Introdução
Marvel’s Guardians of the Galaxy é uma clássica aventura de super herói. O game tem a premissa de juntar uma equipe de heróis desajustados, uma trilha sonora épica e claro, muita ação. Todos estes elementos em conjunto, ao lado de uma narrativa interessante, prometem entregar a maior aventura dos Guardiões da Galáxia até então. Entretanto, será que apenas juntar estes fatores, é o suficiente para um bom jogo da famosa equipe da Marvel?
Bom, eu já adianto que nesse caso, foi. Portanto, temos aqui um título que realmente faz jus a essência dos personagens. Pois, o game entrega uma experiência tão divertida e interessante, que consegue até mesmo superar a versão cinematográfica em diversos aspectos. Assim sendo, me acompanhe em mais uma análise do Garota do Controle e descubra o que faz este jogo se destacar no gênero super heróis.
Marvel’s Guardians of the Galaxy foi desenvolvido pela Eidos-Montréal. O título foi lançado no dia 26 de outubro nas plataformas, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam e Epic Games Store.
O passado de Peter Quill
Marvel’s Guardians of the Galaxy começa com um flashback da infância de Peter Quill, o protagonista do game. Ele está em seu quarto, que tem varias decorações que remetem a época dos anos 90. Após escutar um pouco de música, sua mãe entra no quarto e tem uma conversa sobre músicas com ele. Esta conversa é bem interessante e demonstra o quão próximo o protagonista era de sua mãe. Embora este momento pareça meio disperso, ele serve como introdução ao personagem e também de alguns elementos que serão importantes ao avançarmos na campanha.
O game irá apresentar diversos flashbacks remetentes a juventude de Peter ao decorrer da narrativa. Portanto, em cada nova cena, poderemos descobrir mais sobre algumas características do personagem que o tornaram o desajustado e carismático líder do presente. Outro aspecto legal nesses momentos de flashback, é que podemos explorar a casa de Quill, sendo que cada vez que interagirmos com algo, ele fará um comentário sobre, situação está que me lembrou bastante Life is Strange. Após explorarmos um pouco o quarto do protagonista, a mãe dele o chama. Assim sendo, no momento que o personagem abre a porta… a aventura realmente começa.
Bem vindo a Milano
Ao abrirmos a porta do quarto de Peter, é mostrado que na verdade o protagonista estava tendo um sonho. Portanto, ele acorda em sua nave, Milano, e logo levanta para uma missão com sua equipe. Os Guardiões são formados por Peter Quill, Drax, Gamora, Rocket Racoon e Groot. Cada um deles possui uma personalidade própria e habilidades únicas.
Assim sendo, logo que saímos do quarto, temos uma pequena conversa com Rocket e Groot, no qual somos apresentados ao sistema de escolhas de diálogo. Este elemento estará fortemente presente no game, sendo que em momentos chaves da campanha e até mesmo ao explorarmos a nave, teremos varias opções de como abordar cada situação. Entretanto, falarei detalhes sobre este sistema mais pra frente.
A primeira missão
Após um di[alogo inicial com a equipe, os personagens partem para a sua missão. Eles tem como objetivo, capturar um monstro para vender para Lady Hellbender, uma famosa colecionadora de criaturas. Portanto, Rocket, Peter e Groot adentram um planeta desconhecido em busca desta criatura, e Gamora e Drax ficam na nave dando cobertura para eles.
Enquanto avançamos pelos cenários, teremos que usar as habilidades de Groot para construir algumas pontes pelo caminho. Este elemento de auxálio estará presente em todo o game, sendo que será preciso usarmos as habilidades dos nossos companheiros para ultrapassarmos obstáculos. Portanto, em alguns locais teremos que pedir para o Drax quebrar paredes, Rocket hackear equipamentos ou até mesmo que Gamora escale em um lugar alto para pegarmos sua mão e alcançarmos um ambiente distante.
Uma ótima introdução aos personagens
Além disso, Peter possui um visor que o permite ver através de paredes e os locais que ele e a equipe precisam interagir para avançar. Este recurso também será útil para resolvermos pequenos puzzles durante a campanha.
