O Kickstarter
Rainbow Billy: The Curse of the Leviathan, é um projeto que surgiu no Kickstarter. Para aqueles que não sabem, o Kickstarter é um site de financiamento coletivo, onde qualquer pessoa pode ajudar, financeiramente, qualquer projeto a nascer! E foi dessa forma que esse jogo de plataforma, com gráficos inspirados nos desenhos animados dos anos 30/50 nasceu!
Lançado em 05/10/21, sendo desenvolvido pela ManaVoid Entertainment e publicado pela Skybound Games para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. Tratando-se de um jogo de aventura no gênero plataforma, com uma câmera 2.5D e uma arte de encher os olhos.
Vizinho rabugento
Nossa aventura começa em Star Harbor, uma pequena vila portuária bastante colorida. Nela nós conhecemos Billy, o nosso herói. Logo de início já descobrimos que está para acontecer um grande festival em Star Harbor, com muitas cores, foguetes e muita festa (imaginem uma Parada, é nesse estilo).
Porém, assim que as festividades (e a barulhada) começam, um ser gigante acorda, e se ergue do fundo do mar para tocar o terror: o Leviathan! Ele se mostra totalmente revoltado com a festança (famoso vizinho chato), e como retaliação, ele decide lançar uma maldição por toda a parte, tirando a cor de tudo, e deixando todos os seres amargos e ressentidos.
Então, se vendo encurralado, Billy sai correndo de Star Harbor e entra no seu barco falante, chamado de Friend-Ship (sério, eu amei esse trocadilho de um jeito, que nem consigo explicar). E juntos eles partem para tentar salvar o mundo da terrível maldição do Leviathan. E assim, o jogo começa!

O poder do convencimento
Agora, vamos a gameplay de Rainbow Billy. Como eu expliquei, o Leviathan deixou tudo preto e branco, e a população que lute! Ou seja, o foco aqui é colorir o mundo novamente, porém, não é tão simples. Nós podemos encontrar vários bichinhos durante a nossa jornada, e eles se tornam nossos amigos, e nos ajudam nos combates (tem aquela vibe de Pokémon).
Porém, não é só chegar e recrutá-los. Assim como em Pokémon, nós devemos batalhar com eles, e aqui entramos em um ponto bem interessante de Rainbow Billy. As batalhas são feitas da seguinte forma, possuímos uma barra de ‘’moral’’ que funciona como a nossa vida, e os inimigos possuem vários círculos com interrogação. Porém, nós podemos desvendar o que tem por trás dos círculos, com conversa. Billy conta com a opção talk, e nela existem três formas de abordagem, podendo ser mais brandas ou mais agressivas.
Ou seja, nós, literalmente, temos que convencer os monstrinhos de que somos gente boa, e que eles não precisam agir com maldade, ou serem rancorosos. E a medida que vamos fazendo amizade com eles, as interrogações vão sumindo, e dando lugar a várias formas, como estrela, lua, triângulo e por ai vai. E o que isso quer dizer? Então, é muito simples. O nossos amigos que usamos para batalhar, possuem formas correspondentes, por exemplo, você libera um amigo e ele vem com a forma da Lua, porém, se você fortalecer a amizade com ele (já explico como), ele vai aprender mais duas formas (nuvem e estrela, por exemplo).

