Um longo caminho
A série Disgaea fez sua estreia em 2003, com o título Disgaea – Hour of Darkness. E de lá para cá foram quase 20 anos de estrada, com muitos jogos e vários fãs. Contudo, será que Disgaea 6 faz jus a franquia?
Lançado em 29/06/21 sendo desenvolvido e publicado pela Nippon Ichi Software para Nintendo Switch e PS4 (somente no Japão). Tratando-se de um TRPG (RPG tático) com um visual de anime e personagens carismáticos.
O herói zumbi
A história começa nos contando sobre o surgimento de um Deus da Destruição, o mais poderoso de todos que já existiram. Logo após essa informação, nós conhecemos o grande herói, Zed, que também é um zumbi bem nervosinho. Junto com ele, temos um companheiro chamado Cerberus, que é um cachorro falante zumbi. Ambos estão a caminho da Assembleia Sombria, para se encontrar com o Overlord Ivan (uma espécie de governante das trevas), e anunciar que o Deus da Destruição foi derrotado. Entretanto, fica difícil acreditar que um mero zumbi seria capaz de derrotar tal ameaça. Então, Zed inicia sua história e ai o jogo começa. E a medida que vamos conhecendo novos mundos, nós recrutamos personagens para nossa jornada.
Logo de início somos apresentados ao Fourth Dimensional Netherworld, que nada mais é do que a sua ‘’base’’ no jogo. Aqui você compra itens, conversa com seus aliados, fortalece suas habilidades, entre outras várias coisas que já vou explicar. E dele partimos para as missões.

Vários movimentos
Então, como eu já disse, Disgaea 6 se trata de um RPG tático. Ou seja, não vá esperando uma porradaria sem freio, porque não é assim. A mecânica é baseada em turnos, mas com movimentos limitados dos personagens, onde a chave é o local que você posiciona cada um da sua equipe. Em síntese, quando você seleciona um personagem, um menu surge com várias ações que ele pode executar. São elas: move, attack, special, lift, defend, item, equip, status.
Entretanto, todas são bem simples de entender. Move: você seleciona em qual área seu personagem vai se posicionar para realizar a ação seguinte (tais áreas são simbolizadas por quadradinhos rosa no chão). Attack: é o ataque físico normal, que não gasta SP (Special Points). Special: são os ataques especiais de cada classe que, dão mais dano, mas consomem SP. Lift: é um movimento onde você posiciona dois personagens próximos, e um pode levantar o outro, e assim, arremessá-lo para longe. E eu já adianto, a função lift é muito útil, não a menospreze! Defend: onde seu personagem assume a posição defensiva e toma menos dano. Item: para você usar um item em alguém (sua vez com aquele personagem será passado caso use um item). Equip: para podermos mudar os equipamentos no meio da batalha. E por último, status, onde checamos os números dos personagens, como HP, SP, e etc.

Jogando taticamente
Ou seja, a ideia é que você deve selecionar aonde seu personagem vai se posicionar, para depois poder atacar. Lembrando que todos os ataques (especiais e normais) possuem uma área de alcance e que existe o temível fogo amigo, então, se você posicionar um aliado no raio de alcance do ataque do outro, ele será atingindo sem dó nem piedade e ainda vai se vingar (sim eles revidam ataques dos amigos). Além disso, os inimigos se movimentam da mesma forma, e seus ataques também possuem uma área especifica, logo, é preciso prestar atenção na movimentação adversária para bolar uma estratégia efetiva.
Além disso, como dica, queria deixar duas observações. Primeiro: sempre fique atento aos mapas que possuem geo panels, que nada mais são do que objetos em forma de pirâmide que, ao serem destruídos, mudam o campo de jogo, e com isso concede efeitos, ou para nós, ou para os inimigos. Ou seja, usem eles a seu favor e fiquem espertos sempre que entrarem numa batalha, e o chão estiver colorido. Segundo: após escolhermos os movimentos dos personagens, devemos apertar o botão ‘’x’’ para abrir um segundo menu, e clicar em end turn para finalizar o turno.
Entretanto, existe logo a cima dele, uma função chamada execute, onde podemos executar os movimentos sem finalizar o turno, ou seja, depois de atacar podemos nos mover se necessário, ou até mesmo, ir executando ações separadamente. Por exemplo, caso haja um inimigo posicionado, e você não tem certeza de que ele morrerá com um ataque, dessa forma, você pode ir atacando com um personagem por vez, para não desperdiçar ações, porque se você colocar três para atacar o mesmo inimigo, e ele morrer com um hit, você jogará fora os outros dois ataques.

Progressão simples
Agora, o enredo. Disgaea 6 tem um sistema de progressão na forma de dungeons. Que nada mais são do que arenas, nas quais batalhamos contra os inimigos. Sendo assim, a história é contada em diálogos antes e depois das batalhas. Selecionamos a área com a guia dimensional, e logo após, iniciamos um diálogo que nos explica o que ocorre naquele momento. Ao mesmo tempo, quando finalizamos uma fase que possui uma carga histórica maior, nós conversamos com os membros da equipe ao chegarmos à base, para obtermos diálogos extras interessantes, e com isso desenvolver a relação entre eles.
Então, assim, a história de Disgaea tem um tom de comédia (graças aos personagens carismáticos), e, apesar de inicialmente simples, mostra um bom desenvolvimento, além de contar com plot twists bem interessantes. Senti que a ideia de Disgaea realmente é a gameplay, mas a história não faz feio.

