Introdução
Como um trabalhador classe média, você tem uma vida difícil. Acordar, ir para o trabalho, cuidar da segurança do ambiente. Segurando uma arma de tranquilizante, você faz a vigilância do ambiente ao seu redor. As coisas não podiam ser mais tranquilas, até acontecer algo de terrível no seu zoológico.
Um macaco furioso avançando na sua direção, com sangue nos olhos… e nas mãos.
Eu acabo de descrever o ponto de vista de um dos milhares de inimigos que você vai destruir em sua jogatina de Ape Out. Controlando um macaco furioso em fuga ao som de jazz, você destrói janelas, portas e pessoas no seu caminho para a liberdade. O jogo foi desenvolvido por Gabe Cuzzillo, Bennett Foddy e Matt Boch e publicado pela grandíssima Devolver Digital para Windows, Mac e Nintendo Switch em fevereiro de 2019 (o site também conta com um artigo que fala da história da empresa). O jogo também está disponível no Xbox Game Pass de PC.
Para entender do que esse game se trata, você só precisa ver uma gameplay.
Jogabilidade
A premissa de Ape Out é de criar um beat’em up de ritmo, sem nenhuma história além da premissa básica da fuga de um gorila, onde com uma trilha sonora excepcional de jazz tocando ao fundo. Sua jogabilidade é simples e intuitiva, mas difícil de dominar. O jogo conta com uma perspectiva de cima onde você controla o gorila. Nela, você pode andar, atacar, segurar os inimigos para fazê-los se matarem, jogar portas, e arremessar os inimigos uns contra os outros. Logo, é uma receita simples que parece fácil a princípio (e de fato as primeiras fases são bem fáceis) mas conforme o jogo avança, são introduzidos diferentes tipos de inimigos e com posicionamentos mais complexos que criam um desafio bem formidável para qualquer amante de dificuldade.
Classificam-se os inimigos conforme as armas que portam, com alguns portando pistolas, fuzis, bazucas, tranquilizantes e lança-chamas. Assim, os diferentes tipos combinados fazem o cerne da dificuldade de Ape Out, e acredite: o jogo fica difícil. Simples a princípio, a dificuldade escalona enormemente e talvez até um pouco desproporcional, e rápido. O jogo é curto, e nas duas horas você sente um salto súbito. Desse modo, isso pode ser considerado um problema dependendo de como você gosta de jogar, mas para quem gosta de ainda mais desafio o jogo também conta com um modo difícil, então isso pode ser um ponto positivo para você.
Combinado com a trilha sonora e a estética que eu ainda vou comentar, o jogo cria um flow de jogabilidade bem divertido, onde você destrói tudo em seu cenário e exigindo atenção para não morrer: o gorila morre com 3 ataques inimigos, por isso, concentração é necessária. De fato, o jogo é um beat’em up que brilha com estilo e, por mais incrível que pareça, jazz.
Trilha Sonora
A trilha sonora é um dos pontos altíssimos de Ape Out. Ela é composta de trilhas de jazz, que foram feitas com um cuidado para refletir a ação frenética do gorila enquanto ele destrói tudo. O design de som também é ótimo: Os golpes tem impacto, e hora ou outra você consegue escutar os gritos dos inimigos ao fundo. Além disso, as ações do gorila têm um som atribuído específico que combina com a trilha sonora. Um soco, por exemplo, tem o som de uma bateria. Isso acrescenta ao ritmo do jogo e torna a experiência mais orientada pelo jogador e a sensação de estar criando a música conforme você mata tudo e todos ao seu redor. Na sua descrição, Ape Out é considerado, também, um jogo de ritmo. E ele cumpre essa missão com sucesso.
Arte
A arte também é um dos pontos positivos. O jogo possui um estilo simplista, onde conseguimos identificar apenas as formas do cenário e dos inimigos ao redor por cores bem vibrantes. Tudo parece ser desenhado com giz de cera e os traços se borram e se misturam conforme você anda. Isso dá uma sensação que evoca o primal, e, em simultâneo, não é nem um pouco confusa e deixa as informações bem claro da tela. Além disso, as cores mudam hora ou outra durante a jogabilidade, que é um recurso também bem interessante. Ao destruir um gerador e derrubar a energia, as fases assumem um tom preto e branco que cria uma estética noir para o jogo, e ao ser atingido por um tranquilizante, as cores se tornam psicodélicas e confusas. Ao soar um alarme, elas ficam vermelhas e vibrantes. Definitivamente, o jogo sabe usar as cores.
Também se evoca na estética o movimento constante da gameplay, criando uma estética que combina perfeitamente com a jogabilidade que está sendo mostrada, e também com a trilha sonora. O sangue se destaca na tela, especialmente o do próprio gorila: você consegue saber quantos golpes ainda pode tomar pelo tamanho da trilha de sangue que o primata deixa ao caminhar, e isso é um recurso que eu achei bem inteligente para não haver necessidade de uma interface na tela.
Duração
Também deve-se dizer que Ape Out é uma experiência curta. O jogo me levou cerca de 3 horas para completar (isso que eu sou muito ruim). Apesar disso, você pode estender seu tempo completando múltiplas vezes no modo difícil. Também há modo arcade, que conta com um sistema de pontos e um temporizador para cada fase.
Ainda que curto, eu diria que Ape Out tem a duração perfeita. O jogo termina exatamente onde deveria terminar, e como alguém que gosta de jogos curtos, isso é um ponto positivo. Mas isso faria de jogador para jogador, e cabe a você decidir se isso vale a pena.
Conclusão
Ape Out é um jogo experimental bem interessante. De fato, ele não chega a ser uma experiência revolucionária e linda, mas com certeza cumpre sua função de divertir o jogador e trazer uma experiência desafiadora, ainda que curta. Sua curva de dificuldade rápida e duração podem ser um ponto negativo, mas ainda assim, temos um jogo de alta qualidade que serve como um excelente experimento e que cumpre bem sua proposta. Assim, minha recomendação do jogo fica para quem gosta de jogos de ação e de ritmo.