Ouça o trovão e a chuva
Furi é um jogo de ação com elementos Bullet-Hell desenvolvido pelo estúdio The Game Brakers e lançado em 2016. Mas agora uma nova versão foi anunciada para 17 de maio. Além de todo o conteúdo já lançado anteriormente, como a expansão gratuita One More Fight, Modo incrível, Furier Speedrun e possibilidades de alterar a configuração dos controles, o game chega com uma nova DLC, chamada de Onnamusha.
A nova versão está disponível para Playstation, Switch e PC.
História
A história de Furi é bem simples, mas chega a ser confusa às vezes. Estamos na pele de um herói aprisionado por um motivo a princípio desconhecido. Nosso objetivo é nos livrarmos dessa prisão em que estamos. Mal somos introduzido a tudo o que está acontecendo e já enfrentamos o primeiro chefe. Isso deixa bem claro que nosso personagem e todo o entorno dele pouco importa. Entre uma luta e outra, andamos pelos cenários acompanhados de outro personagem, uma espécie de guia, que nos conta um pouco mais sobre a lore do game. Entretanto tudo é contado de forma metafórica. Então a forma de interpretar o mundo depende de quem estiver jogando.
Desempenho e acessibilidade
No PlayStation 5, Furi roda perfeitamente a 60FPS. O mais legal disso tudo é que durante toda a gameplay, seja na campanha ou nas DLC’s, não há quedas de frame, pelo menos algo que seja perceptível ou que atrapalhe a experiência. Aqui não dá para saber ao certo se estamos jogando em 1080P ou 4k. Contudo, isso é o menos importante nesse momento. Afinal mesmo com uma bela direção de arte, não temos gráficos que realmente saltam aos olhos. E com um gameplay frenético, não dá tempo para pensar em qual a resolução estamos jogando.
Sobre acessibilidade, o game possui legendas em PT-BR. Um ponto positivo para o estúdio, já que compensa o fato da história ser um pouco simples e confusa para algumas pessoas. Isso fica de lição também para estúdios grandes que não se esforçam em localizar seus títulos para português, pois temos um estúdio Indie localizando um jogo em 2016 para nosso idioma. A dublagem dos personagens também é excelente, sem contar nos momentos em que não há diálogos, principalmente nos intervalos durante os combates.
O “não gameplay” e o gameplay
Furi pode ser dividido em duas partes, as “não batalhas” e as batalhas . Esse “não gameplay” acontece após vencer os chefões. Aqui, a jogabilidade se resume apenas em andar pelo cenário, mas sem tomar nenhum tipo de ação ou exploração, apenas com alguns diálogos de história. Isso até chegar ao próximo boss e repetir todo o ciclo. Então, fora das batalhas, nós não temos nenhum tipo de controle sobre o personagem. Apertamos o botão de ação e automaticamente ele começa a percorrer o cenário, e não jogamos nada nesse meio tempo. É como se estivesse faltando alguma coisa aqui, alguma exploração ou algo que despertasse curiosidade para seguir com esse mundo.
Agora, as boss battles de Furi são onde o game realmente brilha. O combate é complexo a princípo, até nos adaptarmos a jogabilidade. Após os primeiros momentos, tudo flui muito bem e com uma curva de aprendizado muito rápida. Logo após o primeiro diálogo, já enfrentamos o primeiro chefe, que parece ser bem difícil nas primeiras tentativas, mas em pouco tempo entendemos como funciona a jogabilidade. Este chefe age como um grande tutorial.

Combate a distância
O Combate pode ser dividido entre duas partes, a distância e melee. A primeira delas é a mais simples. Nós usamos uma arma para tiros de longa distância, controlando-as com o analógico direito. Aqui, a base de tudo é na mecânica bullet-hell. Além dos tiros padrões, podemos dar um tiro carregado utilizando o gatilho direito. Quando estamos nessa etapa da luta, o inimigo se afasta e com ela, a câmera se afasta um pouco também. Assim conseguimos visualizar melhor o cenário e como podemos utilizá-lo ao nosso favor.
Podemos escapar do bullet-hell com um dash, seja ele simples ou um dash mais forte segurando o botão de ação. Em alguns momentos, no meio dos tiros o inimigo solta algumas orbes verdes, quando a acertamos, liberamos uma orbe que carrega parte de nossa vida.
O melee
Agora o combate melee em Furi é bem mais interessante do que à distância. Aqui temos mais elementos de ação e até um pouco de hack ‘n slash. O nosso botão de ação agora para ataques rápidos passa a ser o quadrado. Além disso, também podemos utilizar o dash para escapar dos ataques de perto. Defender os golpes no momento correto sempre é uma boa alternativa. Caso a executamos no momento correto, recuperamos uma pequena parte da nossa vida, que pode ser o suficiente para vencer uma das etapas do adversário. Entretanto nem todos os golpes são defensáveis, em alguns momentos somos atacados com golpes que possuem um efeito visual e sonoro, para mostrar que não possuem defesa. Então o correto é esquivar do golpe, pois eles tiram mais dano que o normal.
No geral as boss battles são bem criativas, com chefões bem diferentes e com um movie set bem variado de um para o outro. Até mesmo cada etapa dele muda um pouco como ele irá nos atacar. Assim não há tempo para se acomodar em nenhum momento, pois não sabemos o que está por vir. Além disso os cenários são bem importantes, pois não se resumem apenas a simples arenas. Temos cenários como labirintos ou campos com um buraco ou armadilhas. Isso gera várias possibilidades de como enfrentar os chefes.
Barra de cura
Além da barra de vida padrão dos inimigos, existem também alguns quadrado embaixo da barra de vida. Eles servem para mostrar a quantidade de fases e barras de vida completa que eles possuem. O mesmo serve para nós, entretanto nós não possuímos outras fases. Uma alternativa do estúdio para deixar as coisas menos complicadas, após derrotarmos uma fase do boss, nós recuperamos uma vida completa nossa.
Para deixar as coisas mais difíceis, cada barra de vida do inimigo precisa ser esvaziadas duas vezes até finalizarmos cada fase. Geralmente a primeira delas é em apenas com golpes a distância e a segunda é para o combate melee, deixando tudo mais complexo e amplo, em alguns momentos é como se estivéssemos numa dança.