Durante este momento inicial, já fica claro como a relação dos personagens é próxima, mas de uma maneira peculiar. Portanto, eles ficam tendo diálogos aleatórios, zuando uns aos outros e claro, Peter não para de contar piadas e ter planos absurdos a todo momento, uma característica que eu gostei no personagem. Pois, em comparação com a versão cinematográfica de Quill, na qual ele apenas tenta ser engraçado, aqui temos um herói que sabe o timing de suas piadas, e também os momentos de seriedade.
Portanto, o personagem foi muito bem escrito, tanto nos momentos de diversão e emoção, o que o tornou um herói totalmente identificável, ou seja, com exceção dos elementos fantásticos, é totalmente possível nos identificarmos com ele, até porque, quem nunca teve um plano maluco, que de forma surpreendente acabou dando certo não é mesmo?
Por outro lado, seus companheiros de equipe acabam sendo mais desajustados que o protagonista. Portanto, Rocket apresenta uma personalidade mais rebelde e língua solta, ou seja, ele sempre falará o que pensa, sendo isso algo bom ou ruim. Por outro lado, Drax já tem uma personalidade semelhante a apresentada na versão cinematográfica. Assim sendo, ele muitos vezes não ira compreender as piadas, levando tudo ao pé da letra. Já Gamora, por mais que tente ficar sempre focada, acaba se soltando mais ao decorrer da jornada. Por fim, Groot… bom, i’m Groot.
O momento que tudo dá…….. errado?
Após explorarmos o planeta, finalmente conseguimos encontrar a criatura que os heróis estavam procurando. Entretanto, no momento da coleta, as coisas acabam dando errado e a equipe é abordada por uma frota da tropa nova, uma espécie de polícia da galáxia. Portanto, mesmo com as tentativas de Peter, os personagens acabaram não tendo sucesso em escapar e ainda foram multados em um valor exuberante.
Assim sendo, o objetivo principal dos heróis, é buscar trabalhos pela galáxia em busca de dinheiro para o pagamento da multa. E claro, neste meio tempo eles vão acabar se envolvendo em muitas enrascadas, caindo até mesmo no meio de uma grande conspiração.
Escolhas que levam para o mesmo lugar
Uma das grandes novidades de Marvel’s Guardians of the Galaxy é o sistema de escolhas durante os diálogos. Portanto, este elemento acaba tendo uma relevância micro e macro na campanha. Por exemplo, enquanto estamos na nossa nave, podemos interagir com os integrantes da equipe. Ao fazermos isto, teremos diálogos que poderão aumentar nosso vínculo com determinados personagens. Entretanto, este sistema acaba não tendo uma importância tão grande fora daquele diálogo em questão.
Outra situação que acontece, é que podemos escolher formas diferentes de abordagem. Para exemplificar, existe uma missão na campanha, na qual devemos nos infiltrar em uma base. Para isto, devemos fingir que iremos vender um dos nossos companheiros de equipe. Assim sendo, alguns dos membros sugerem Groot e outros Rocket, sendo que cada um deles argumenta o porque tal personagem seria a melhor escolha.
Neste momento, cabe a nós jogadores decidirmos qual será a melhor abordagem. Entretanto, semelhante aos diálogos na nave citados acima, a opção que escolhermos não terá uma diferença tão grande assim. Portanto, nesta situação da venda de um dos personagens, independente da escolha, o caminho da narrativa será o mesmo.
Assim sendo, as escolhas aqui estão mais presentes para proporcionar uma variação no fator replay, sendo que no geral, elas não mudam a história.
Personagens carismáticos
Marvel’s Guardians of the Galaxy consegue fazer um excelente trabalho com seus personagens. Cada um deles tem sua personalidade própria e são muito interessantes de se conversar. Gamora por exemplo, tem uma personalidade mais séria e sempre tem uma certa rivalidade com Drax, pois inicialmente ele não confia nela. Já Peter e Rocket sempre vivem competindo sobre quem é o real líder da equipe, sendo que em determinado momento do game até rola uma competição de quem acerta mais alvos em menos tempo.
Está dinâmica de uma família disfuncional que os personagens apresentam é um dos grandes destaques do título. Pois, embora eles tenham certas intrigas em alguns momentos da campanha, quando precisam um dos outros, nenhum deles irá abandonar os amigos.