Amigos em forma de Tazo
Portanto, nós precisamos selecionar o bichinho certo, com a forma certa, para atacar o nosso amiguinho raivoso. Nossos amigos são representados por fichas, parecidas com Tazos, e eles possuem três comandos, sendo que começamos somente com o botão X, mas depois que liberarmos as outras duas figuras, podemos usar o quadrado e o triângulo para selecioná-las. E fiquem bem ativos, porque a batalha é por turnos, e pode acontecer de escolher uma figura que não tem nada a ver com o inimigo, e você perder um turno. Além disso, em cada ataque, nós temos que executar um mini game, e cada bichinho possui um diferente. Ou seja, se você errar a sequência de botões, ou perder o tempo da roleta, seu ataque não faz efeito.
Minha dica: sempre selecione primeiro o bichinho que possui um mini game que você tem facilidade, já que quanto mais amigos tem na fila, mais complicado fica a sequência de ações.
E vale ressaltar alguns detalhes, à medida que vamos progredindo. Nós aumentamos a quantidade de movimentos por turno, ou seja, podemos usar mais amigos para atacar. E ainda, é possível embaralhar a sua mão, já que em toda rodada nós sacamos uma certa quantidade de ‘’tazos’’ (que também pode ser aumentada com upgrades). Logo, se sua mão vier sem nenhum amigo compatível com o ataque, é possível trocar, mas lembre-se que isso conta como um movimento!
Por fim, nossos amigos ganham habilidades bem úteis a medida que fortalecemos a amizade com eles, como por exemplo, restaurar um pouco de moral quando for jogado, ou poder ser jogado sem gastar nenhum movimento, e também revelar uma interrogação do inimigo assim que entrar em campo (essa e a de restaurar a moral foram as que mais usei).

Cuidado com a maldição
Mas, e as plataformas? Então, aqui Rainbow Billy também me agradou! O mapa é sair correndo, e pulando em cima das coisas, mas é tudo tão gostoso e bem feito, além de criativo. O mundo é cheio de puzzles, alguns envolvendo cores e suas combinações, outros envolvendo habilidades que adquirimos durante a campanha. É impossível não se divertir explorando o mapa.
Agora falando em mapa, chegou a hora de falar o que podemos encontrar nele. Rainbow Billy possui algumas atividades secundárias que podemos fazer. Como eu disse, nós usamos o Friend-Ship para navegar, e com isso, podemos visitar várias ilhas. Nós temos quatro regiões no total, e dentro dessas regiões, existem ilhas grandes e pequenas onde podemos atracar e explorar.
Porém, não é tão simples, já que a maldição do nosso querido Leviathan, está por toda parte, e o nosso barco camarada, precisa de cor para navegar. Então, se ficarmos muito tempo navegando em águas sombrias, ele fica sem ‘’gasolina’’ e voltamos para a ilha que saímos anteriormente. Entretanto, aqui entra um ponto chave. Nas ilhas, existem alguns bichinhos especiais, que estão ligados a um balão de escuridão, e quando nós os derrotamos, eles colorem toda a ilha que se encontram (ou uma boa parte dela, dependendo do tamanho). Mas ainda existem muitos amigos escondidos que precisamos colorir novamente, mas esses que trazem a cor de volta a ilha, são essenciais para progredir.

Fortalecendo os laços
Todavia, ainda existem mais coisas a se fazer. Lembram que eu comentei sobre a possibilidade de aumentar a amizade com os bichinhos? Então, para isso, nós devemos dar presentes específicos para eles. Esses presentes nós podemos pescar, ou encontra-los dentro de biscoitos da sorte. Depois, vamos até o navio (que funciona como uma base) e lá nós conversamos com os companheiros e eles nos dizem qual objeto querem. Por exemplo, existe um que diz estar com sono, e pergunta se não temos nada para ajuda-lo a dormir, então é só dar um travesseiro para ele.
Mas, podemos fazer isso para passa-los do nível um para o dois, e na hora de passar para o nível três, nós devemos descobrir novamente qual presente querem, e depois preencher o resto da barra de amizade com peixes que pescamos, e cada peixe é mais efetivo com o símbolo do bichinho. Por exemplo, se o bichinho ataca com a Lua que é azul, então se você der um peixe azul que representa a lua, ele vai ganhar mais na barra de amizade. Também é possível alimentar ele com qualquer peixe, mas o especifico acelera.

