Introdução
Moonlighter é um projeto que apresenta uma proposta interessante, misturar rogue-lite e gerenciamento em um mesmo jogo. Esses são dois gêneros opostos, com ritmos diferentes e infelizmente Moonlighter não consegue sair da mediocridade.
Antes de mais nada, quero deixar claro que não vou analisar o jogo como um todo, mas sim discutir por que o game, na minha opinião, tem um potencial desperdiçado e isso não o torna um jogo ruim.
Crise de identidade ou inovação?
É comum encontrar pelos corredores da internet elogios ao jogo e normalmente dois pontos são destacados: arte e trilha sonora. É preciso concordar! A arte é linda, um dos melhores trabalhos em pixel art do mercado. A trilha sonora é incrível, ela me acompanhou e me transportou para vida de vendedor durante o dia e para frenéticas batalhas nas masmorras durante a noite.
Porém, quando se fala de level design e mecânicas, entramos em algo complicado. O jogo não se decide e não arrisca, tenta ser um gerenciamento e ao mesmo tempo um rogue-lite, mas infelizmente ele não faz nada de incrível com nenhum dos dois. Com um level design fraco na parte do rogue-lite e um gerenciamento pouco cativante, Moonlighter parece ter uma crise de identidade.
Gerenciamento ou Rogue-lite: o que é Moonlighter?
Todavia nas primeiras horas tudo no jogo me chamava a atenção, eu sentia vontade de explorar as masmorras e ao mesmo tempo de cuidar do legado da loja. É simples e divertido batalhar em Moonlighter. A proposta é boa e eu estava comprando a ideia.
Entretanto com o passar do tempo, o gerenciamento se mostra lento e acaba por passar a sensação de “estagnação”. Da mesma forma sua personalização é mínima, limitada e acaba tornando esses momentos chatos. Eu torcia para acabarem logo para que eu pudesse correr na direção das masmorras, que até umas 10 horas de jogo era a única coisa realmente divertida.
Por se tratar de um Rogue-lite, a repetição é inevitável, frequentemente eu entrava nas masmorras e avançava até não aguentar mais, em seguida voltava e vendia a maior parte dos itens e novamente corria até às masmorras ansioso para descobrir o que havia no próximo andar, mas infelizmente a sensação de progressão não era muito visível.
No jogo ainda existe uma pequena vila, local onde se encontra a loja do protagonista. O jogador pode investir dinheiro e fazer a vila crescer com o tempo. No entanto, essa é outra parte que pouco se percebe a evolução, os NPCs são sem vida e, tirando algumas exceções, são desinteressantes.
Percebem? Moonlighter cai em uma repetição nada satisfatória, se tornando apenas cansativo. Eu não pude acreditar nisso, com cerca de 10 horas de jogo eu estava triste com o fato do jogo apresentar uma proposta de ser inovador trabalhando com dois gêneros diferentes, porém, executa tudo isso de forma medíocre.
O inventário
Por outro lado, é preciso ser justo! Mesmo que em sua proposta de ser um “rogue-lite com elementos de gerenciamento” ele acaba por não inovar, há algo de extrema competência dentro de Moonlighter: o gerenciamento de inventário.
É aqui que o jogo brilha! Ao entrar em uma masmorra o jogador tem que lidar com muitos itens e deve selecionar qual levará consigo. Portanto, durante minhas investidas nas masmorras tive que lidar com itens amaldiçoados que só podiam ser colocados em lugares específicos da mochila (nos cantos, no meio, no topo…), com itens misteriosos que só se revelavam quando eu voltava à loja, e ainda havia aqueles que destruíam o item ao seu lado.
Além de tudo isso, é preciso ser rápido, permanecer muito tempo em uma masmorra faz com que apareça um monstro que caça o jogador até a morte. Devo admitir que o gerenciamento de inventário do jogo me fez pensar em como ser o mais eficiente possível. Constantemente me pegava pensando não só nos itens novos, mas também em quais me renderiam maior lucro.
Moonlighter é bom!
Acreditem em mim, eu gosto do jogo! Com cerca de 20 horas as coisas começaram a ficar mais interessantes, a personalização aumentou consideravelmente. O jogo não é uma decepção! Muito pelo contrário, muita coisa não é desperdiçada: matar um Boss é emocionante, a jogabilidade é divertida, os elementos de RPG passam uma sensação de evolução e a precificação dos produtos da loja acontecem de uma forma muito dinâmica.
Contudo, não vá jogar Moonlighter esperando inovação ou algo que vá “explodir sua cabeça”. O jogo é muito bem feito! Ao meu ver, apenas faltou coragem de arriscar e cativar o jogador a continuar jogando. Os desenvolvedores se contentaram com pouco, principalmente no que diz respeito as partes de gerenciamento e de level design das masmorras.
Por se tratar de um jogo indie, o primeiro original da desenvolvedora Digital Sun, é de muita competência o que Moonlighter faz! Ou seja, ele tem mérito, é um bom jogo para aqueles que querem algo mais leve e relaxante. Por esses motivos aguardo ansiosamente pelos próximos projetos dos criadores de Moonlighter.