Introdução
Front Mission foi um dos grandes marcos do gênero RPG/estratégia dos videogames nos anos 90. Apesar de não ter disputado muito espaço no ocidente, por ausência de jogos deste estilo na ocasião, no Japão a concorrência foi ferrenha. Aliás, já que entramos no assunto deste gênero de jogos, acesse nosso site do Garota no Controle e confira nossa seleção de títulos deste estilo, nesse link.
Nos anos 90, no auge das plataformas da geração 16 bits, tendo como foco tanto Super Famicom como Mega Drive/Genesis, já existia uma febre por jogos como esse. Pra mais ou pra menos, a franquia em questão já disputava espaço com Tactics Ogre e Ogre Battle (ambas da Enix na época, hoje Square-Enix), Fire Emblem (Nintendo) e a franquia Shining Force (Sega) com seus dois primeiros títulos.
Com o passar dos anos, a popularidade de F.M. levou a criação de outras edições que contavam histórias em outro dado momento do cenário. Além disso, spin-offs foram significantes em número, alguns nunca lançados na América, e nem sempre estes compartilhavam o mesmo estilo do RPG estratégico. Alguns deles resumem-se a uma breve aventura de tiro em plataforma 2D.
Ao mesmo tempo em que diversos games eram criados, surgiram versões em outras mídias como mangás e audio-drama. Estas também estão ligadas à linha do tempo do enredo da franquia.
Política e Guerras
Embora realista em boa parte, o cenário de Front Mission conta com uma bela dose de uma realidade fantástica, ou melhor dizendo, ficção científica.
Sendo assim, o título original se passa no fim do Século XXI, ano de 2090. Nesse momento, o mundo vive numa polarização internacional representada por dois conglomerados estatais, cada um com um número de regiões aliadas que inclui não só nações autônomas tanto quanto continentes inteiros, formando uma união supranacional.
Dessa forma, conflitos que tanto incluem uma guerra fria em certos momentos do plot, bem como conflitos armados que apesar de focarem nos wanzers, não é poupado o uso de helicópteros e tanques fortemente armados.

Portanto, o protagonista se chama Lloyd Clive, um soldado piloto das forças da O.C.U. – Oceania Community Union (União da Comunidade da Oceania). Em síntese, Lloyd vive o drama de ter perdido sua noiva Karen, parceira de operações da corporação, em uma emboscada por forças da USN lideradas por uma figura sem escrúpulos chamada Driscoll.

Assim, Clive junto de Karen e seu amigo Ryuji Sakata, realizam uma operação de cobertura em base inimiga. Porém, estavam sendo esperados pelo oficial Driscoll e sua tropa. Assim sendo, Karen desaparece no fim da batalha entre as forças opositoras.
Em seguida, o protagonista e seu amigo precisam escapar do local, quando presenciam o líder da tropa da USN detonando explosivos na própria base, como medida de se evitar deixar quaisquer rastros daquele acontecimento. Em seguida, Lloyd se vê responsabilizado pela falha na operação e é expulso das forças militares.
Além do mais, todo esse evento passou a ser chamado de Incidente de Larcus, este que é o nome da região.
O.C.U. x U.S.N.
De acordo com o que é mostrado na trama, OCU é a aliança das regiões orientais que se opõe às ocidentais, onde se encontram as forças da U.S.N. – United States of the New Continent (Estados Unidos do Novo Continente). Na versão em inglês do DS aparece com a sigla U.C.S. – Unified Continental States (Estados Continentais Unificados).

A saber, a OCU inclui todo o continente da Oceania, a Austrália como nação de destaque operacional, Ásia sul e sudeste com grande presença japonesa. Em seguida, com a U.S.N., temos os dois continentes das Américas do Norte e Sul.
Entretanto, o incidente em Larcus se passa em uma ilha (fictícia) que emergiu à cerca de meio Século atrás, nomeada Ilha de Huffman. Constata-se que ela surgiu devido a um vulcão imerso em erupção nas águas profundas da média região do Pacífico, durante o ano de 1995.

