O nascimento de um clássico
A franquia Alien, surgiu em 1979 com o filme Alien: O Oitavo Passageiro. Trazendo uma obra de suspense, e uma pitadinha de terror com uma criatura extremamente poderosa, dentro de uma nave no meio do espaço, ou seja, não tinha para onde fugir.
O filme foi um sucesso, devido à qualidade da sua direção assinada por Ridley Scott. Além de ter ganhado o oscar de efeitos visuais! E, como era de se esperar, ganhou uma legião de fãs e por consequência, vieram não só continuações cinematográficas, como diversas outras obras para expandir o universo. Entre elas, os jogos! Então, 35 anos depois, surgiu Alien: Isolation! Um jogo que, tinha como intenção principal, passar a sensação de estar no primeiro filme, e ainda ser uma continuação ‘’direta’’ da trama.
Ou seja, veio pra engrandecer o universo do Xenomorfo mais famoso de todos os tempos! Mas, será que deu certo?
Lançado em 06/10/14, sendo desenvolvido pela Creative Assembly junto com a Feral Interactive e distribuído pela SEGA, para PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One, Pc e depois Nintendo Switch. Tratando-se de um jogo survivor horror, com muito suspense, um pouco de tiroteio, e câmera em primeira pessoa.
A mãe perdida
O jogo começa com Amanda Ripley, filha da Ellen Ripley (protagonista do primeiro filme). Ela está com a sua tripulação em busca da nave Nostromo, que era onde sua mãe estava viajando quando topou com o Xenomorfo. Porém, a Nostromo estava desaparecida à quinze anos (e por consequência, a Ellen também). Por isso, Amanda estava atrás da mãe e da nave.
Porém, tudo desanda e a nossa heroína se vê presa na estação Sevastopol. E agora, temos que arrumar uma solução para voltar até nossa nave e é ai, que o jogo começa de vez!

Fugir, esconder, e as vezes lutar
Como de costume por aqui, vamos iniciar com a porradaria presente em Alien: Isolation. E já adianto que confronto é pouco recomendado. Ripley não é uma combatente. Na verdade, ela é uma simples engenheira. Porém, isso é extremamente útil, já que ela pode criar vários apetrechos para se proteger!
Mas, estou me adiantando. Antes de tudo, Ripley possui movimentos básicos: andar, correr, se agachar e com isso entrar embaixo de mesas, podemos mirar e atirar tanto com armas de fogo, quanto arremessar (molotov, por exemplo). Além disso, podemos usar um rastreador que identifica inimigo (igual no segundo filme), e também é possível dar aquela espiadinha nos cantos para verificar a área.
Ripley também usa uma ferramenta para ataques físicos, mas lembrem-se, ela não é combatente. Por fim, ainda é possível usar os direcionais para trocar de arma, e usar a lanterna. Além disso, existem os kit médicos para recuperar a vida, e nos podemos criá-los. Minha dica é: tentem sempre ter três ou quatro kits prontos para uso, para não correr riscos.
Entretanto, o foco de Alien: Isolation é escapar. Sempre que possível devemos evitar o confronto, ficando abaixadas, andando em tubulações e nos escondendo em armários. Porque os recursos são suficientes, se você economizar. É bem fácil ficar no sufoco, caso você queira bancar a Mulher Maravilha.
Todavia, mesmo não sendo o foco, o combate funciona perfeitamente! O problema é que os inimigos são muito fortes. Mas mesmo com dificuldade, os ataques, tanto físico quanto os tiros, são bem divertidos. Eu acho que isso é proposital, para te incentivar a brigar e morrer. Não caiam na armadilha!

O inferno em Sevastopol
Juntamente com o combate, eu quero separar uma parte para falar dos inimigos desse jogo, que são um ponto totalmente a parte.
Em Alien: Isolation temos três tipos principais de inimigos: humanos saqueadores, armados e mal intencionados. Androides estragados, que são insuportáveis (sério), simplesmente não param de te perseguir quando te veem, e custam a morrer! E por fim, a grande estrela do jogo, o Alien (ou Xenomorfo, como você preferir). Os humanos e os Androides não tem mistério. Estão aqui para serem chatos e incomodar.
Porém, o Alien é o nosso perseguidor eterno nesse jogo, e basicamente toda a nossa movimentação tem que ser pensando nele! Sem exagero, essa é a melhor inteligência artificial que eu já vi na vida. Fez eu me sentir estúpido várias vezes! O Alien é extremamente forte (se ele te pegar é morte, sem direito ao choro), rápido, e não morre com nada. É a máquina de matar perfeita, o predador supremo, tal qual no filme.
Além disso, ele é capaz de armar armadilhas se escondendo no teto (fiquem atentos se virem uma gosma pingando do ‘’nada’’), fingir que foi embora pra você sair do armário, e depois voltar correndo para te estraçalhar, e inclusive, já ocorreu uma vez que ele, literalmente, me arrancou de dentro do armário. Fiquei em choque.
Mas, como passamos por ele? Então, como eu disse, Ripley pode criar vários apetrechos. Os mais úteis são as granadas atordoantes, as de fumaça e o criador de ruídos (esse principalmente, pois leva os inimigos até o som). Porém, ainda temos armas, como revólver, escopeta, lança-chamas e molotov. Vou confessar a vocês que Alien: Isolation é um jogo bem complicado.
Graças aos Androides que se recusam a morrer, e ao Alien, você vai passar por muitos perrengues e vai morrer muito! Porém, após a aquisição do lança-chamas, a batalha contra o Xenomorfo se equilibra (não tanto, mas o bastante para diminuir as mortes), então não desanimem! Os dias de glória chegam (glória no céu, de tanto que morremos).

