Desenvolvido pela Devilish Games, Onirike é um jogo de plataforma 3D com elementos de quebra-cabeça. Você vai se encontrar num mundo de sonhos, quase surreal, e que claramente inspira seu visual no clássico de Tim Burton: “O Estranho Mundo de Jack”.
Em sua jogatina você controla um garoto estranho, com visual até semelhante a Jack. Ele quer descobrir a verdade sobre sua existência, ao mesmo tempo em que ajuda os peculiares moradores daquele lugar.
O jogo está disponível para PC, Nintendo Switch e Xbox One e, em breve também para o Playstation 4.
Uma Experiência
É importante perceber que Onirike, assim como muitos jogos indies, é bastante conceitual. Ele tenta traduzir sentimentos e uma narrativa profunda e significativa dentro da experiência de gameplay.
E para tirar o melhor proveito de Onirike é preciso captar sua essência narrativa, dessa forma, o jogo vai ficar mais atrativo e imersivo.
Tudo em nossa vida é ditado, ao menos, a maioria é ensinado desta maneira: Você precisa seguir sempre em frente, em uma linha reta. Ou seja, as coisas têm começo, meio e fim, nesta ordem. Aprendemos que a vida é uma corrida, ou uma maratona repleta de obstáculos, mas muitas vezes vamos passando por ela sem prestar atenção nas “paisagens” que nos cercam.
Porém, ao analisar melhor, a vida é um enorme complexo de ruas e cabe a cada um escolher qual e como seguir. Você pode e deve escolher como trilhar os caminhos na ordem que deseja. Está é umas das principais mensagens do jogo.
Onirike opta por uma narrativa não linear em que os acontecimentos são representados fora de ordem cronológica ou até lógica. Visto que, ao entrar no mundo de Prieto, pode ir aonde quiser e cumprir as missões na ordem que mais gostar, enquanto procura desvendar os mistérios da aventura.
O Jogo
Em Onirike você controla Prieto, um garoto confuso, mas que não conhece o próprio poder e precisa descobrir porque sempre acorda sem lembranças.

Os desenvolvedores aproveitam o conceito central de mundo dos sonhos para criar um universo no mínimo incomum. Onirike aproveita as oportunidades para ir além e tenta criar uma paisagem estranha, mas curiosa de explorar.
O game é mundo aberto, e, como já dito, possui uma estrutura não linear em sua narrativa. Você é livre para vagar nas terras cheias de perigo, contudo, o ideal é usar seus poderes para evitar inimigos enquanto resolve puzzles e segue desvendando a história.
A medida que adquire novas habilidades, sua movimentação fica mais variada, até com a possibilidade de se tornar completamente invisível aos inimigos. Desta maneira, pode até passar despercebido, enquanto as ameaças aumentam no decorrer do jogo.
Os principais inimigos de Onirike são os devoradores de almas. Eles representam uma espécie de violação da paz deste mundo e estão a todo momento minando nossa determinação e tentando acabar com Prieto.
Falando nele, no jogo você pode andar, correr, carregar e arrastar certos objetos e ficar invisível. Isso permite que ele use a furtividade para evitar conflitos e alcançar áreas bloqueadas de outra forma.
No entanto, cada uma dessas habilidades tem um custo, e se Prieto não plantar e coletar a flor da planta Gipsófila, ele infelizmente morre. Mas não se preocupe, logo no começo do jogo aprendemos como cultivar esta importante tangente do gameplay.
Não há muito mais segredos em Onirike: Devemos explorar, resolver puzzles e descobrir o que está acontecendo com Prieto.
Aspectos Técnicos
Em Onirike os cenários tentam passar um conceito de sobrevivência, utilizando do expressionismo e do
surrealismo. Eles representam o distanciamento e o isolamento, além daquela sensação de não se encaixar e ser diferente.
Além disso, Onirike reflete a imaginação através de um mundo aberto tão estranho quanto diferente. A ideia é excelente, mas a execução deixa a desejar.
A verdade é que os conceitos gráficos não refletem sua qualidade. Muitas vezes você vai encontrar imagens completamente desfocadas e alguns problemas de performance bem evidentes. Frequentes quedas de quadro e engasgos, especialmente quando está executando movimentos rápidos.
Além do mais, alguns movimentos importantes, como saltos entre plataformas não são muito precisos, o que pode atrapalhar em certos momentos.
Entretanto, a trilha sonora e sons do jogo são muito boas, ajudam na imersão trazendo um lado lúdico aos jogadores.
O jogo é todo narrado e conta com uma voz muito boa, mas os personagens em si não tem voz. Onirike conta com legendas em português.
Duração
A duração de um jogo não implica em sua qualidade. Ele pode ser muito bom mesmo sendo curto ou ruim sendo extenso. Contudo, por Onirike ter um conceito de mundo aberto, é necessária uma pequena explanação sobre isso.
Normalmente os jogos de mundo aberto são conhecidos por oferecer cenários grandes, cheios de mistérios, grandes mapas e muitas horas de gameplay.
Onirike se desenvolve em um mundo aberto sim, mas isso não significa que ofereça os mesmos incentivos que a média usual para o gênero. Sua duração normal é de 4 a 6 horas, mesmo que explore bastante, não passa de 8.
O que não necessariamente é ruim. O jogo da possibilidade de ser explorado da forma que bem entender, mesmo tendo um tamanho limitado. Isso deve agradar alguns, enquanto frustra outros jogadores. Acaba sendo uma questão de ponto de vista e gosto.
Conclusão
Onirike é uma aventura lúdica e que mesmo com suas limitações e falhas consegue passar sua mensagem: Os sonhos estão ao alcance de todos, mas nem todos alcançam seus sonhos.
O jogo propõe incitar ao jogador se mexer para realizar seus sonhos. E a jornada de Prieto deixa claro que se o espírito do sonhador é digno de ele encontra maneira de realiza-los.
Os seres humanos estão em constante crescimento e desenvolvimento. Infelizmente, com o tempo corremos o risco de nos tornar adultos apáticos, sérios e tristes.
Mas nem tudo está perdido. Tanto que Devilish Games, um pequeno estúdio com sede em Villena, na Espanha, apelou à ilusão através de Onirike, uma obra ambientada em um mundo de sonho onde o tempo é um mero coadjuvante.