Em primeiro lugar, a tal região que se encontra próxima às divisas entre as duas uniões opostas, passou a ser contestada e invasões ocorrem dos dois lados. Desse modo, o auto-ataque da USN em sua própria base durante a operação de Lloyd, e a culpa jogada na direção da OCU, incitaram novos conflitos numa região já muito instável.
Afinal, as tensões entre as duas forças existe há décadas, desde alguns anos após a ilha surgir, onde as disputas ficaram intensas causando combates armados. O fato foi chamado de 1º Conflito de Huffman.
1º Conflito de Huffman
Logo depois da ilha Huffman surgir, o controle das terras ficou nas mãos da ONU. Em contrapartida, com a criação da USN em 2020 e após se separar das Nações Unidas, a então união das Américas proclamou medidas de tomada da região da ilha.
A seguir, cinco anos depois vinha a ser formada a OCU, que tornou-se completa em 2026, onde de imediato começou a se opor à vontade de seus adversários em controlar a ilha. Não só diversos casos de espionagem como crises políticas criaram um estado de guerra fria, que durou décadas até que em 2065 as chamas da guerra voltaram a se acender.

Então, em 2070 explode o 1º Conflito de Huffman, que arrasou diversas regiões que na época já eram habitadas por dezenas de milhares de civis. A batalha dividiu Huffman em ala Oeste e Leste, onde a primeira ficou nas mãos da USN e a outra com a OCU.
Ainda assim, mesmo com um cessar fogo pelos anos seguintes, o retorno de tensões causaram novos atritos em 2086, e o Incidente de Larcus em 90 serve como estopim para os conflitos do plot principal de Front Mission, fato que é nomeado de 2º Conflito de Huffman.
Marcas da guerra através das décadas
Juntamente com as tensões e a chegada às vias de fato com conflitos armados, tudo isso causa duros impactos durante anos. Porventura, ainda novos conflitos, de forma direta ou indiretamente.
Sendo assim, neste tópico consta um resumo do plot de cada um dos títulos da linha principal de Front Mission em ordem temporal, e algumas ligações diretas ou que se referem às histórias de cada um.
Ao passo que não seria possível um aprofundar cada uma de suas tramas. De fato, isso ocorre pois destoaria do propósito geral do artigo. Certamente, a função é o de focar na franquia como um todo citando marcos pontuais, para assim incitar o leitor a buscar se informar melhor se assim desejar.
Sendo assim, vamos à história principal de Front Mission e suas sequências.
Ano de 2090 – Front Mission (Original)
Anteriormente, foram abordados os acontecimentos deste, como as consequências do 1º Conflito de Huffman entre a USN e a OCU que levaram ao segundo conflito.
Ano de 2096 – F. M. 4.
Similarmente, o episódio mostra mais crises e batalhas entre países. Em primeiro lugar, temos a República de Zaftra, ou seja, a união da Rússia com a Comunidade dos Estados Independentes (Commonwealth of Independent States). Ela data desde a queda da USSR, onde os países libertos criaram uma posterior união com foco capitalista. A capital de Zaftra fica em Moscou, Rússia.
Imediatamente, com a descoberta das causas do 2º Conflito de Huffman, a Comunidade Européia e a USN passaram a desconfiar da “nação zaftrana”.
Primeiramente, em 2092, os europeus cortam gastos com importações de Zaftra. Em segundo lugar, a união das Américas, a principal aliada comercial, abandona quase todos os acordos comerciais com ela. Em 2094, a crise geral interna leva Zaftra a sair da Organização de Mediação de Paz (Peace Mediation Organization/PMO). Portanto, dois anos depois, um ataque se sucede em grandes armazéns de recursos na Europa. Enquanto isso, eventual ou não, Venezuela anuncia sua separação da USN.
Ano de 2102 – F. M. 2
Em princípio, o segundo game da linha central da franquia apresenta um mundo de conflitos 12 anos depois do original.
Nesse momento, tudo acontece na nação de Alordesh, que é o novo estado formado sobre a anterior Bangladesh. Esta, ao mudar sua bandeira e nome, se desprende da OCU após tensões que envolveram crises na economia ligadas a indústrias bélicas. Sobretudo, pelo fato de terem sofrido cortes financeiros após os 1º e 2º conflitos da ilha de Huffman.
Desse modo, Alordesh promove golpes de estado para expulsar qualquer influência restante que a OCU possa ter em suas terras, e obtém sucesso após uma sequência de embates.
Ano de 2112 – F. M. 3
Agora, com os reflexos causados em outros países nos últimos 10 anos através do sucesso da libertação de Alordesh das mãos das forças unidas do Oriente, a República Popular de Da Han Zhong começa a mover sua elite militar. Desse modo, atritos políticos começam a surgir entre ela e a OCU.
Logo depois, em 2106 pra ser mais exato, países menores da Ásia como as Filipinas começam a se rebelar e promover protestos e ataques armados à divisões e bases da União Oriental. Com isso, ela pede ajuda às forças da própria USN, mesmo com tanta oposição entre as duas.
Por outro lado, tudo vem a piorar quando uma explosão ocorre na base das Forças de Defesa Japonesas (Japan Defense Force/JDF), onde as causas se mostram um mistério.
Anos que datam de 2070 até momentos após 2112 – F. M. 5: Scars of War
Em contraste com os demais, Scars of War mostra as conexões ocultas do Universo de toda a franquia.
Evidentemente, no que diz respeito a todo o imbróglio que levaram a atritos, guerra fria, conflitos de ideais, reflexos na economia, espionagem, factuais entre todas as uniões de nações através das décadas e também batalhas de grande escala.
Com efeito, a história se baseia nas longas décadas onde a noção de unidades nacionais do passado do Século XX e início do XXI deixou de existir.
De acordo com a linha temporal, temos a União Européia de 93 que em 2005 se torna a Comunidade Européia (European Community/EC). Em seguida, ano de 2015 , temos a formação da República de Zaftra. Então, temos as tão citadas U.S.N. e O.C.U, formadas em 2020 e 26 nessa ordem.
Por fim, temos em 2030 a formação da Organização da Consolidação Africana (Organization of African Consolidation/OAC). Em resumo, é uma unificação supranacional de blocos de países de toda região africana, e sua construção teve apoio direto da EC e da OCU.
Logo, essa medida foi vista como a mais segura dentre essas potências unidas, para se evitar crises internas e externas como também na economia. A saber, estas uniões de países pareciam obter sucesso e assim foi por décadas, com conflitos e guerras quase que nulos.
Embora este cenário ter mostrado que iria se manter, seu colapso tem se mostrado como um futuro inevitável. Assim sendo, tudo muda de figura durante o final do Século XXI e posterior XXII, como foi dito antes com os conflitos de Huffman e demais guerras.
Demais títulos
De qualquer forma, Front Mission é uma franquia enorme. O artigo apenas pincelou por cima de toda uma epopeia de política, guerras e robôs gigantes. Com isso, alguns spin-offs contam trechos do plot de forma parcial ou ficaram de fora da série principal.

