Introdução
Retro Machina é um jogo brasileiro, desenvolvido pela Orbit Studio e publicado por Super.com. Foi lançado no dia 12 de maio de 2021 para Nintendo Switch, Steam, Playstation e Xbox
Nesta aventura, controlamos um robozinho em busca de um lugar onde ele possa se consertar. Seu defeito: ele criou consciência, e agora tem pensamentos próprios, ignorando sua programação. Expulso da cidade pelos sistemas automatizados, ele deverá atravessar as ruínas de cidade humanas antigas para conseguir alcançar o seu objetivo. No meio do caminho, você tentará desvendar a história deste mundo, o que aconteceu para estar neste estado, além de resolver muitos puzzles e batalhar com diversos outros robôs.
Um mundo Retro-Futurista
Pode até parecer confuso este termo, pois como algo poderia ser antigo e futurista ao mesmo tempo, mas é perfeito para explicar a estética de Retro Machina.
Esta história se passa claramente no futuro. Suas cidades são repletas de robôs e protegidas por domos de vidro e erguidas a centenas de metros no ar. Nosso protagonista, é um robozinho que passa a ter pensamentos próprios, então ele possui uma inteligência artificial muito avançada. Porém, toda a estética deste jogo remete aos Estados Unidos dos anos 50. Na verdade, a arquitetura dos prédios e designs das máquinas parece algo vindo de ilustrações feitas a décadas atrás de alguém imaginando como seria o futuro.
Portanto, temos assim um mundo altamente tecnológico e avançado, mas cuja arquitetura e arte se baseia em uma visão Retrô. Estes detalhes são bastante importantes, pois ajudam a contar a história deste mundo.
O jogo conta sua história principalmente por arquivos de textos espalhados pelo cenário. Estes podem ser recortes de jornal, diários dos moradores da cidade, ou conversas entre pessoas. Mas, muito antes de você encontrar o primeiro texto, o cenário já te contou muita coisa. Ao encontrar os primeiros carros abandonados, cobertos de ferrugem e mato, perguntas começam a surgir. Então, quando você entra na cidade, com prédios abandonados e tomados pela natureza, e cujas ruas estão atulhadas de robôs destruídos, já começa a formar teorias do que pode ter acontecido. Os textos ajudam a contextualizar, mas o cenário sozinho já te diz muita coisa.
Apesar disso, achei que a história poderia ter recebido mais detalhes. No final, temos um “Plot Twist” que ajuda a explicar melhor as coisas, mas o que é contado sobre as cidades e o mundo até este ponto foi bem por cima, e não criou alguma trama intrigante.
Exploração e a Magia de se Perder
Retro Machina é um jogo de aventura, e você deve guiar o robozinho para explorar cidades humanas. Ele segue uma estrutura similar a um metroidvania, mas que coloca uma ideia própria à fórmula.

Primeiramente, nosso objetivo em cada cidade é encontrar 4 chaves que abrirão o caminho principal para nosso objetivo, que primeiro é encontrar baterias nucleares para energizar os transportes que te levarão ao centro de controle dos robôs. Portanto, devemos vasculhar a cidade em busca de tais chaves. No meio do caminho, também devemos encontrar outras chaves que abrirão portas trancadas na cidade, e que precisamos para continuar avançando.
Os cenários que exploramos são bem grandes, cheios de bifurcações e atalhos para abrir. Constantemente nos deparamos com escolhas sobre que caminho tomar. Mas, geralmente, esta escolha não é tão importante, pois todos os caminhos levarão a algum lugar importante. Essa característica torna a exploração de Retro Machina prazerosa, pois você tem a sensação de estar sempre progredindo.
Outro fator que ajuda é a pouca quantidade de backtracking. Seus mapas foram muito bem planejados para você estar constantemente avançando. Mesmo que retorne para alguma área que já visitou, quer dizer que você já explorou todo o caminho de uma bifurcação, e resta agora seguir por aquela que você abandonou da última vez.
Ainda assim, se não explorar bem seus cenários, é possível deixar alguma chave ou item importante para trás, e o retorno é inevitável. Isso até pode gerar uma certa frustração, pois o mapa não aponta onde estão todos os itens, por isso é bom ser minucioso nestas explorações e revirar cada sala que encontrar.