Uma narrativa que cumpre o seu proposito
Como dito na introdução, Marvel’s Guardians of the Galaxy apresenta uma clássica aventura de super herói. Assim sendo, a narrativa do game não apresenta uma história cheia de profundidade e reflexões. Entretanto, este não é o propósito aqui. O título propõe entregar uma épica aventura com heróis carismáticos, muita ação e uma trilha sonora que irá empolgar tanto, que o jogador irá saltar da cadeira…. e bom, todos estes elementos estão presentes.
Assim sendo, a narrativa do jogo segue uma linha semi linear, com algumas mudanças envolvendo diálogos e caminhos, dependendo das escolhas do jogador. Portanto, a história apresentada aqui é boa e divertida, mesmo que não seja perfeita em alguns poucos aspectos.
O desenvolvimento dos membros da equipe poderia ser melhor
Como dito anteriormente, o título irá mostrar flashbacks da juventude de Peter Quill. Este elemento acaba entregando uma excelente profundidade ao personagem. Entretanto, este fator não acontece com os outros integrantes da equipe.
Esta falta de desenvolvimento acaba tirando a emoção de alguns momentos que deveriam ter uma alta carga emocional. Para exemplificar, em determinado momento da campanha, um dos membros da equipe irá fazer uma revelação bombástica sobre o seu passado.
Entretanto, está situação envolve outra personagem que nem é citada no game. Portanto, o jogador por não ter criado um vínculo, acaba não se importando tanto com esta carga dramática. Assim sendo, fica evidente que o elemento de flashback poderia ter sido usado com outros membros da equipe, o que daria uma profundidade maior para os heróis.
Gameplay
Marvel’s Guardians of the Galaxy faz um excelente trabalho em apresentar uma jogabilidade simples porém única ao mesmo tempo. Em relação a movimentação do protagonista, assumimos o controle de Peter Quill e podemos andar, correr, atacar, abaixar e dar comandos para os membros da nossa equipe em combate.
Durante os confrontos contra os inimigos, atirarmos com nossa pistola de plasma e ao mesmo tempo devemos dar comandos de ataques para nossos companheiros. Assim sendo, cada um deles possui uma habilidade e forma de ataque diferente. Drax ataca com força bruta, Gamora já realiza ataques mais rápidos e consegue atingir mais de um vilão ao mesmo tempo, Rocket realiza um ataque com dano em área e Groot consegue prender os inimigos.
Confrontos estilosos e coordenados
Para que o jogador tenha sucesso nos confrontos, é preciso usar cada um dos ataques de forma coordenada, se baseando no tipo de inimigo que os heróis estarão enfrentando. Assim sendo, quando um combate começa, teremos uma barra de “estilo” na tela, semelhante a presente em Devil May Cry. Portanto, quanto maior for a coordenação dos golpes, mais “estiloso” o combate será.
Além disso, Peter Quill poderá usar algumas habilidades especiais durante os confrontos. Isto inclui, uma skill que o permite voar de forma limitada por um curto período de tempo, sendo que está ação permite que o personagem ataque os inimigos do alto. Uma outra habilidade também permite que o protagonista obtenha um escudo adicional, o que torna a vida dos vilões mais complicada.
Além disso, uma barra de especial irá encher em determinado momento do confronto. Quando isto acontecer, Peter Quill irá chamar a sua equipe e terá duas opções de frases motivacionais, sendo que se a escolha correta for feita, todos os membros irão ganhar um boost em suas habilidades. Porém, se a escolha feita for a errada, apenas o protagonista irá ganhar esta melhoramento.
Habilidades e customização
Como dito anteriormente, em Marvel’s Guardians of the Galaxy os jogadores poderão desbloquear habilidades ao decorrer da campanha. Para isso, será usado pontos ganhos a cada level upado pelos personagens. Portanto, cada herói possui 4 habilidades desbloqueáveis, sendo que a ultima delas só ficará disponível em um determinado momento da campanha. Cada nova habilidade, adiciona aos personagens novos golpes que serão essenciais durante os confrontos. Assim sendo, as opções de combos nos combates se tornam cada vez mais variada ao decorrer da jornada.
Além disso, Peter Quill irá ganhar novos tiros para a sua arma de plasma. Assim sendo, teremos poderes de gelo, fogo, elétrico e até mesmo um puxão, que pode ser usado para alcançar inimigos distantes. Também está presente no jogo mesas de melhoramento.
