Do nascimento ao Remaster
A franquia Gears of War surgiu lá em 2006, como uma aposta da Epic Games, em parceria com a The Coalition, de uma nova ip exclusiva do Xbox 360. Lembro que, na época, muitas pessoas desavisadas achavam que era uma espécie de cópia do God of War. Claramente, as duas franquias só possuem o nome e a violência como semelhança!
Eventualmente, após vários anos de sucesso, e vários lançamentos, a Microsoft decidiu trazer um remaster dessa obra tão aclamada. E, como ele é idêntico ao original, vamos dar um ponta pé inicial nessa saga que carrega uma legião de fãs e é obrigatória para qualquer pessoa que possua um Xbox!
Lançado em 25/08/2015, ele foi desenvolvido pela The Coalition e publicado pela Microsoft exclusivamente para o Xbox One, mas que pode ser jogado no Xbox Series e tendo sua versão original no 360. Trata-se de um jogo de ação frenética, de tiro em terceira pessoa, e um mapa linear com dezenas de inimigos para você cortar ao meio!
De volta à guerra!
Gears of War começa com uma pequena recapitulação dos fatos pré-guerra. Ou, como é conhecido, o dia E. Esse evento marca a batalha dos humanos contra os Locusts, seres monstruosos que apareceram do nada e possuem um plano bem simples: destruir a humanidade.
Após esse pequeno background, vemos o protagonista casca grossa, Marcus Fenix, sendo resgatado de uma prisão pelo seu amigo Don, e o robô de confiança, Jack. E, logo de cara, já temos a primeira feature do jogo: as escolhas de caminhos.
Assim, nenhuma delas muda acontecimentos na história. Porém, vai mudar o modo como você enfrenta os inimigos. Por exemplo, você pode ir pelo térreo de um prédio, onde vai enfrentar inimigos cara a cara, ou escolher passar por um corredor alternativo por cima, onde verá os mesmos inimigos mas de um ângulo que possa te favorecer.
Logo depois que você decidir entre treinamento ou combate, a confusão já se inicia e é assim que o jogo começa!
Simples e Divertido
Gears of War tem uma ideia que adoro: fazer uma gameplay simples, porém divertida. Como mencionei, é um jogo de tiro. Mas, não tem nada de recoil exagerado, ou armas muito difíceis de usar. Nada disso. Tudo muito simples e intuitivo. Então, mesmo as pessoas que não são viciadas em jogo de tiro, conseguem se sair bem. E isso é genial.
Podemos andar, correr, mirar e atirar, esquivar com um rolamento, tomar cobertura em tudo quanto é lugar, arremessar granadas e finalizar inimigos. E assim, tudo gostoso. Porém, nem tudo é fluído. A única coisa que me incomodou, foi a cobertura. Ela geralmente funciona. Porém, quando você precisa passar de uma para a outra, os controles podem não funcionar direito e isso frustra bastante, porque você sempre irá tomar um tiro na cara quando isso acontecer.
Além disso, a corrida do Gears of War, faz com que a tela balance muito. E, sendo sincero, eu achei horrível. Minha vertigem atacava forte nessas horas, tanto que, eu só corria quando tinha extrema necessidade (curiosidade: O balanço da câmera foi reduzido no Gears 4 e 5, ainda bem!).
A Recarga Ativa
Mas, fora esses dois detalhes, o resto é bem gratificante. Uma mecânica que merece destaque é a Recarga Ativa. Ela nada mais é do que uma recarga acelerada. Ela funciona da seguinte maneira: toda vez que você recarregar uma arma, poderá notar uma pequena barra embaixo do ícone da arma em questão, com um pequeno medidor correndo por essa barra. Se você apertar o botão de recarga (RB) novamente, enquanto o medidor estiver na parte mais clara da barra, você realizará uma recarga bem mais rápida!
Sei que isso pode parecer besteira, mas é acelera muito a trocação de tiro entre homens. Além disso, as armas em Gears of War demoram muito para recarregar, justamente por ter essa Recarga Ativa. Então, use sempre que conseguir. Lembrando que, se você errar, a recarga demora mais que o normal! Grande risco, grande recompensa.
Se esconda e atire
Em seguida, vamos a uma parte bem interessante. Gears of War é um jogo totalmente de ação, não possuindo nenhum tipo de upgrade ou puzzles. Portanto, o seu mapa é recheado de inimigos e coberturas.
Então, falaremos dos inimigos e das armas dos jogos. Os Locusts são adversários bestiais que podem usar todas as armas que os Gears (como chamam os soldados) podem. Portanto, não vá totalmente confiante achando que só você sabe atirar, porque não é bem assim.
Todavia, a inteligência artificial deles é bem precária. Então, será normal você encontrar algum deles tomando cobertura em um lugar totalmente desprotegido, o deixando com as costas viradas para você. Mas, mesmo assim, os tiros são bem poderosos e é normal que você morra algumas vezes (lembrando que seus companheiros podem te reanimar).
Apesar dos problemas com a IA, os inimigos contam com uma variedade interessante. Os humanoides são os padrões, mas temos uns mais bestiais, outros gigantes, e até um que é invulnerável! Gears of War traz dois inimigos que achei bem memoráveis, o Berserker e o Reaver (que inclusive irá retornar no futuro), pois eles são bem fortes e, nessa primeira jornada, só podem ser mortos com o Martelo de Aurora!