Trilha sonora
A trilha sonora de Furi é um dos pontos que mereciam um cuidado a mais. Em alguns momentos, ela passa um tom misterioso e até um certo suspense. E isso é exatamente a sensação que o mundo que conhecemos nos passa. A maioria das músicas de batalha tem um estilo futurista no estilo Cyberpunk. Mas, por mais que o game acerta em alguns momentos, a trilha merecia um destaque maior, principalmente contra os chefes. Se elas tivessem um tom mais épico, elevariam ainda mais os combates, que já são o ponto alto da experiência. Apesar dessa ressalva, não é um problema extremamente grave ou que atrapalhará nossa campanha de alguma forma. São apenas detalhes que poderiam enriquecer ainda mais a gameplay.
Direção de arte
Furi possui gráficos bem feitos, com uma técnica de cell chading bem colorido e com muito estilo. Contudo, é a direção de arte que se destaca no game. Combinando com a história e a trilha sonora, a direção de arte também traz um ar de estranheza. Em alguns momentos é difícil entender quais os lugares onde estamos passando ou o porque estamos passando por eles. Isso desperta a curiosidade para entender mais sobre mundo. Infelizmente, o game não retribui nem incentiva a exploração através do seu gameplay, apenas com sua direção de arte. Então nem perca seu tempo andando pelos cenários pois é praticamente inútil. Isso só irá adiar a próxima luta.
O design dos personagens também merecem ser mencionados pela sua criatividade, cada um com seu detalhe diferente, seja nas roupas, cabelo ou arma. Nosso guia, por exemplo, tem uma cabeça de coelho estilosa. Dito isso, os chefes também têm um visual bastante chamativo e variado. Alguns possuem asas, uma espada, duas espadas, roupas dos mais diferente jeitos.
Outro ponto que merece destaque são as câmeras. Eles são bem diferentes do que estamos acostumados a ver nos jogos. Numa mesma cena há vários ângulos diferentes. Seja uma câmera mostrando o personagem de longe, seja uma meio maluca vista totalmente de ponta cabeça ou com um close bem no rosto do personagem. Algumas delas são bem criativas e passam algum sentimento para as cenas. Entretanto, alguns shots não fazem sentido ou não acrescentam nada ao que estamos vendo.

Mais conteúdo e acessibilidade
A nova versão de Furi chega com muito conteúdo. Ela está disponível para todos os consoles com tudo o que já foi lançado até hoje. Em primeiro lugar a expansão gratuita One More Fight. E também o modo Furier Speedrun para quem quer bater o próprio recorde de tempo. Para o PlayStation foi adicionada uma nova DLC, chamada Onnamusha. A expansão libera a personagem Onnamusha Rider, uma lutadora com novas mecânicas, como a capacidade de alternar entre duas posturas de luta. Uma mais rápida e uma mais lenta, porém muito mais poderosa.
Além disso, novas opções de acessibilidade estão disponíveis. Agora temos a possibilidade de alterar e configurar os controles, dando outras opções para os jogadores que estão com dificuldades. E se você quiser deixar as coisas mais fáceis ou quer apenas aproveitar a parte mais gostosa do gameplay foram adicionados os modos invencível e prática. No invencível, há comandos como pular fase do boss, pular a luta completa, ou exaurir o guardião. Assim o deixando mais fácil de ser derrotado. Contudo, se você quer se preparar antes de encarar algum chefe, pode praticar a fase ou o inimigo em que você está com dificuldade.

Conclusão
Para quem gosta do gênero bullet-hell e muita ação, Furi é um prato cheio. O game acerta em cheio com um combate extremamente divertido e único. Além disso, ele tem um visual incrível que nos leva para um mundo bem estranho, que nos deixa curiosos para entender mais sobre tudo o que está acontecendo ou o porquê estamos enfrentando os inimigos. Entretanto, o jogo falha em não adicionar nenhuma mecânica de gameplay no intervalo de uma luta e outra. Ele cria um clima tão legal mas não nos dá a oportunidade de explorá-lo. Talvez se esses intervalos não existissem, não mudaria nada na experiência. As vezes, passa a impressão de que essa alternativa foi uma tática proposital em deixar o game um pouco mais longo.
Independente da plataforma, vale muito a pena ter a experiência de Furi, e todo o seu conteúdo. Para quem tem PlayStation é melhor ainda, pois temos uma nova personagem exclusiva para o console da Sony. Essa nova personagem traz novas mecânicas de gameplay que aumentam o fator replay. E vale muito a pena tentar zerar tudo de novo só para testar novas possibilidades com essa nova heroina.
*Chave cedida para análise