Sempre tem um vendedor
Além disso, existem os Thoughts que são pequenos monstrinhos espalhados pelo mapa, e quando coletarmos eles, podemos ir até o navio. Chegando lá, é só botá-los dentro de uma máquina, e ela converte eles em upgrades. Alguns bobinhos como filtro para o modo foto, e outros bem úteis como aumentar o número de movimentos por turno!
E para fechar o mapa, ainda existem baús espalhados, principalmente, pelos mares, e tais baús possuem moedas que podem ser usadas no pavão vendedor, que vende peixes e presentes. Muito útil.
Compreenda, respeite e ajude seus amigos!
Em seguida, o enredo. Aqui Rainbow Billy é simplicidade pura. Depois de fugir de Star Harbor, Billy conhece uma ‘’vara de pescar’’ falante, chamada Rodrigo, e ela nos abre um leque de possibilidades, já que com o Rodrigo é possível quebrar objetos, escavar montes de areia, e até planar!
Mas claro que o Rodrigo é um grande amigo a cima de tudo. E a história é o que contei no inicio, porém, com a adição de que nós descobrimos que existem três esferas mágicas e precisamos delas para derrotar o Leviathan, então corremos pelos três mapas principais, e temos que derrotar os três chefões para obter tais esferas e depois voltar para confrontar o grande vilão.
Como eu disse, é bem simples, porém, ela tem alguns pequenos detalhes que dão um charme gigantesco para essa aventura. Todas as criaturas que devemos colorir possuem uma história e, portanto, um problema. À medida que ficamos amigos delas, elas vão se abrindo e revelando detalhes, e isso é muito legal. Alguns sofrem Bullying, outros se acham burros, outros tem medo de enfrentar os perigos, e também tem um lá que só quer proteger o irmão caçula.
Eu simplesmente adorei a personalidade dos amigos, e como são vários, nós temos uma grande variedade. A história em si também se desenvolve legal, com o Billy sendo bem caladão no começo, mas depois, quando ele precisa se impor e ser forte, ele começa a falar mais firme e com mais frequência.
Rainbow Billy passa uma mensagem de amizade, compreensão e respeito ao próximo muito bem feita! Provando que não precisa ter uma história complexa para ser impactante.

O charme dos anos 50
Depois que falamos da história, vamos ao lado técnico. E aqui eu me surpreendi em todos os aspectos.
Primeiro com a trilha sonora que é incrível, tanto a música ambiente que toca enquanto exploramos quanto as que tocam nas batalhas com os chefões. São muito boas mesmo, inclusive a que toca na batalha com a Calypso é a minha favorita!
Já os gráficos, possuem uma arte que eu simplesmente amo. Por mais que não seja da minha época (anos 30/50), eu admiro muito a arte desses desenhos, igual Cuphead fez, ou até mesmo o Kingdom Hearts 2 no mundo Timeless River. É algo que me encanta de verdade!
Por fim, o level design dos mapas. Na verdade não tem nada que vá explodir a sua cabeça, mas também não da pra se decepcionar porque é tudo bastante ajeitadinho, ele funciona por completo. Inclusive os puzzles são bem interessantes e tem uma curva de dificuldade, onde os da última região são os mais difíceis.
E vale ressaltar, que podemos voltar para explorar as regiões anteriores, já que o jogo possui fast travel, então para aqueles que buscam fazer tudo no jogo, tem essa facilidade.

Conclusão
Em síntese, Rainbow Billy: The Curse of the Leviathan, é uma aventura muito fofinha, desde sua arte, até a história. Com uma gameplay de plataforma redondinha, uma trilha sonora muito boa de ouvir, e com várias amizades para se fazer, eu acho difícil alguém não se divertir com o Billy. E para os fãs do gênero, talvez vocês não vejam nada de revolucionário, porém, eu garanto a diversão do início ao fim!
Fico muito feliz em ver um projeto tão talentoso como esse, ganhando vida graças ao financiamento coletivo! Torcer por mais obras assim.
*Chave cedida para análise