Confie na Lancer
Agora, sobre as armas, temos uma variedade bem interessante no começo, mas que depois se prova um pouco inútil. Podemos usar rifles, sniper, pistolas, shotguns, lançador de granadas, granadas de fragmentação, metralhadoras montadas, arco de torque e o martelo de aurora, usado somente em chefões. Porém, a melhor arma, indiscutivelmente, é a Lancer, um rifle automático com uma serra na parte de baixo. Ela possui a maior estabilidade com um dano ótimo, tanto de longe quanto de perto.
É claro que, cada um possui seu estilo de combate. Você pode preferir usar mais uma sniper ou pistola. Mas, é inegável que a Lancer vai te carregar o jogo inteiro se você quiser! Além de partir vários inimigos ao meio.
Outro detalhe legal, é que temos um esquadrão composto por quatro membros fixos: Marcus, Don, Baird e Cole. Sempre jogamos com o Marcus, porém, o segundo player poderá controlar outro (sim, o jogo possui co-op local e online!). Inclusive, as opções de cenários servem para isso! Você pode ir para um lado e seu amigo para outro e isso é muito legal. Além disso, é possível trocar de arma com outro companheiro de equipe!
Faltou ritmo
Agora, vamos ao enredo. Bom, já deu para ver que o jogo traz um combate gostoso e violento. Mas, e a trama por trás?
Então, a questão é que, após a guerra inicial, o mundo passou por um momento de reconstrução, até com a existência de colônias. Porém, os Locusts voltaram para terminar o que começaram anos atrás, e cabe ao Marcus e seu esquadrão resolverem tudo isso.
Assim, é uma história simples e que me perdeu na questão do ritmo. Quando você começa a engajar com a trama, vem algo e quebra essa urgência. E, às vezes, com algumas sequências bem chatas, como a parte do carro, por exemplo.
Outro detalhe são os personagens. O Cole é absurdamente chato. O Don me irritou várias vezes, graças a sua inteligência artificial medíocre. E o Baird ficou ali na zona neutra. O próprio Marcus não carrega tanto carisma assim (fato esse que nos próximos jogos). Então, isso também corrobora para uma trama não tão interessante.
Mas, aqui, preciso revelar que Gears of War já nasceu pensado para ser uma franquia. E o final soube gerar um hype gigante em mim. Eu zerei com aquela cara de ‘’Ah… É isso?’’. Aí veio a cena pós-crédito e minha cara mudou para ‘’Ahhhh! Então é isso! Entendi. Bora!’’.
A trama poderia, sim, ser mais interessante, mas, por ser uma introdução, cumpre bem seu papel.
Inteligência artificial de ”centavos”
Em seguida, vamos ao lado técnico de Gears of War.
Aqui, eu quero começar com uma reclamação que já mencionei algumas vezes no decorrer do texto. A inteligência artificial é inacreditavelmente ruim, tanto dos inimigos, quanto dos companheiros. Eu morri várias vezes por desleixo do meu ‘’colega’’ e isso é extremamente frustrante. A situação piora se pensarmos que em 2015 já existiam companheiros como a Ellie em The Last of Us, a Elizabeth em Bioshock Infinite, a Elena em Uncharted 2. Não da para aceitar isso!
Porém, essa é a única parte técnica onde Gears of War derrapa. Os gráficos são lindos, tanto na versão original quanto no remaster. A trilha sonora me agradou bastante, do início ao fim! Ela casa perfeitamente com todos os momentos da campanha e isso me deixou muito feliz. Era as músicas que me puxavam de volta para a história.
Já sobre o level design, ele é extremamente simples. São apenas corredores, com caminhos não tão diferentes e poucos segredos. Mas, eu gostei bastante da disposição das opções de cobertura durante as fases. Sempre bem colocadas e fazendo total sentido.
Entretanto, eu gostaria de ressaltar um detalhe. Temos alguns momentos onde o Marcus fala no rádio e para isso ele coloca a mão no ouvido. Mas, existem áreas onde inimigos podem aparecer enquanto o Marcus está conversando! E ele fica totalmente vulnerável nessa hora, já que não é possível cortar o diálogo. Portanto, quando ele começar a falar, deixe ele parado para não se arriscar!
De olho nas placas
Por último, vamos aos extras.
Como eu já adiantei, Gears of War pode ser zerado totalmente em co-op. Além disso, existem as placas da CGO que nada mais são do que pingentes de identificação dos Gears mortos. Com elas, é possível liberar histórias em quadrinhos no menu inicial e são muito legais! Vale a pena pegar todas as placas.
E, para fechar, o jogo conta com um modo versus para você poder partir seu coleguinha ao meio, tal qual fazia com os Locust na campanha. Como multiplayer não é a minha praia, não comentarei. Mas, já escutei várias vezes que é muito divertido! Portanto, vale a pena conferir caso você curta.
Conclusão
Em síntese, Gears of War é uma ótima entrada para uma franquia com muito potencial. Trouxe uma gameplay divertida, gráficos bonitos, uma trilha sonora cativante e ambientação diversificada. Porém, a história sem ritmo, os personagens chatos, e a inteligência artificial fraca, acabam pesando contra.
Mas, é aquela coisa, algo que já começa bem e ainda tem espaço para melhorar, me empolga bastante! E, se você possui o Gamepass, dê uma chance para essa franquia!