Introdução
Ao ver o trailer de Scrap Riders, o jogador pode ter uma ideia diferente do jogo, pois, fica a dúvida sobre de seu gênero: é um point & click ou Beat’em up? Que tal os dois? Isso mesmo. Esse jogo futurista do passado com elementos bem comuns de cyberpunk pós-apocalíptico dos anos 90 promete muito humor torto, ambientação de um futuro que não queremos, com visual de jogos de PC que precisavam de vários disquetes para iniciar. Por fim, misturando dois gêneros que não se espera ver juntos.
Microids e Games For Tutti trazem essa maravilha do passado, já disponível para PC e Nintendo Switch.
O Futuro do Passado
Scrap Riders é um jogo de aventura em pixel art ambientado em um futuro cyberpunk. No controle de Rast, um membro da gangue de motociclistas fora da lei Scrap Riders, que dão nome ao jogo, o jogador viajará pelas terras devastadas e pela grande metrópole controlada por corporações.
O protagonista possui um humor cáustico, e longe de ter a melhor das reputações ou condições básicas de higiene. Pois, o mundo do game é um lugar cruel com recursos escassos, onde apenas os poderosos têm privilégios. Assim, para sobreviver nesse caos, junte-se à gangue, converse com as pessoas nas cidades, livre-se das gangues rivais e da polícia corrupta para cumprir as missões que farão de você uma figura importante entre os Scrap Riders.
O jogo exige muita investigação e habilidade para as partes de batalha. Os comandos não possuem complexidade. Porém, nas partes de “briga de rua”, use o máximo de sua destreza para não morrer e ter que voltar lá do início.
Vivendo nas terras devastadas
Scrap Riders possui uma premissa simples: pegue sua moto, vá ao local indicado, converse com os locais, bata em bandidos, converse com mais pessoas e termine a missão. No meio disso, há bastante conversa, diálogos esquisitos e referências que podem ou não fazer sentido para o jogador.
Nas partes de investigação, ao se aproximar de algum ponto de interesse, ele será destacado para que o jogador possa ver se pode interagir ou não. Assim, na interação, aparecem quatro opções: observar com o botão X, simbolizado com um olho; usar ou pegar algo com o botão A, indicado por um desenho de uma mão; falar com o botão Y, representado por um teclado; e cancelar com o botão B, usando o símbolo “X”. Com esses comandos, o jogador também utilizará para resolver os puzzles. Logo de início, há um quebra-cabeça para habituar o player do que virá no título.
Por outro lado, na parte das batalhas, há três botões de ataques: Y, X e A. Assim, o jogador pode alternar combinações e fazer diferentes combos. Ainda pode correr e realizar outros tipos de ataque. Sem esquecer que o botão “X” serve para agarrar adversários e pegar itens no chão. Mas não é só isso, já que Rast também pode atirar (se tiver balas) e realizar ataques especiais caso a barra esteja cheia.
Apesar de que, ao morrer o jogador não continua de onde parou, há checkpoints no decorrer das fases de luta. Geralmente, perto dos chefes. Ainda sobre checkpoints, o jogo salva a cada sala que entrar. Então, não precisa se preocupar em ter que fazer os diálogos todos de novo ou ter que procurar save points para desligar o console.
A batida de Scrap Riders
Scrap Riders possui gráficos no melhor estilo Amiga, um PC/Console de décadas passadas. Porém, com uma movimentação mais fluída e menos travada.
Ainda é importante lembrar que o jogo tem a ideia de nostalgia, trazendo a ambientação dos games dos anos 90 para atualidade. Por isso, a opção de beat’em up com point & click. E por essa razão, acerta na escolha do visual retrô.
As batidas das músicas de Scrap Riders ambientam bem o clima nostálgico proposto no game. Os sons parecem familiares, com ritmos bem típicos dos anos 80-90, o que melhora ainda mais a imersão no passado. Todo esse conjunto compõe a narrativa que envolve muitas referências. Ao andar pelo jogo, e interagir com NPC’s, tudo isso pode conter alguma ligação com algo da cultura pop.
O fim do mundo
Por mais divertido que seja, Scrap Riders não passa batido sem alguns problemas. A começar pela parte point & click muito desgastante. Pois, o jogador deve praticamente interagir com tudo, realizando diálogos desnecessários para fazer ações simples. Para piorar, o fluxo lento das conversas faz com que o jogador se canse do jogo muito rápido. Assim, o game dá aquela sensação de “deixar para depois”. Infelizmente, isso faz com que se deixe de aproveitar uma boa obra.
Dessa forma, fica difícil dizer propriamente se foi uma decisão acertada essa fusão de beat’em up com point & click. Afinal, o jogo possui uma quebra de ritmo muito forte durante as missões e isso pode desgastar o jogador. Por exemplo, você acabou de sair de uma parte frenética de batalha. Então, usou toda a sua destreza para evitar dano e atacar os inimigos. Permanecia atento para fazer combos maiores e tudo mais. E, de repente, vai para uma interminável sessão de ficar verificando item, esperando os diálogos lentos, e se apertar mais vezes o botão, é perigoso repetir o mesmo diálogo e esperar tudo de novo. Assim, quando voltar à ação, já terá esfriado, e ainda enfrentando inimigos bem mais fortes. Depois, volta para a parte de investigação que parece cada vez mais lenta.
Apesar de a história ser boa, além de ter personagens bem peculiares, essa dinâmica afasta qualquer jogador. O que é bem ruim, julgando que ele é bom um jogo. Mas isso se torna realmente um obstáculo para se manter jogando. Contudo, a insistência vale à pena.
Passado do Futuro
Scrap Riders entrega uma mistura inusitada de point & click e briga de rua. Talvez isso seja ruim para quem é fã de apenas um dos gêneros. Mas também pode ser uma ótima oportunidade para dar chance ao gênero que ainda não curte. Com uma história gostosa de acompanhar, pancadaria interativa e muuuuuuuuuito texto, o jogo não desaponta.
*Análise realizada em Nintendo Switch com chave cedida