Ao acessarmos ela, poderemos pedir que Rocket nos forneça alguma melhoria, elemento este que inclui deste mais dano para a arma de plasma ou até mesmo uma porcentagem maior de recursos encontrados pelo caminho.
Outro fator que logo se destaca é a customização dos personagens. Ao explorarmos os cenários presentes no título, poderemos encontrar caixas roxas que ao abrirmos irão liberar um novo traje para os personagens. As vestimentas incluem desde visuais clássicos dos quadrinhos como também o visual dos filmes.
Inimigos e chefes que poderiam ser mais desafiadores
Durante a campanha de Marvel’s Guardians of the Galaxy iremos nos deparar com diversos tipos de inimigos. Assim sendo, teremos que confrontar criaturas, soldados e até mesmo chefes. Cada um destes vilões terão uma forma única de ataque e caberá ao jogador decidir a melhor forma de contra atacar.
Além disso, ocasionalmente iremos nos deparar com alguns chefes. Eles normalmente possuem 3 barras de vida, sendo que cada vez que esvaziarmos uma, eles mudaram a sua forma de ataque. Embora pareça desafiador, na prática acaba não sendo, pois basta o jogador desviar dos ataques e contra atacar usando tudo que tem. Portanto, o plano “ataque pra valer e não pense duas vezes” quase sempre é o suficiente.
Neste aspecto, acredito que os inimigos poderiam ter tido um trabalho melhor na sua inteligência artificial, pois no geral, eles só atacam sem nenhuma variação, o que acaba tornando os combates fáceis demais.
Trilha Sonora
Marvel’s Guardians of the Galaxy apresenta uma excelente trilha sonora. Temos aqui músicas compostas de forma original, elemento este que está presente nos combates e na exploração.
Além disso, também estão presentes diversos rocks clássicos dos anos 90. Portanto, no game podemos escolher as músicas que irão tocar na nossa nave a aproveitar a viagem com uma música “rockzeira” tocando de fundo. Inclusive, no mundo do título, Peter Quill escolheu seu codinome como Star Lord, porque este é o mesmo nome da sua banda favorita.
Visuais belíssimos e variados
Marvel’s Guardians of the Galaxy entrega uma grande variação de cenários. Portanto, ao decorrer da campanha iremos visitar diversos planetas, todos com um visual único e até mesmo intrigante. Assim sendo, visitaremos biomas de gelo, grandes florestas e até mesmo o subsolo de uma caverna. Cada um destes ambientes terá pequenas histórias para contar, sendo que é possível encontrarmos alguns documentos de texto e áudio em cada local explorado.
Em relação aos gráficos, eu gostei bastante da estética colorida apresentada, sendo que não tive nenhum problema envolvendo bugs de delay de render ou algo do tipo. Além disso, estamos falando de um jogo crossgen, assim sendo, não é esperado visuais 100% next gen. Com isto dito, um ótimo trabalho foi feito, principalmente na modelagem dos personagens, que conseguem ter visuais tão bons, que na minha opinião, superam até mesmo a versão cinematográfica.
Desempenho
Minha experiência foi no Xbox Series S. Eu admito, que foi um pouco decepcionante notar que o jogo roda a 30 FPS no console, entretanto, após um pequeno momento para acostumar, este elemento acaba não interferindo no gameplay. Assim sendo, toda a minha jornada em Marvel’s Guardians of the Galaxy foi bem fluida e não houve problema envolvendo bugs, delays de render ou quedas de framerate.
Conclusão
Marvel’s Guardians of the Galaxy é um excelente jogo de ação e aventura. O game faz bom uso do carisma dos personagens, apresenta uma história divertida e interessante, conseguindo chegar no mesmo patamar da visão apresentada no filme da Marvel Studios. Além disso, o combate único e os incríveis cenários apresentados no game, tornam o título uma experiência incrivelmente épica.
Entretanto, o título acaba deixando a desejar no sistema de escolhas e no desenvolvimento de alguns personagens principais. Embora isto não prejudique a experiência, fica evidente que o game poderia ter sido melhor nestes aspectos.
Por fim, Marvel’s Guardians of the Galaxy é um jogo que eu recomendo para todos os fãs dos personagens e até mesmo para os jogadores que gostam de uma jornada divertida ao som de uma trilha sonora incrível.
*Chave cedida para análise no Xbox Series S