O lado técnico
Já sobre a trilha sonora, ela é divertida, condiz com o tom do enredo, e animada nos combates. Agora, falando de termos técnicos, Disgaea 6 tem três modos de jogo: gráfico, balanceado e performance. Eu joguei, na maior parte do tempo, no modo gráfico e o jogo ficou bonito tanto no modo portátil quando no modo dock na Tv. O modo performance não gostei de verdade, pois ele deixa o gráfico bem serrilhado, e não senti diferença na estabilidade, então não achei que compensa. E o balanceado também piora o gráfico e fica elas por elas. Podem ir de modo gráfico logo de cara.
O diferencial
Por fim, os extras. E eu vou falar uma coisa: que tanto de coisa extra. Pode levar um tempo, mas vou explicar como funcionam.
Logo de cara, gostaria de falar que Disgaea tem um limite absurdo para o nível dos personagens. Nos jogos anteriores, o máximo que poderíamos chegar era 9.999 (que já é um absurdo), mas agora esse limite aumentou para 99.999.999, por que, por algum motivo, eles pensaram que quase 10k de nível não estava bom o bastante. E ainda temos a mecânica de ‘’super reencarnação’’, na qual voltamos ao nível 1 e aumentamos nossos status de acordo com o nível que estávamos, ou seja, quanto maior, mais seus atributos vão melhorar.
Além disso, também podemos fortalecer nossas Skills, e para isso utilizamos mana (que ganhamos ao finalizar batalhas), e com a mana nós fortalecemos o dano, aumentamos a área que efeito, ou ainda podemos reduzir o dano, já que quanto maior o dano da skill, mais SP ela vai consumir, ou seja, você pode ficar sem SP no meio do combate, e isso da uma raiva indescritível (eu achava essa ideia de reduzir o nível uma idiotice, até quebrar a cara sem SP no meio da luta). Junto com as skills, nós também usamos mana para aprender Evilities (elas podem ser aprendidas através de pergaminhos também), que são habilidades passivas, por exemplo, dar 30% a mais de dano, caso esteja equipado com punhos. E também é possível converter evilities em mana novamente.

Cada vez mais forte
Falando um pouco dos itens, aqui existem duas categorias, weapon e armor. Weapon é a arma principal, que não foge do padrão dos jogos: espada, lança, arco, punho, e por ai vai, dependendo da sua classe. Ao mesmo passo que as armaduras também não fogem, já que aumentam a defesa, alguns podem aumentar o ataque, ou o HP, etc.
Após falar sobre isso, agora posso mencionar mais uma função extra: Item World. Que, nada mais é, do que uma sequência de dungeons localizadas dentro da sua arma (eu sei que parece estranho mas é literalmente isso), onde você vai batalhando contra os inimigos e acumulando experiência, e com isso juntando item points. E com eles você fortalece a arma, ou seja, nessa brincadeira ai, se vão incontáveis horas, se quiser fortalecer todas as armas, de todos os personagens. Lembrando que, cada personagem pode ser equipado com uma arma de ataque, e três armaduras. Além disso, é possível criar personagens do zero, escolhendo classe, nome, até personalidade. Então, basicamente fica infinito, essa é a verdade.
Mas, aqui nessa franquia, podemos fortalecer tudo. Existe o costumer rank que vai aumentar a medida que você comprar na loja, e quanto maior ele for, menos você pagará e mais caro venderá (compramos com HL, abreviação de Hell, a moeda do jogo que obtemos ao derrotar inimigos). Aumentamos também a experiência das armas e das skills, e com isso a classe delas vai subindo (o sistema é por letras ‘’A’’, ‘’B’’, ‘’S’’ e por ai vai). Além do mais, existe também a especialização nas classes, que você pode escolher qual usará e quanto mais batalhar com ela, maior será a sua proficiência.

Resgatando prêmios
Em seguida, temos também várias quests disponíveis. Elas são missões que, vamos concluir simplesmente fazendo atividades cotidianas. Por exemplo, trocar a cor de um personagem, realizar uma super reencarnação, derrotar cinco inimigos da classe arqueiro, coisas assim. A maioria delas completamos sem ver e ganhamos itens como recompensa. Além disso, no Netherworld Hospital, nós somos curados ao final de cada batalha (automaticamente) e essa cura nos da pontos, que podemos trocar por itens.
Por fim, temos o Squad shop, onde podemos colocar personagens que, ao lutarem juntos, ganharão efeitos extras, como aumentar a quantidade de experiência que ganhamos nos skills, e etc. Além disso, vale mencionar o Item World Research, onde podemos selecionar três personagens para que eles possam buscar ou fortalecer itens, obter essência ou pontos dos inocentes, que também servem para upgrade no item world. Lembrando que, quando um personagem está na research, ele não pode batalhar. Por último, mas não menos importante, temos o dark assembly onde podemos gastar mana para várias coisas. Por exemplo, ganhar o triplo de experiência, aumentar a área de alcance do primeiro ataque em cinco, ou até ganhar um troféu se quiser. É aqui também que criamos personagens, fazemos a super reencarnação, mudamos de cor. Ou seja, é uma área bem importante, onde nós até recebemos um desafio após zerarmos o jogo.

Conclusão
Portanto, Disgaea 6 é um jogo com uma gameplay divertida, com especiais, quase sempre, bem animados e estilosos (tanto os nossos quanto dos inimigos), com um nível de dificuldade muito interessante que muitas vezes nos pega de surpresa. Personagens carismáticos com muito bom humor, além de um caminhão de extras, que rendem incontáveis horas de jogo para os apaixonados. Ele se torna uma boa pedida para quem gosta de um RPG tático, e até para aqueles que não gostam, eu sou um daqueles que não havia jogado nenhum, e fiquei bem feliz com essa primeira experiência! E detalhe, não é preciso jogar os outros para entender este, ou seja, vão tranquilos.
* Chave cedida para análise