Só para exemplificar, temos ambos FM 2089 e 2089-II, mostrando fatos entre os 1º e 2º Conflitos de Huffman. Como também o FM Alternative que se baseia em situações do título original.
Semelhantemente, outros jogos que se desprendem do gênero tático expandem a franquia pra novos caminhos tanto em gameplay como em narrativa. Dessa maneira, temos o último jogo criado desse Universo, o Left Alive de 2017. O título está disponível para Playstation 4 e PC via Steam.
Em princípio, o plot de LA acontece em 2127 durante uma onda de invasões na cidade de Novo Slava por tropas de wanzers do exército da República de Garmoniya. Assim sendo, todas as forças de defesa da região sob ataque foi em sua maioria destruída. Os soldados que restaram da República de Ruthenia terão que se salvar por conta própria.
Ademais, vale ressaltar que as duas nações (fictícias), Garmoniya e Ruthenia, antes formavam a nação da Ucrânia.

Um cessar-fogo para concluir Front Mission
Definitivamente, a trama dos títulos tem ligações entre si. Logo, a imersão aumenta a cada edição visitada. De qualquer forma, os jogos lançados no ocidente já mostram boa parte da trama. Certamente devido a suas reviravoltas, conflitos, tensões que se entrelaçam e formam um Universo muito rico, complexo e muitas vezes crível.
Em contrapartida, triste dizer que as barreiras de acesso à saga nos dias de hoje lançam uma sombra sobre ela. Portanto, para que a procura pela franquia volte a ser frequente como antes, é preciso relançar a franquia para os consoles existentes hoje.
Assim, fiquemos no aguardo para que novos anúncios sejam feitos sobre esses jogos e enquanto isso, tentamos jogar com as formas que existem.
*Imagem de capa referente a produto com direitos autorais pertencentes a distribuidora e desenvolvedora Square Enix Holdings Co., Ltd
Amo muito este jogo. Infelizmente existem títulos que nunca vieram para o ocidente oficialmente, carecendo de uma tradução. Front Mission 2 é um bom exemplo, Por tratar de temas que poderiam desagradar o ocidente, outros títulos tiveram seu “roteiro adaptado” afim de agradar o ocidente. O próprio personagem Roid/Loyd na versão japonesa, se transforma num monstro, podemos ver um pouco disso no FM2, numa missão secreta.
Minha paixão era jogar FM2 até o final, mas como não sei japonês tentei jogar com uns patches traduzidos e um roteiro feito por fãs em inglês. Mas não deu. O jogo em si envelheceu mal nas mecânicas, os loadings são gigantescos. Precisava muito de um remake ou no mínimo um remaster.