona diretamente com as habilidades, são as máscaras que encontramos no meio das fases. Estas visam mudar a sua forma de jogar, e temos no total quatro tipos diferentes: Tigre, Águia, Tubarão e Lagarto.
- Tigre: usado para escalar paredes, o que permite alcançar lugares mais altos. Além disso, poderemos dar dashs que deixam nossa movimentação bem mais rápida.
- Águia: podemos voar e atacar. Isso permite uma maior exploração da fase, já que podemos voar para todas as direções. Como não podemos pular nos inimigos para derrotá-los, acabamos por ganhar um botão para atacar.
- Tubarão: usado para as fases de água, além de nadar podemos atacar formando uma espécie de rodamoinho.
- Lagarto: para mim, as fases mais difíceis são com essa máscara, porque o personagem corre sozinho sem seu controle e você precisa realizar pulos duplos e dar um mergulho para baixo, a fim de desviar dos inimigos.

Fases
Cada mundo tem um conjunto de fases e um chefão. Os chefões são bem desafiadores e interessantes, pois precisamos entender qual estratégia se encaixa melhor para derrotá-los, e isso vai exigir habilidades diferentes para cada situação. Aliás, pela dificuldade alta, a satisfação de derrotar o chefe é alta, e a sensação de ter feito algo importante domina o jogador.
Já nas fases comuns, além de chegar até o fim, temos 3 tipos de colecionáveis para coletar. O primeiro são as letras da palavra Kaze, assim como acontece no jogo Donkey Kong, devemos forma a palavra até o final da fase.
Outro colecionável pode ser encontrado através de duas passagens secretas, que liberam metades de uma joia verde. E por último, coletar a ‘moeda’ do jogo, pegando 100 joias roxas pela fase.

Dificuldade
Para deixar o jogo difícil, mas ainda acessível a todos, o jogo apresenta duas dificuldades, recomendado e casual. A versão casual tem mais checkpoints nas fases e podemos levar mais danos também.
Confesso que ao testar as duas dificuldades, optei pela recomendada mesmo, afinal, o desafio que o jogo te proporciona perde um pouco o brilho no casual.
Todavia, precisamos entender que existem pessoas que não gostam de jogos muito difíceis, e vão dar preferência ao modo casual. Porém, isso não tem problema algum, já que o importante é que todo mundo se divirta, da forma que achar melhor.
Arte e Trilha Sonora
Visualmente, o jogo também acerta em tudo que se propõem, pois, consegue dar vida e detalhes a pequenas partes de cenários e inimigos, que fazem toda a diferença. Além disso, é extremamente expressivo e carismático e te surpreende a cada nova fase. Espere cenários e design de monstros bem únicos.
Para quem viveu época de Sonic, Donkey Kong e até Rayman, com certeza a arte vai agradar demais. A brilhante equipe de desenvolvedores conseguiu criar algo que simultaneamente nos remete a estes jogos, mas tem todo um charme único.
Lógico que a arte se encaixa muito bem com as faixas tocadas, que também nos colocam nos anos 90 e ajudam em muito na imersão do jogador.
Inovação
Kaze visa se assimilar a jogos do passado, mas dando aquele toque moderno ao trazer novas tecnologias e visuais deslumbrantes.
Assim, o principal diferencial está no uso das máscaras para ganhar habilidades. Estas não podem ser tiradas, e somos obrigados a chegar até o final da fase usando seus poderes, e superando os desafios novos. Então, não funcionam como habilidades dos jogos da franquia Mario, que você perde se tomar algum dano.
Conclusão
Kaze and the Wild Masks te levará de volta ao estilo de plataforma dos anos 90. Entretanto, se você não gosta tanto de dificuldade, os desenvolvedores pensaram em você também, dando uma opção de dificuldade mais casual.
Com uma jogabilidade extremamente prazerosa, personagens e inimigos chamativos e carismáticos, além de fases muito bem feitas que mostra várias formas de usar mecânicas e ainda estimula o jogador a melhorar suas habilidades ao longo do jogo.
Caro leitor, essa mera redatora foi conquistada por um dos melhores jogos plataformas que ela já teve o prazer de jogar. E, além disso, Kaze, para ela, se tornou o melhor jogo brasileiro feito até hoje.
* Chave cedida para análise
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