O querido ”leva e traz”
Em seguida, vamos para o level design de Alien: Isolation. Aqui, nós temos o sistema de ‘’leva e traz’’. Aquele onde esbarramos em portas fechadas, e temos que encontrar senhas, equipamentos para passar. Lembra muito a série Resident Evil na verdade. E não tem segredo, existem maçaricos, ferramentas, sintonizadores de acesso, tudo para ou quebrar travas, ou invadir sistemas e liberar a passagem.
Além disso, o sintonizador de acesso possui alguns mini-games que devemos executar na hora, para completar a invasão, é bem legal. E inclusive, existem algumas invasões no meio do conflito, que nos deixam totalmente apreensivas!
Ou seja, o level design é muito bem feito. Com caminhos interligados, áreas opcionais (mesmo sendo um jogo de essência linear), além de alguns puzzles espalhados para testar a nossa mente. E não se esqueçam de recolher o mapa, porque isso atualiza o mapa atual da área em que estamos. E a visualização do mapa é essencial para o progresso.
Vale ressaltar que o ‘’leva e traz’’ é a essência da campanha. Praticamente nenhuma porta que encontramos, está aberta de primeira. E também, queria mencionar os save points do jogo que estão espalhados de forma bem feita. Com distância suficiente entre eles, para que, quando você morrer, se arrependa de não ter salvado quando teve chance.

A expansão do universo
Então, vamos falar do enredo desse suspense. Alien: Isolation se passa entre o primeiro e o segundo filme. E como eu expliquei, Amanda está atrás da mãe que desapareceu após enfrentar um Xenomorfo. O cerne da história na verdade, é simples. Somente escapar da Sevastopol. Porém, ai que vem o ‘’pulo do gato’’.
Aqui, nós temos uma expansão da lore da franquia, e ainda um aprofundamento da Amanda, que só é mencionada no segundo filme, brevemente. Mas, quem assiste não entende, e aqui eles tomaram a decisão certa de aprofundar nessa personagem e ainda dar um backstory totalmente crível para ela.
Além disso, nós descobrimos sobre conflitos daquela época, por exemplo, o contrabando de equipamentos médicos, e a briga das duas empresas de tecnologia: Weyland-Yutani e Seegson. E, sinceramente, Alien: Isolation soa como uma sequência da franquia e isso é ótimo.
Vale ressaltar também, que existem terminais na Sevastopol, e eles contam com arquivos de áudio e texto que engradecem tanto a história da estação em si, quanto a lore do universo de Alien. Realmente vale muito a pena tirar um tempo para ler e se inteirar, mesmo que não seja fã.
Nesse meio tempo, nós ainda conseguimos tomar uma simpatia enorme pela Amanda. Ela é corajosa (muito), decidida, brava (quando precisa), e disposta a ajudar a todos. É uma ótima protagonista que carrega a trama, e todas as dificuldades que ela passa, nos fazem querer seguir sempre em frente e ver o final dessa aventura cheia de tensão.

Um deleite para os fãs
Mas, e tecnicamente? Bom, Alien: Isolation se destaca em dois pontos para mim. Ambientação e trilha sonora.
A ambientação foi (junto com a IA do Alien) o que eu mais gostei nesse jogo. Eu que assisti aos filmes, fiquei assustado com a semelhança. O trabalho dos desenvolvedores beira a perfeição. Tudo muito bem detalhado, a iluminação incrível, tudo bem bonito, e a melhor parte, tudo bastante parecido com o primeiro filme (para não dizer exatamente igual). Um fanservice de primeira.
Ao mesmo tempo, a trilha sonora segue o mesmo capricho. Com um tom sombrio de solidão, ela nos traz uma tensão a todo o momento. Inclusive, a música de alerta, às vezes acaba com o nosso psicológico. Por exemplo, ela começa a tocar e você pensa: ‘’bom, tem coisa aqui’’. Ai você confere no radar, e não tem nada, ai você relaxa, mas a música não para, e logo depois o radar apita. Você confere, e nada de novo. Nisso seu coração já saiu pela boca. Sai apaixonado pela trilha, que já se destaca logo no menu inicial.
Agora, sobre performance, eu joguei no PS3 e tive duas quedas bruscas de FPS durante dois combates bem específicos (um deles com fumaça). Não foi o bastante para eu morrer. Agora, acredito que nas demais plataformas seja tranquilo também.

Sobrevivendo novamente
Pensaram que havia acabado? Pois se enganaram. Alien: Isolation possui um modo extra, chamado Modo Sobrevivência.
Na verdade, é simples. Entramos em mapas onde temos que concluir tarefas no menor tempo possível. Por exemplo, coletar dois cartões, formatar o sistema e trancar as escadas, tudo isso na correria. E no fim, existe um rankeamento online, onde podemos ver o tempo dos jogadores pelo mundo.
Mas se preparem, porque vai ter Alien, e vai ter gerenciamento de recursos. É a mesma experiência da campanha, porém com tempo limite, e em cenários diferentes do habitual.
Conclusão
Em síntese, Alien: Isolation é uma sequência incrível do primeiro filme. Sendo um deleite aos olhos dos fãs da franquia, e também aos amantes do survivor horror e do terror. Com uma protagonista decidida e inteligente, uma ambientação simplesmente perfeita, uma trilha absurdamente envolvente e o melhor e mais desafiador perseguidor já feito, esse jogo se torna obrigatório. Tanto para quem gosta da franquia, quanto para os que querem conhecer. Também é obrigatório para aqueles que gostam de morrer de várias maneiras diferentes (como eu, por exemplo).
Mas, lembrem-se: ”No espaço, ninguém pode te ouvir gritar”.