Usando os Poderes de Outros
Em um metroidvania, o seu personagem vai ganhando mais poderes, que o permitem alcançar áreas que antes estavam fora de alcance. Porém, neste jogo, a ideia de usar poderes é um pouco diferente. Pois, ao invés do personagem ganhar estes poderes, ele utilizará o poder de outros robôs para avançar.
Em sua jornada, nosso herói encontrará diversos puzzles ambientais para resolver. Geralmente, você deve descobrir como superar algum obstáculo. Estes podem ser um chão eletrificado, uma área coberta de água, ou até precipícios. Felizmente, este robô possui uma antena capaz de controlar outros robôs. Este controle também vem com uma ideia original, pois você pode controlar os dois ao mesmo tempo, o principal com o analógico esquerdo, e o controlado com o direito.

Logo, é preciso guiar ambos os robôs para resolver o puzzle. Por exemplo, você pode controlar um mini robô-aranha, que consegue entrar por pequenos buracos para destrancar portas. Ou então, controlar um robô sapo capaz de nadar, e trazer plataformas que auxiliem o nosso herói a atravessar áreas alagadas, já que ele não sabe nadar. Dessa forma, o jogo apresenta uma grande variedade de puzzles e jogabilidades diferentes.
Lutando e Evoluindo
O combate é uma parte constante no jogo, e vem em duas variantes. Na primeira, você encontrará robôs agressivos enquanto está explorando. Estes, você pode ignorar ou enfrentar, já que eles lhe dão peças usadas para fazer upgrades no seu personagem. Na segunda variante, uma arena é fechada e diversos inimigos aparecem. Você só poderá sair desta arena quando derrotar todo mundo, então não há escolha.
E não é só em puzzles que controlar robôs é algo útil. Alguns podem te ajudar em batalhas, apesar de ser bem difícil de controlar dois personagens, enquanto outros robôs estão te atacando. Mesmo assim, controlar um pelo menos tira ele da jogada e não vai te atrapalhar.
Para evoluir o personagem, também é importante explorar todas as salas que encontrar. Você pode melhorar a vida máxima, o ataque, energia e poder de controle de outros robôs. Cada um depende de conseguir “Módulos”, itens que você encontra escondidos. Com um número suficiente de módulos, e de peças, você fortalece nosso herói e facilita um pouco sua missão.
Com o módulo de energia, você pode liberar até 3 habilidades especiais. São elas um campo de força que te protege de um ataque, uma explosão elétrica que paralisa inimigos, e um ataque tornado que danifica todo mundo em volta.
Pequenos Detalhes
Apesar de Retro Machina apresentar uma experiência muito divertido, com uma estética interessante, e exploração intrigante, há um detalhe que atrapalha muito. Fiz esta análise baseada na versão de Switch, e devo dizer que este jogo é muito difícil de jogar no modo portátil. Tal dificuldade vem do tamanho da letra escolhida para o jogo. Já adianto que, se você tem algum problema de vista, vai ser difícil ler qualquer coisa na telinha do Switch. Mesmo colocando na TV, o tamanho da fonte é tão minúscula que precisava me aproximar da tela para conseguir ler os textos que encontrava.
Então, este é um ponto negativo que vai atrapalhar um pouco a sua jogatina, mas não o suficiente para desmerecer todo o trabalho feito aqui. Mas, ainda é algo que sinto que devo avisar.

Conclusão
Retro Machina é um incrível jogo brasileiro. Seus cenários parecem pinturas de aquarela, apresenta um ambiente belo e intrigante. O design dos prédios e robôs é bastante curioso, já que parecem saídos de ilustrações americanas da década de 50 de como seria o futuro. Assim, ele entrega uma visão ao mesmo tempo high-tech e retrô.
A jogabilidade é uma mistura de muito combate e exploração. Apesar de ter um funcionamento ao estilo metroidvania, o jogo não apresenta uma evolução de habilidades no personagem, mas sim diferentes robôs para você controlar. É uma forma bem diferente de se resolver os puzzles, e que dá um nó na cabeça para controlar dois personagens.
Explorar este mundo, descobrir os seus segredos e resolver seus puzzles, foi uma experiência bastante prazerosa, e uma que recomendo a qualquer um que curta robôs, estética retro-futurista e jogos brasileiros.
*Chave cedida para análise no Nintendo Switch
Ola!! eu sou um dos desenvolvedores do jogo Retro Machina, acabei de ler sua Review do jogo e fiquei muito emocionado! muito obrigado por ter jogado o game e obrigado mais ainda por fazer uma analise tão detalhada!