Metal Tales: Overkill é uma mistura de rogue-like com ação desenvolvido pela Zero Uno Games que tem como grande intuito homenagear o Heavy Metal e todos os seus grandes fãs ao redor do mundo.
Metal Tales tenta aproveitar uma onda de jogos desse estilo, como Death’s Door, Tunic e Hades, grande referência do gênero. Contudo, ele não consegue alcançar a grandeza desses.
Lançado em 21 de Abril de 2022, Metal Tales: Overkill pode ser jogado sozinho ou no cooperativo online e está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e PC.
A Revolta do Metal
A história de Metal Tales: Overkill é bem simples e direta. O demônio Kuk resolveu tomar conta do mundo e para isso está transformando os metaleiros em monstros demoníacos. As bandas de Heavy Metal, trabalhando para ele, estão hipnotizando os fãs durante as músicas, e assim, Kuk está criando uma legião de zumbis, demônios ou algo do tipo e aprisionando os deuses do Metal.
Sua missão é clara: acabar com o demônio e salvar o Heavy Metal.
O Jogo
Logo de cara, você pode selecionar entre dois personagens: Axel e Eve. Cada um deles tem características únicas de gameplay, assim como os outros dois personagens desbloqueáveis conforme avançamos no jogo: Manny Rodrigues e Allison. Há uma diferença considerável entre a jogabilidade dos protagonistas, como, por exemplo, o quanto de dano ele causa e os itens inicias, como mais bombas ou até mesmo chaves.

Contudo, apesar das diferenças, o estilo de gameplay é a mesma e não é difícil se acostumar com qualquer deles. Mas isso não quer dizer que a jogabilidade seja exatamente uma maravilha.
Para começar, o game não é original. Ele é, na realidade, um port de Metal Tales: Fury of the Guitar Gods, originalmente lançado em 2016 para PC, pela Nuberu Games. Ser um port não é um problema, porém, quando ele não melhora ou evolui questões básicas do jogo, vira um problema.
Metal Tales: Overkill pode ser considerado um shooter rogue-lite, mas com visão isométrica. Porém, sua fluidez não chega nem perto de jogos recentes como Tunic, Deaths Door ou até mesmo do menos conhecido Fury Unleashed.
O jogo não tem a mesma velocidade, como no caso de FU ou DD, nem a precisão de Tunic. Você usa o direcional para se movimentar e os botões X,B,A,Y (no caso do Xbox) para atirar em diferentes direções. Todavia, nada parece responder como esperado.
Mate os Demônios e salve o Metal
Metal Tales: Overkill não foge do esperado em termos de gameplay. Você chega em uma sala, mata todos os inimigos e segue em outra direção a sua escolha. Além dos zumbis demoníacos, é preciso estar atento às armadilhas espalhadas nas salas, como fogo, explosivos ou lixo tóxico. As salas têm objetos destrutíveis que dropam itens. Os mais comuns são dinheiro, itens de cura, bombas e chaves que abrem baús.
Algumas dessas salas são diferenciadas. Por exemplo, temos as salas de desafio, em que vários oponentes aparecem em sequência com um tempo determinado para destruí-los. Outros exemplos são as de armadilhas, onde é preciso passar por uma série delas em busca de um item especial. Além disso, existem as lojas, onde é possível usar as moedas do jogo para comprar novos itens.

No final, passamos por várias salas, muitas vezes parecidas, e matamos dezenas de inimigos no intuito de se fortalecer antes de tentar encarar o chefe da fase. Basicamente, ele é um inimigo complicado, com muita vida e golpes que atingem uma boa área do mapa. Nada que fuja ou se diferencie do estilo proposto.
Os chefes são bem legais e os únicos inimigos marcantes do jogo. Eles apresentam animações e ataques diferentes que dão um aspecto único a cada combate. De uma maneira geral, são desafiadores na medida certa.
Um Solo de Referências
Metal Tales: Overkill tem uma série de pequenas falhas, mas não quer dizer que não tenha nada de bom. As homenagens e referências ao Heavy Metal, as bandas que ele apresenta e a abertura em formato de HQ são muito nostálgicas para os fãs do gênero musical.
O protagonista, independente de qual escolher, é um guitarrista. Portanto, as armas e upgrades do jogo são sempre itens musicais. Conforme avançamos no jogo, é possível adquirir novas guitarras, amplificadores e pedais. Até mesmo energéticos que te deixam mais rápido por um tempo.
Essas novas guitarras homenageiam grandes nomes do gênero, como Angus Young e Randy Rhoads. Não é exatamente claro o que cada uma faz, já que as descrições não são detalhadas. É preciso usá-las para saber o seu poder.

Ao adquirir um perk do Shavo Odadjian, baixista do System of a Down, por exemplo, você vai desacelerar o tempo, enquanto Robert Trujillo, do Metallica, atira em todas as direções.
Essas referências são maravilhosas para os fãs das bandas e do estilo. Mas, os principais pontos para tornar um rogue-lite memorável, como sentimento de descoberta e recompensa, loop e qualidade da jogabilidade são quase inexistentes em Metal Tales: Overkill.
Todo o resto pode ser considerado genérico, ou nem isso, já que não causa o mesmo efeito de suas inspirações.
Aspectos Técnicos
Os cenários não são nem esteticamente muito bonitos, nem visivelmente marcantes. Os gráficos não precisavam ser belos ou de nova geração para serem marcantes, mas, fora as referências diretas, é tudo muito comum e esquecível.

O tempo de carregamento não é um problema no Series S, tornando o respawn instantâneo, como esperado para um console atual. Já os inimigos, mudam conforme os cenários, e estes têm um mix de tipo suficiente para tornar as coisas interessantes, mas, infelizmente, a falta de detalhes da arte não permite apreciar o jogo por completo.
Metal Tales: Overkill tem um foco, homenagear o Heavy Metal, portanto, a trilha sonora é um elemento indispensável.
A parte da trilha sonora original ficou a cargo de Diego Teksuo, que participou do jogo original, além da participação de bandas das mais variadas vertentes do metal, como Death Metal, Progressive Metal, Black Metal, entre outras.
Contudo, até aqui existem alguns deslizes no jogo. A trilha original é boa, mas não é muito variada, dessa maneira, em determinado momento do jogo é possível você se sentir cansado. Além disso, em sua grande maioria, as músicas licenciadas são apenas instrumentais.
Não que isso seja ruim, mas seria muito legal para apresentar bandas não tão conhecidas que algumas destas músicas tivessem vocais, algo que traria uma nova dinâmica em certos momentos de gameplay.
Conclusão
Metal Tales: Overkill tenta aproveitar a onda de rogue-like, com uma temática bem interessante e que poderia chamar grande atenção. Contudo, ficou claro que o jogo teve boas ideias, feito por amantes do Heavy Metal, para amantes do gênero, mas suas falhas de execução comprometem a qualidade.
É sempre bom considerar o tamanho do estúdio e capacidade financeira na hora de julgar alguma coisa. Entretanto, considerando jogos recém-lançados como Tunic e Fury Unleashed, por exemplo, que também são de estúdios pequenos, o game ficou devendo bastante.
Metal Tales: Overkill tem alguns méritos e um grande potencial, mas falhou em se destacar no gênero, faltando uma jogabilidade diferenciada um visual único ou até uma trilha sonora inesquecível.
Os amantes do Heavy Metal e de jogos do estilo podem se divertir por um tempo, mas a sensação que fica é de que o jogo não chegou nem perto de seu potencial.